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​O dia seguinte para Bolsonaro

Cabe ao STF e às ruas o papel importante a fim de parar o neofascismo de Bolsonaro

Qualquer que seja a avaliação das manifestações deste 7 de setembro, Bolsonaro não sairá bem na foto da história e o Brasil não será o mesmo a partir desta quarta-feira (8). A demonstração de força não ocorreu como se esperava, apesar de turbinada por muito dinheiro e da sustentação de setores da máquina pública. Pelo que se viu, o fosso da crise será aprofundado com a atuação de alas neofascistas que estão no poder – e no seu entorno -, para onde foram levadas pela elite, hoje arrependida e em busca de outro caminho, que pode ser chamado também de terceira via para as eleições de 2022, até então difícil de achar.

O isolamento de Bolsonaro, já configurado pelo afastamento de importantes parcelas do empresariado e da classe política, sedimentará o caminho para sua queda até mesmo antes das eleições de 2022. Pelos seus ataques às instituições e à democracia, ele deveria não apenas ser afastado, mas, isso sim, preso. Está na hora de o Supremo Tribunal Federal (STF) assumir suas responsabilidades e não recuar diante da onda neofascista.

Nesse contexto, a esquerda tem um papel fundamental no protagonismo das manifestações, e não como coadjuvante, organizando-se e formando núcleos capazes de movimentar todos os setores da sociedade. É extremamente necessário que isso ocorra, a fim de manter as instituições alertas para a urgência de agir contra o golpismo pretendido e considerando, principalmente, que Bolsonaro não age sozinho. Segue a trajetória da extrema direita mundial, comandada pelo estadunidense Steve Branon, capataz do ex-presidente Donald Trump.

O protagonismo é das forças de oposição, que não podem ser coadjuvantes, como ocorreu agora em várias cidades. Bolsonaro apostou no tudo ou nada, já que não lhe resta mais nenhuma alternativa capaz de segurá-lo no cargo. Para tanto, turbinou com muito dinheiro os preparativos para as manifestações deste dia 7, concentrando os esforços para levar multidões à avenida Paulista, em São Paulo, e em Brasília.

Contou com o apoio de militares e milicianos, sempre a postos para tocar fogo no circo, seguindo à risca as ordens do chefe, que diz ser melhor comprar fuzil do que feijão, e de uma horda de evangélicos protagonizando cenas ridículas que nada têm com os ensinamentos do Cristo que dizem seguir. Ajoelhados e cobertos pela Bandeira Brasileira, cantavam cânticos de louvor, pedindo “Deus, salve esta nação”, colocando-se ao lado de um governo responsável por destruir o Brasil e empobrecer o seu povo.

Não à toa, caravanas de ônibus lotados partiram de Vitória, Cariacica, Vila Velha e de outras cidades para Brasília, como parte da estratégia visando concentrar na Capital Federal um volume de pessoas que pudesse representar aumento do número de apoiadores, em baixa acentuada, e, desse modo, agregar setores das Forças Armadas que ainda não decidiram se vale a pena entrar de vez na aventura do autogolpe pretendido por Bolsonaro.

A partir desta quarta-feira, o Brasil saberá qual o caminho que lhe está reservado até as eleições de 2022. As alas de resistência ao neofascismo encontrarão dificuldades pela frente, além das históricas divisões internas, amplamente desfavoráveis ao movimento. Não contam com espaços na mídia comercial, cujo conteúdo veiculado bate na tecla do conservadorismo, embora muitas vezes pareça oposição.

As menções ao ex-presidente Lula, quando inocentado pela Justiça, não são suficientes para sustentá-lo como o mais forte nome, no cenário atual, para derrotar Bolsonaro nas urnas. Elas não são suficientes para sedimentar suas propostas junto ao eleitorado. A chamada terceira via fala mais alto.

São os que entendem que é preciso que tudo mude para que nada mude, aliás, como disse o próprio Bolsonaro na campanha de 2018. Ou não foi assim? Um das suas bandeiras, o combate à corrupção, fica a cada dia mais distante com os escândalos revelados na CPI da Covid e em processo judiciais envolvendo sua família.

O crescimento da onda neofascista precisa ser contido, para que o Brasil atravesse essa fase turbulenta, como nunca se viu. De outra forma, o neofascismo que é acolhido em igrejas e em quartéis poderá desaguar em mais fome, miséria e pobreza. Bolsonaro se sustenta na guerra, como seus chefes do império do norte, e se opõe a tudo o que se chama Deus, embora pareça o contrário.

É o homem do engano, que abomina a fé, a esperança e o amor, sentimentos presentes na pedagogia criada pelo educador Paulo Freire, retirados de textos bíblicos, contrários a procedimentos fascistas que exaltam a desigualdade, o preconceito, a tortura e a morte, em nome de Deus. É urgente que ele seja afastado do poder.

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