Operação abafa
Enquanto faz mil e uma costuras com a base aliada para manter seu palanque de reeleição, de preferência único no Estado, o governador Renato Casagrande corre um risco que pode vir de dentro de casa.
A insatisfação de várias categorias do serviço público já foi compreendida pelo mercado político, tanto que os próprios deputados estaduais buscam uma forma de encaixar o discurso de apoio aos servidores, sem, é claro, entrar em atrito com o Palácio Anchieta.
Além de oferecer um reajuste bem abaixo da inflação (4%) e dois meses depois do habitual mês de negociação, o governo apresentou uma justificativa que definitivamente não convenceu o funcionalismo. O discurso das perdas de recursos federais esbarra na farra dos incentivos fiscais, por isso se esvazia.
Os servidores foram às ruas, alertando a população para o que vem acontecendo no governo e, apesar de parte da mídia tentar abafar o caso, essa insatisfação vai além da questão do reajuste. Se o governo não conseguir criar uma relação mais amigável com os servidores, pode se complicar.
Não basta ter apoio político se as categorias começarem a paralisar as atividades, evidentemente a população vai sentir os efeitos desse impasse e aí o governo pode ser cobrado de uma conta pode se tornar impagável.
E vai pagar também pela situação na Assembleia. A Casa quer dar reajuste aos seus funcionários, mas a submissão impede que faça isso sem as bênçãos palacianas. O governo que já vem recebendo críticas de alguns deputados por conta da novela dos 11.98%, agora a questão do funcionalismo da Assembleia e do Estado vem ganhando corpo na discussão do plenário.
Os deputados lembram a falta de isonomia no tratamento entre os poderes, já que os projetos do Ministério Público e do Judiciário são aprovados sem discussão e a toque de caixa, mas quando o assunto é servidor, a conversa é diferente. Este é um incêndio que o governador terá de apagar para o bem de seu palanque de reeleição.
Fragmentos:
1 – Em Santa Leopoldina é melhor ser gari do que professor. O gari ganha R$ 2,5 mil e o professor entre R$ 900 e R$ 1,2 mil. Duas categorias muito importantes para a sociedade. Justíssimo o salário de quem mantém a limpeza e o asseio da cidade, mas não dava para valorizar um pouquinho mais quem cuida da educação dos filhos da terra?
2 – Agora dá para entender por que o presidente da Assembleia Theodorico Ferraço (DEM) fez o que podia e o que não podia para evitar o retorno de Euclério Sampaio (PDT) ao legislativo.
3 – Em poucos meses na Casa, o deputado já conseguiu mexer com os ânimos do experiente Ferraço. Mas que as sessões da Assembleia estão mais animadas, isso ele não pode negar.
Veja mais notícias sobre Colunas.
Comentários: