A semana foi marcada pelo destaque de duas das três lideranças cotadas para a disputa ao Palácio Anchieta em 2014. A imprensa corporativa, que ainda não cortou o cordão umbilical com o governo passado, também já escolheu seu lado e a disputa para o pleito do próximo ano parece ter sido antecipada no campo político. Mas será que esta disputa vai realmente acontecer no ano que vem?
Casagrande começou muito bem a semana com a aprovação do projeto do Fundo de Desenvolvimento dos Municípios pela Assembleia Legislativa. Nos meios políticos houve um zum-zum-zum de que a ideia de que o projeto diminuiria o poder de barganha dos deputados estaduais teria partido do presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM). Tudo para desestabilizar Casagrande na Assembleia, de olho nas movimentações do filho, o senador Ricardo Ferraço (PMDB) para 2014.
Sem conseguir manter essa ideia depois do encontro do governador com os parlamentares e sob pressão dos prefeitos, Ferraço recuou, mas tentou emplacar emendas que tornariam o projeto inconstitucional. Também não deu certo.
Ricardo Ferraço ganhou uma visibilidade enorme com o que chamou de operação para resgatar o senador boliviano Roger Molina e trazê-lo para o Brasil. O problema é que a movimentação causou um incidente internacional que pode trazer problemas diplomáticos com a Bolívia. E mesmo diante do erro, Ferraço insiste em defender sua operação, levantando uma bandeira humanística que não lhe cai bem.
A sorte de Ferraço é que parte da imprensa do Estado continua defendendo sua atuação, mesmo sabendo que essa atitude poderá prejudicar muito o Brasil e, evidentemente, o Espírito Santo no cenário nacional.
É clara a disputa de espaço político entre essas duas lideranças. Casagrande tenta aumentar seu poder político se fortalecendo com a base e com os prefeitos, que cada vez mais se tornam dependentes do governo do Estado. Ricardo tenta ganhar visibilidade e desestabilizar Casagrande, demonstrando interesse em seu lugar.
Mas Ricardo não fala em candidatura ao governo, até porque a essa distancia da eleição, não seria uma atitude inteligente. Seus movimentos são para limpar o campo e para que se fortaleça como uma grande liderança do Estado. Diante da fragilidade de uma candidatura de Paulo Hartung, que está sem mandato, o grupo precisa se movimentar para não afundar na planície.
O problema é saber se Ferraço vai conseguir manter essa imagem de herói dos direitos humanos defendendo um senador acusado de corrupção e envolvimento com narcotráfico. Seus movimentos são de quem é candidatíssimo, mas se disputar a eleição e tiver menos votos que Magno Malta (PR) compromete sua reeleição em 2018, por isso, as dúvidas.
Casagrande também tem seus problemas, aliás, a coluna já falou exaustivamente deles. Precisa melhorar a relação com a população, dar respostas à área social e imprimir uma marca de seu primeiro mandato. Mas ele tem a máquina. Ferraço parece agir sem pensar e Casagrande não sabe lidar com o contraditório que vem das ruas. Esses problemas em um período eleitoral podem muito bem ser explorados.