Sábado, 04 Mai 2024

Reação em cadeia

governador_casagrande_13_heliofilho_secom Hélio Filho/Secom
Hélio Filho/Secom

As mobilizações pela permanência de Tadeu Marino e Luiz Carlos Reblin na Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) na nova gestão do governador Renato Casagrande (PSB) agregam, além de grupo de médicos, servidores públicos. Nesta quarta-feira (14), o Coletivo Defensores do SUS, criado em 2018 e que representa 80 mil trabalhadores ativos e 40 mil aposentados, protocolou uma carta no Palácio da Fonte Grande, Centro de Vitória, endereçada a Casagrande, em que defende o sistema público de saúde e manifesta preocupação com a indicação de um nome do setor privado e corporativo para comandar a pasta. Como já analisado aqui na coluna, trata-se do ginecologista e obstetra Remegildo Gava Milanez, que também é empresário da área, uma articulação que ganhou força nos últimos dias, por agradar ao Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) e ao vice-governador, Ricardo Ferraço (PSDB), o supersecretário do governador. O documento aponta que Remegildo é representante do grupo Athena Sudeste, "responsável pela aquisição de vários hospitais e clínicas particulares e até mesmo de um plano de saúde, em vários estados da federação", enquanto Tadeu e Reblin são "gestores qualificados e sintonizados com as demandas do Sistema Único de Saúde". Também alerta a Casagrande sobre as ameaças ao SUS, "tão atacado e vilipendiado pelos setores conservadores, retrógrados e fascistas do nosso país", e o risco de retrocesso no trabalho realizado no Estado nos últimos quatro anos, fortalecido ainda mais na pandemia da Covid-19. "É patente que o setor privado quer lucrar com o adoecimento e não com a saúde, quer lucrar com as consultas especializadas, quer lucrar com os exames, quer lucrar com os remédios, quer colocar um preço na vida, mas a vida humana senhor governador, e ela não tem preço, é impagável. O senhor foi eleito para defender a vida do povo capixaba", cobra o coletivo que, com a carta, abre uma campanha pública, que deverá agregar ainda outras entidades e conselhos profissionais. A reação contra a indicação de Remegildo, como se vê, tem sido em cadeia.

Pontos essenciais
Outros trechos da carta apontam: o próximo secretário, "antes de tudo, deve estar comprometido, na sua trajetória, com os princípios e diretrizes do SUS, e mais uma vez, ter empatia e respeito com a vida dos seus"; a condução da política de saúde do nosso povo deve ser delegada aos mais qualificados, mas sobretudo aos mais éticos; e "a saúde de um povo tem de ser a 'joia da coroa', o bem supremo e o objetivo maior de qualquer governante sério".

Pontos essenciais II
Também destacam como imprescindível "conhecer a 'máquina' pública por dentro, ter ajudado a resolver situações complexas de saúde, saber dialogar com a sua equipe de governo, conhecer a fundo os instrumentos e equipamentos que possui".

Perfil
Sobre Tadeu Marino, além de o Coletivo considerar que ele atende a todas essas prioridades, acrescenta que é "experiente no setor público e já demonstrou sua capacidade de governar a Sesa de forma a atender às necessidades da população capixaba, trabalhando em sintonia e cooperação com os 78 municípios capixabas e com os trabalhadores e gestores da saúde".

Outras frentes
O próximo passo, como informa a representante do Sindicato dos Trabalhadores e Servidores Públicos do Estado (Sindipúblicos) no Coletivo Defensores do SUS, Magna Nery Manoeli, é acionar os parlamentares eleitos para reforçar a mobilização junto ao governador. Principalmente aqueles que assinaram a "Carta aberta aos Defensores do SUS", se comprometendo com o fortalecimento do sistema público de saúde.

Outras frentes II
Entre esses nomes, estão as deputadas eleitas Janete de Sá, do partido de Casagrande, Iriny Lopes (PT) e Camila Valadão (Psol), e o deputado João Coser (PT).

Mobilização
Nesta semana, também foi criado um abaixo-assinado, pelo Coletivo Convergência Democrática Brasil, suprapartidário, "em defesa da democracia, das instituições e do SUS". O grupo considera um "inafastável conflito de interesses" nomear um empresário do setor privado na Secretaria de Estado da Saúde. "A iniciativa privada nunca competiu com o SUS mas, ao contrário, sempre buscou se beneficiar de seu insuficiente porém enorme orçamento".

'Líder'
Dirigindo-se a Casagrande, defende "alguém verdadeiramente comprometido com o SUS, em sintonia com os princípios de universalidade, equidade, integralidade, igualdade, gratuidade, participação da comunidade, princípios consagrados na Constituição em harmonia com as aspirações da sociedade e dos trabalhadores da saúde. Esse é um lugar para quem dialogue com todos inclusive com os detentores de mandatos eletivos". Na sequência, indica que "esse líder é o médico pediatra, servidor público, Dr. José Tadeu Marino".

Em campo
A iniciativa corrobora, como tratei na coluna nessa segunda-feira (12), o movimento protagonizado por mais de 1,5 mil médicos que apoiaram a reeleição de Renato Casagrande, com o lançamento de um manifesto e também campanhas nas ruas. Estão em campo pela manutenção do atual secretário interino.

Outro lado
Para além da questão de representar e empreender no setor privado, Regemildo é indicação do presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-ES), Fabrício Gaburro, apoiador e financiador da candidatura bolsonarista e de oposição de Carlos Manato (PL). O próprio conselho também é responsável por sucessivos desgastes à atual gestão e ao secretário Nésio Fernandes, que está de saída da Sesa.

Nas redes
"Depois de termos durante a pandemia milhares de mortes evitáveis, é inaceitável que o Ministério da Saúde seja rifado. Aguardamos o anúncio de Nísia Trindade como como ministra da Saúde, por sua competência técnica e seu compromisso com o SUS". Ethel Maciel, epidemiologista e professora da Ufes, sobre movimento semelhante na área nacional.

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Articulações para escolha do secretário da Saúde geram reações e impulsionam movimento em defesa da permanência de Tadeu Marino e Reblin
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Comentários: 1

baadr em Quinta, 22 Dezembro 2022 07:42

trabalhei num hospital publico com carga horaria de 30 horas semanais, agora, privatizado, exigem 44 horas para mesma funçao. é isso.

trabalhei num hospital publico com carga horaria de 30 horas semanais, agora, privatizado, exigem 44 horas para mesma funçao. é isso.
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