Há pouco mais de 15 dias os eleitores escolheram seus novos (ou velhos) prefeitos e vereadores. No dia 30 próximo retornam às urnas para eleger os prefeitos das 55 cidades brasileiras que terão segundo turno. No Espírito Santo, oito candidatos disputam a governança de quatro municípios: Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica.
Após as urnas serem abertas no último dia 2, havia uma grande expectativa de que a eleição “pegasse fogo” no segundo turno, já que no primeiro não chegou a empolgar os eleitores. O cenário indefinido nos quatro maiores colégios eleitorais do Estado e a rivalidade entre os candidatos prometiam trazer o eleitor para a disputa.
Mas a menos de duas semanas para o escrutínio final a expectativa ainda não se confirmou, e não há no horizonte qualquer sinal de que o eleitor vá se envolver com as disputas nesta reta final. O que se percebe é um desejo de que isso chegue logo ao fim. O eleitor parece estar propenso a escolher “o menos pior” sem nutrir a esperança de que o eleito será o “Salvador da Pátria”.
Os candidatos continuam prometendo mundos e fundos durante as campanhas, mas a cada eleição o eleitor está mais descrente. Quem busca a reeleição conseguiu conquistar o voto do eleitor em 2012 com a promessa de mudança. Nada melhor que o tempo para mostrar que quem prometeu promover “profundas mudanças” não cumpriu. A crise econômica acabou levando toda a culpa dos insucessos administrativos. No outro canto do ringue os adversários tentam convencer os eleitores de que podem fazer muito mais do que os atuais mandatários.
O problema é que o eleitor já não consegue sequer “fingir” que acredita nessas promessas. Isso talvez ajude explicar o desinteresse no processo eleitoral. Os quatro maiores municípios da Grande Vitória concentram mais de 1,1 milhão de eleitores, ou 41% do eleitorado do Estado. No último dia 2, mais de 320 mil eleitores (29%) desse universo se absteram ou votaram branco ou nulo.
Isso significa que mais de um terço dos eleitores não quer empenhar seu voto em nenhum dos oito candidatos que se mantêm no páreo. Sem contar que no segundo turno os índices de abstenção, brancos e nulos podem ser ainda maiores. Há quem não se dê ao desfrute de fazer um sacrifício duas vezes.
Os números devem ser interpretados pelos candidatos como um recado das urnas. Os quatro eleitos que serão conhecidos no dia 30 devem encarar a vitória com resignação. Precisam ter humildade pare reconhecer que muitos dos seus votos serão conquistados a contragosto do eleitor. Uma espécie de voto de protesto. Um voto de quem não queria nem um nem outro, mas que, no final das contas, optou pelo “menos pior”.