O governo do Estado tenta convencer os deputados a aprovarem um projeto de lei que repassa diretamente para os municípios recursos por meio do Fundo de Desenvolvimento. Uma medida que vem sendo vendida como uma compensação pelas perdas de recursos federais.
Mas a questão é fundamentalmente política. Os deputados temem que com o projeto, percam seu poder de barganha. É que os parlamentares, sobretudo do interior, trabalham como “atravessadores” de recursos e ganham com isso prestígio com a base e garantia de rebanho para as eleições.
Uma manobra que em tempos passados seria impensável. Imagine se no governo Paulo Hartung havia os deputados querendo que o governador explique o que quer com um projeto. Por parte do governo do Estado também não há esse sentimento de amor ao próximo, não.
Com o governador sofrendo desgaste atrás de desgaste desde que chegou ao governo, a criação do fundo favorece, sobretudo os municípios com menos de 20 mil habitantes, maioria no Estado, e traz para o palanque do governador o apoio qualificado dos prefeitos. Os melhores indutores de votos.
Essa união deixa em polvorosa os deputados, que já estão com a corda no pescoço devido aos desgastes que vem sofrendo, da perda de espaço e das incertezas sobre o cenário eleitoral no próximo ano. Negociar os recursos para os municípios sempre foi um mecanismo utilizado pelos parlamentares para garantirem o fortalecimento de suas imagens no interior.
Sem esse espaço de barganha política, como vão os parlamentares garantirem suas reeleições em um cenário tão adverso. O projeto inverte a ordem que se desenhava. Se antes, o governador dependia do trabalho dos deputados em suas bases para conseguir os votos que precisa em 2014, agora são os deputados que vão a reboque do governador nos municípios.
Fragmentos:
1 – E a campanha pela presidência do PT está correndo a boca miúda. De olho no processo do próximo ano e tentando convencer a militância do caminho a seguir. São três candidatos e três propostas. Cada uma levará a um caminho diferente em 2014.
2 – O clima entre o secretário de Segurança, André Garcia e a Polícia Civil não está nada bom. Mas um erro estratégico do governo do Estado em relação aos protestos de rua.
3 – Seguindo a tradição canela-verde, a cidade já está se virando contra o prefeito Rodney Miranda (DEM). O movimento não vem do grupo antecessor e sim de setores que o apoiaram na campanha, como os professores.