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Bloco dos descontentes

O governador Paulo Hartung (PMDB) não tem problema com a Assembleia. Continua aprovando os projetos que precisa, talvez com um pouco mais de gasto de energia por parte da liderança, mas, no final das contas, consegue. Mas aquele clima de unanimidade de seus governos anteriores, esse parece que não volta mais.
 
Não dá para dizer que existe um partido de oposição genuína na Casa, nem o PSB, partido do ex-governador Renato Casagrande, principal desafeto de Hartung não é exatamente um partido que se comporta como oposicionista do governador. Mas o bloco dos descontentes segue incomodando na Casa.
 
Alguns são membros de carteirinha, como o deputado Sérgio Majeski (PSDB) e outros fazem críticas esporádicas como o deputado Padre Honório (PT). Recentemente o grupo tem ganhado o estrondoso reforço de José Esmeraldo (PMDB), que não anda nada satisfeito com a movimentação de alguns secretários estaduais de olho em 2018.
 
Quando assumiu o governo em 2003, sob o pretexto de combater os desmandos no Estado, Hartung conseguiu colocar em sua barca todas as instituições e partidos do Estado em um grande arranjo político para “reconstruir” o Espírito Santo. Isso lhe garantiu oito anos de governo de uma unanimidade política baseada em um maniqueísmo impossível de ser superado.
 
Hartung ficou na planície por quatro anos e em seu retorno, está percebendo que as coisas mudaram. O fortalecimento das redes sociais não evita desgastes e críticas. O controle rígido da mídia não já não tem mais o mesmo efeito dos mandatos anteriores. A pressão sobre os presidentes de partidos, com agrados, acomodações e ordens também já não mantêm a classe política sob seu domínio e nem todos os membros dos demais poderes estão dispostos a jogar o jogo do Executivo.
 
Se o clima político já não favorecia esse tipo de controle, os desgastes da imagem do governador de fevereiro para cá também não ajudam. É claro que Hartung ainda é a principal liderança do Estado e grande parte da classe política ainda espera seus movimentos para saber como se acomodar para o próximo ano.
 
Mas esse movimento da classe política hoje é feito com mais cuidado, afinal ficar tão perto do governador já não é tanta vantagem. A liderança que mais se fortaleceu nos últimos anos, o deputado estadual Sérgio Majeski conseguiu isso enfrentando o governador, criticando suas políticas sociais e, diferentemente de outros tempos, continua politicamente viva.
 
Hoje é Hartung que enfrenta problemas para escolher o melhor espaço para a disputa do próximo ano. Se no passado ele escolhia até os adversários – como aconteceu em 2006, em que Max Filho foi rifado da cabeça de chapa e Sérgio Vidigal disputou de forma protocolar a eleição ao governo –, hoje ele não consegue nem tirar um dos nomes da disputa ao Senado para se acomodar. As coisas mudaram!
 
Fragmentos:
 
1 – No encontro do PSB, o deputado estadual Theodorico Ferraço (DEM) classificou como “massacre” a vitória do prefeito Victor Coelho (PSB) sobre o candidato que o demista apoiou Jathir Moreira (SD) na eleição de 2016, em Cachoeiro de Itapemirim. O socialista conseguiu na disputa 59.377 mil votos contra 24.594 do aliado de Ferração.  
 
2 – O deputado foi só elogios ao prefeito, que tem seu apoio após a disputa. Disse que vai receber o apoio para arrumar a casa depois de oito anos, se referindo à gestão do petista Carlos Casteglione. Ferraço disse que o prefeito tem conseguido uma boa gestão com uma fala mansa e um jeito de “come quieto”.
 
3 – Uma tropa de choque acompanhou o secretário de Obras e Transportes, Paulo Ruy Carnelli, à Assembleia na manhã desta segunda-feira (29), mas não foi preciso qualquer tipo de defesa. O secretário estava bem à vontade e não sofreu qualquer pressão.

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