Segunda, 13 Mai 2024

Dividir para conquistar

Em 2005, um movimento organizado fez barulho na Assembleia Legislativa em favor da emancipação do balneário de Santa Cruz, em Aracruz. O principal defensor do projeto, na época, era o deputado do município, Heraldo Musso.



O tempo passou e no ano seguinte a proibição federal da criação de novos municípios encerrou o assunto. Ou melhor, adormeceu. Nos escaninhos da Assembleia permaneceram embernando os pedidos de emancipação de várias localidades no Estado. Naquela época eram 14 distritos que pretendiam se desmembrar de seus municípios sedes e gritar independência.



Além de Santa Cruz, queriam emancipação política Pequiá (Iuna), Paulista (Barra de São Francisco), Piaçu (Muniz Freire), Campo Grande (Cariacica), Carapina (Serra), Pedra Azul (Domingos Martins), Itaoca (Cachoeiro de Itapemirim), Itaipava (Itapemirim), Ibituba (Baixo Guandu), Braço do Rio (Conceição da Barra), Bebedouro (Linhares), Nestor Gomes e Ilha de Guriri (São Mateus).



Agora, deputados em busca de novos territórios para ampliar suas bases políticas querem reabrir os processos, permitindo a emancipação de novos municípios. A ideia parece absurda se analisada as conjunturas política e econômica atual do Estado.



Enquanto lideranças políticas e da sociedade civil organizada cobram a efetivação da Região Metropolitana, para tentar unir os municípios que a compõem na busca de soluções conjuntas para problemas comuns, em outros casos, os interesses político se baseiam na máxima de dividir para conquistar.



Novos municípios demandarão novas estruturas administrativas, novos prefeitos, novos vereadores, novos secretários, a aparelhagem da máquina. O Estado, de pires na mão, tenta compensar os 78  municípios que já têm perdas de recursos, resultantes das sucessivas derrotas em Brasília. São 12 pedidos de emancipação política reabertos na Assembleia. Se está difícil dividir para 78, imagina para 90? Reabertos, aliás, por conta do interesse político do presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM), em ampliar seus domínios no sul do Estado, enfraquecendo os adversários que o derrotaram na eleição passada.



Um governo baseado na unanimidade, que prega união o tempo todo, não deve permitir que o Estado enfraqueça ainda mais suas unidades. Os interesses políticos não se importam com o interesse da população, que talvez, nem saiba que seu município pode mudar de nome.



Em vez de incentivar a divisão do Estado, deve a classe política buscar formas de efetivar a Região Metropolitana, onde está mais da metade da população capixaba e os maiores problemas de infraestrutura e sociais do Estado. Em vez de dividir, não seria melhor pregar a unidade?

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