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PH voltou pro jogo

Até Paulo Hartung decidir pôr a máquina do governo para jambrar – engrenando-a ao processo eleitoral de 2018 -, o tabuleiro político se mostrava desfavorável ao peemedebista. Neste espaço, destaquei o mau momento de PH devido à crise na segurança e à delação de Benedicto Júnior, que envolveu o governador no esquema de “caixa 2” da Odebrecht. 
 
Em meio a esse cenário infortúnio, acentuei, havia ainda o protagonismo político do deputado Sérgio Majeski (PSDB), ocupando, absoluto, o campo de oposição ao governo.
 
Ao intensificar suas movimentações políticas nos últimos dias, sobretudo no interior do Estado, o governador deixou claro que está decidido a reger o processo eleitoral de 2018, custe o que custar. A movimentação funciona como um teste de popularidade. Hartung quer descobrir o quanto a mácula do “Baianinho” pode ter afetado a sua imagem. 
 
Nessas andanças pelo interior, as imagens de PH tirando selfies com populares, pegando criança no colo, tentando se aproximar do povão, remetem à campanha eleitoral ao governo em 2014. Na estratégia para derrotar Renato Casagrande (PSB), o marqueteiro de PH, Jorge Oliveira, mais conhecido como Arapiraca, detectou que a fraqueza do candidato do PMDB era seu distanciamento do povo. A estratégia foi dar um “banho de povo” no candidato, criando o personagem “Abraça o Paulo”, aquele de camisa jeans e calça caqui.
 
O governador, que se elegeu com essa estratégia, recupera o personagem neste novo processo eleitoral. A meu ver, essa movimentação insinua Hartung como candidato à reeleição. De outro lado, PH, como é deu seu estilo, dá outras pistas para confundir o mercado político. 
 
Destaco três nomes da equipe de governo que parecem estar sendo meticulosamente preparados para a sucessão ao Palácio Anchieta: Octaciano Neto (Agricultura), Eugênio Ricas (Controle e Transparência) e Júlio Pompeu (Direitos Humanos). Mas como o desdobramento da Lava Jato é sempre uma caixa de surpresas, PH mantém essas três cartas na manga. Se o caldo entornar para o seu lado, ele tem essas opções à mão. Sendo ele mesmo o candidato, pode lançar os secretários para outros cargos.
 
Essa estratégia de PH candidato fica mais evidente quando o vice-governador César Colnago (PSDB) dá pistas de que irá apostar suas fichas na disputa à Câmara dos Deputados. Ora, se tem alguém bem posicionado que poderia almejar suceder PH, em tese, seria seu vice, que já mostrou que não é uma figura meramente decorativa. Longe disso. Essa leitura de Colnago parece revelar a sensatez de quem já enxerga o processo lá na frente. E é preciso considerar que ele sempre formula muito bem.
 
Mas quem estaria se movimentando “do outro lado”? Se ao final da eleição de 2014 Renato Casagrande era apontando como rival declarado de PH numa possível revanche em 2018, hoje essa projeção perdeu força. Casagrande comanda um partido enfraquecido, que é um dificultador relevante num processo eleitoral. Na planície, o socialista, convenhamos, vem perdendo musculatura. Ele também transparece recear  encarar um novo confronto com Hartung. Já imaginaram o que significaria uma segunda derrota consecutiva para a carreira política de Casagrande?
 
Ainda entre essas lideranças fora da bolha de PH, quem também andou reivindicando a sucessão ao Palácio Anchieta foi o prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS). O auge dessa movimentação veio com a polêmica aberta entre a prefeitura e o governo do Estado em torno dos serviços prestados pela Cesan à população de Vitória. 
 
O ímpeto de Luciano, porém, foi refreado, com a mesma força que surgiu, a partir do momento em que seu nome apareceu na lista dos beneficiados com o “caixa 2” da Odebrecht. O episódio deixa evidente que Luciano não é “cascudo” o suficiente para assimilar golpes mais agudos. Essa, aliás, sempre foi uma fragilidade do prefeito. 
 
Aqui na Redação, a equipe de Século Diário não vê a reeleição de PH como seu plano “A”. Eles acham que Hartung está mais preocupado em assegurar o controle do processo eleitoral para, mais à frente, definir quem seria o candidato do Palácio Anchieta. 
 
Sigo convicto que PH buscará a reeleição se tiver a certeza de que o campo se mostra favorável para ele, ou seja, que a mácula da Lava Jato não compromete seu projeto de restituir sua aprovação política-eleitoral. 
 
Outra constatação: Sérgio Majeski continua sendo um obstáculo no campo de PH. É fato que o deputado enfrentará dificuldade para compor alianças e definir seu projeto político dentro de um partido como o PSDB. Mas mesmo com essas dificuldades, vejo Majeski com força para “bagunçar” o tabuleiro eleitoral de PH. Já disse e repito, a eleição de 2018 passa por Majeski.
 
Mais uma constatação: PH voltou para o jogo. Voltou armado e pintado pra guerra.

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