O clima de rivalidade criado após a eleição presidencial de 2014, alimentado pelas muitas fases da Operação Lava Jato, tem causado cada vez mais prejuízos à imagem da classe política brasileira. Delação após delação, a situação das grandes lideranças se complica cada vez mais. Quem se achava eleito para 2018 pode chegar ao processo eleitoral sem condições de encarar as ruas.
Há um bom tempo se falava em a lama chegar ao Espírito Santo, demorou, mas chegou, e demoliu um punhado de imagens ilibadas e muitos projetos para 2018 tiveram suas rotas alteradas e a lista de gente citada nas planilhas das empresas financiadoras de campanha é longa. E olha que até agora só se conhece as delações da Odebrecht e alguma coisa da JBS.
Em nível nacional, já se especula sobre a possibilidade de a disputa presidencial se dar entre lideranças não esperadas. O PT parece mesmo que vai apostar todas as suas fichas em Lula, ignorando o índice de rejeição altíssimo do ex-presidente.
O deputado Jair Bolsonaro (PSC) com seu discurso artificial está confiando demais em um discurso conservador que pode ser desconstruído com qualquer deslize; e o PSDB com Aécio Neves praticamente fora do páreo e Geraldo Alckmin enrolado em denúncias pode apostar na tão artificial quanto figura do prefeito de Vitória João Dória. Equívocos por todos os lados.
No Estado, o governador Paulo Hartung (PMDB) e o ex-governador Renato Casagrande (PSB) são esperados para uma revanche de 2014, mas os estragos com as delações de ex-executivos da Odebrecht às imagens de ambos deixam o clima bem diferente daquela última disputa. Embora não seja de interesse de nenhum dos dois tocar no assunto, haverá sempre os descontentes com os dois lados para relembrar a história, mostrando a semelhança de atuação das duas principais lideranças políticas, além do senador Ricardo Ferraço (PSDB), deputados e ex-deputados federais, prefeitos e deputados estaduais.
Para muita gente, o ideal seria pular essa disputa de 2018 e ir direto para de 2022, quando o cenário será outro e o ciclo político de lideranças experientes chegaria ao fim. Além disso, até lá, os efeitos da Lava Jato já podem ter passado e o clima político restabelecido.