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Ora ficar rico

É uma surpresa: desde que foi afastada da presidência da República, Dilma Rousseff ficou mais solta e articulada, deixando nitidamente à vista a impressão de que o poder não corrói apenas o caráter das pessoas, mas interfere no seu discernimento e afeta sua lucidez.
 
Sim, é cedo demais para concluir que o empicho lhe fez bem, mas uma coisa é certa: a poderosa senhora das Alterosas é mais esperta fora do que dentro do Palácio do Planalto, onde teve momentos/ocasiões de suprema arrogância, “virtude” também exibida por Fernando Collor em seus tempos de presidente (1990-1992).
 
A soberba presidencial parece ser vício inerente ao cargo, doença transmitida talvez pela faixa verde-amarela, o crachá supremo que todos devíamos respeitar como o símbolo máximo da delegação popular.
 
Fernando Henrique Cardoso e Lula, que ficaram oito anos na presidência, rivalizam em arrogância, como se a glória da reeleição lhes outorgasse o direito de presumir-se melhores do que a maioria dos políticos, empresários e magistrados deste país.
 
Eduardo Cunha, Joaquim Barbosa, Benjamin Steinbruch, Eike Batista, Jorge Gerdau et allii: nunca neste país houve tantos egos exacerbados. A inflação de egos doentes pelo poder inunda todos os campos de atividades. 
 
Campos de futebol, cenários de TV, palcos de teatro… A cada artista veterano levado pelos anjos e demônios da Morte – o último foi Cauby Peixoto, uma de nossas vozes mais poderosas –, brotam em cena novos egos inflados pelo tititi impudente da mídia paparazza.
 
Ratinho, Gugu, Xuxa, Ronaldo Nine, Neymar, Dunga: estamos bem de celebridades rasas, dessas que vomitam abobrinhas mal digeridas. Bem comparando, Dilma é uma gênia perto dessas figuras que reinam na TV, tão brilhantes ao contrário que seu próprio nome se apaga automaticamente de nossa memória.
 
Temporariamente de estilingue na mão, a presidenta eleita ficou à vontade para jogar mercadoria podre na vidraça do vice alçado ao cargo dela, onde MIchel Temer está ladeado por figuras impares do seu partido, o PMDB. Na presidência do Senado, Renan Calheiros faz malabarismos para se equilibrar sobre o telhado da república. Na Câmara, Eduardo Cunha está entre a cassação parlamentar e a prisão por gerenciar um cofre de propinas.
 
Antes de perder a esperança, onde poderemos procurar uma referência que nos sirva de alento e consolo? Se não for Dilma, quem será? Não há de ser o técnico Tite, naturalmente. Lula parece estar perdendo o gás. Marina Silva? Não sobe nem com balão de oxigênio.
 
Acaso o juiz paranaense Sérgio Moro será o novo homem-modelo da república? Um cara modesto, livre da arrogância que caracteriza a absoluta maioria dos homens públicos do Brasil? Antes de achar a saída, precisamos (de tempo para) compreender por que a maioria dos brasileiros fez da busca do dinheiro e da fama um ideal de vida.  
 
LEMBRETE DE OCASIÃO
 
“Pobrecito mi patron/piensa que el pobre soy yo”
 
Versos de Facundo Cabral (1937-2011), compositor argentino

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