Segunda, 20 Mai 2024

Reação em cadeia

De nada adiantaram algumas manobras do governo Paulo Hartung para tentar apaziguar o funcionalismo estadual. Depois de quatro anos de arrocho salarial, fruto do austericismo hartunguiano, dos gastos exorbitantes com publicidade, e do caos nos serviços públicos, os 5% de reajuste concedidos recentemente aos servidores estão longe de funcionar como cala-boca em ano de eleição. 


Os servidores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Iema) aprovaram, nessa semana, a realização de protestos contra o que consideram descaso da gestão estadual em relação às categorias. 
 
Depois de um mês sem que o governo do Estado iniciasse uma negociação, os servidores do Incaper aprovaram uma agenda de atos e manifestações que vão pipocar nos próximos meses. Entre as reivindicações da categoria, que foram negadas pelo Estado, estão: revisão do plano de cargos e salários, concurso público, recomposição das perdas salariais, retomada do programa de pós-graduação, plano de saúde e regulamentação do auxílio-creche. 
 
Igualmente insatisfeitos estão os servidores do Iema, que realizam assembleia nessa terça-feira (29), convocada pelo sindicato da classe, o Sindipúblicos. Eles aprovaram uma paralisação para o Dia Mundial do Meio Ambiente, cinco de junho, próxima terça-feira, quando ocuparão as galerias da Assembleia Legislativa com faixas e distribuição de panfletos, para denunciar a situação de “coma induzido” a que foi submetida a autarquia e exigir providências por parte do legislativo. Uma petição também será entregue aos deputados, relatando detalhadamente as várias formas de ingerência da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama).
 
Recentemente, os policiais militares não perderam a oportunidade de protestar em duas solenidades com a participação do governo do Estado. E já avisaram: estão mobilizados para participar de todos os eventos públicos. A diretoria do Fundo de Amparo aos Militares Capixabas, diretores da Associação de Cabos e Soldados (ACS), e militares que respondem a procedimentos administrativos, em decorrência da greve de 2017, lutam pela anistia dos PM’s, negada por Hartung.



Todos esses eventos que estão ainda fervilhando são sinais claros da insatisfação do funcionalismo estadual e se somam a outras lutas que parecem adormecidas, mas estão registradas negativamente na memória dos servidores estaduais, prestes a explodir a qualquer momento. Como o não pagamento do retroativo do auxílio-alimentação, caso que está judicializado com sindicatos recorrendo a tribunais superiores, e os absurdos 18% de reajuste, em plena "crise", para a cúpula do Executivo, beneficiando o governador, o vice e secretários, além de carreiras já muito bem-remuneradas, como auditores fiscais e oficiais da PM, cujos salários estavam no abate-teto. 
 
Outras categorias também não se esquecem de suas bandeiras. É o caso dos defensores públicos e dos servidores do Tribunal de Justiça, únicos que nem os 5% de reajuste receberam. O projeto de lei enviado para Assembleia Legislativa é apenas para “inglês ver”. Continua parado, sem qualquer perspectiva de ser aprovado.



Com apoio dos movimentos sociais, novos protestos e manifestações estão ganhando corpo. E, ao que tudo indica, Hartung terá muito abacaxi para descascar em ano de eleição, que se desenha concorrida.



O batido marketing de "gestor exemplo" e "melhor governador do País", tão repetido no campo nacional e meio empresarial, está longe de fazer eco no Estado. A tendência, pelo contrário, é de reação em cadeia.

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