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Educação não é gasto

A capital do Estado, Vitória, sedia nestas quinta e sexta-feiras (26) um dos mais importantes eventos sobre o cenário da educação superior no País. Pela primeira vez, depois das investidas desastrosas do governo federal no setor, reitores de universidades e institutos federais se reúnem para a 177ª Reunião Ordinária do Conselho Pleno da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). 

Entre os temas, o atual panorama financeiro da União e a elaboração de propostas para submissão ao Ministério da Educação (MEC) e ao Congresso Nacional. A pretensão dos dirigentes dessas instituições de ensino é encontrar soluções capazes de reduzir os efeitos devastadores provocados pelo corte de 30% nos recursos do ensino superior, além de outras medidas altamente desfavoráveis à área como um todo. 

O presidente da Andifes, Reinaldo Centoducante, reitor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), vem externando posicionamento contrário ao corte de verbas pelo governo federal, adotado dentro de uma visão retrógrada e autoritária, sem deixar margem para um debate com representantes da sociedade, sob a justificativa de que é necessário reduzir gastos. 

Ocorre que educação não pode ser vista como gasto e sim com um investimento imprescindível ao desenvolvimento de uma nação, o que pode ser comprovado facilmente observando-se sociedades prósperas do ponto de vista socioeconômico e cultural. Nessas comunidades, a população se mostra mais qualificada para o debate sobre os caminhos a serem percorridos, de forma independente, exercendo o pensamento crítico livremente e apta para exigir direitos de forma consciente.  

Reside nesse aspecto, sem dúvida, o principal motivo do tratamento dado à área educacional no país, do ensino médio ao superior, por conta de ações para sufocar o debate democrático e legitimar ações que abrem o caminho à privatização do ensino. 

Não foi à toa que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, violou a autonomia de reitores a mudar critérios para nomeação de dirigentes universitários. O ministro e o próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, dão o tom do nível da democracia que cultivam, ao tentarem justificar medidas autoritárias desse tipo: tacham as universidades como núcleos da esquerda e decidem submeter nomes de prováveis reitores à Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a central de espionagem do governo.  

A transformação do perfil universitário, atualmente com a maioria formada por jovens negros e de camadas mais pobres da população, também pesa na balança. Hoje em minoria, a elite resiste e busca meios para mudar o quadro, que viabiliza oportunidades à parte da população massacrada historicamente pelos privilegiados detentores do poder. 

O debate entre os reitores, certamente, deverá levar à sociedade pontos obscuros de atos do governo ainda não muito bem explicados, como também a reforma da Previdência, entre tantos outros que necessitam de um debate amplo e transparente, para que se ache a saída desse poço que parece não ter fundo. 

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