As articulações em torno da formação de chapas para a disputa à Câmara Federal demonstram que ainda está longe a prática da política com pelo menos um mínimo de ideologia.
Não é sem motivo que a classe política brasileira muda de um lado para outro sem qualquer tipo de constrangimento, ao sabor dos ventos favoráveis, para possibilitar a cada integrante a garantia de seu círculo de poder.
A troca de partidos, facilitada pela chamada “janela partidária”, possibilita a arrumação em siglas formadas com o objetivo totalmente opostos a partidos fundamentados em princípios rígidos, num sistema viciado em que até mesmo as agremiações históricas se perdem.
No quadro partidário capixaba nas eleições desse ano, algumas mudanças surpreendem, outras, nem tanto, porque carregam a marca do vai-e-vem de interesses particulares ou corporativos que os distancia da sociedade que representa.
Algumas dessas mudanças se destacam, como a do deputado federal Givaldo Vieira, que se filia ao PCdoB, com a mesma linha ideológica do PT, seu partido anterior. Muitas outras poderiam ser citadas, a maioria sem qualquer tipo de conceito político firmado.
Com o conceito de ideologia política encoberto, o cenário permanece sem participação efetiva da população, levada de roldão por mensagens midiáticas manipuladoras.
As articulações que se formam nesse ano no Espírito Santo, como no restante do País, impedem o surgimento de novos quadros, e, desse modo, reduzem o nível de renovação somente alcançado por meio de um processo mais democrático.
Assim, o contexto tende a ser sempre repetitivo, com velhos atores aparecendo em cena, devidamente maquiados, mantendo, porém, velhas práticas políticas. .
Nesse perfil se encaixam muitos postulantes à Câmara Federal e ao governo do Estado, preocupados na perpetuação no poder, sem dar lugar para o aparecimento do novo.