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Mau negócio

Até 2012, a política capixaba foi um excelente negócio para a Odebrecht. Com um único agente político, Paulo Hartung (PMDB), comandando o cenário, era fácil decidir os rumos eleitorais, quais as apostas da empresa e, de quebra, as oportunidades que se abririam para a empresa no Estado. Mas a unanimidade deu sinais de racha na disputa municipal.

Renato Casagrande (PSB) era parte da unanimidade, mas uma vez com a caneta na mão e sentado na cadeira de governador, parece ter entendido que ele é quem deveria dar as cartas. Isso fica subentendido na delação de Sérgio Neves, executivo da Odebrecht, quando afirma que Casagrande o procurou querendo receber os mesmos recursos que Hartung para a campanha eleitoral.

Ali já se desenhava a polarização que se efetivou na disputa de 2014. Agora a Odebrecht tinha um problema. Teria que negociar com duas lideranças que digladiavam pelo poder no Estado. A política capixaba deixa, então, de ser um bom negócio para a empresa. Duas lideranças, cada uma com seus aliados, disputando eleições em pé de igualdade.

Não daria para arriscar uma aposta, era preciso apostar igualmente nas duas lideranças, para que o compromisso de reciprocidade fosse mantido, independentemente de quem vencesse. Mas pelo teor das delações, a empresa parecia ter mais carisma por Hartung do que por Casagrande. Não se sabe se porque ele melou um negócio da Odebrecht na Serra, em 2013, ou porque Hartung tinha mais informações e disposição para atender o grupo.

O fato é que Hartung venceu e deveria reunir novamente aquele cenário de facilidade que a Odebrecht encontrava no Estado, e, finalmente, efetivar os negócios já conversados no passado. O problema é que Hartung não conseguiu reunir novamente a unanimidade, a empresa entrou no Lava Jato, e os executivos para salvar suas peles, entregaram o jogo que era esquematizado no Espírito Santo.

A reflexão que fica para o feriado é: será que a coisa para na Odebrecht?

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