A partir de 2003, quando assumiu o governo do Estado, o governador Paulo Hartung (PMDB) promoveu a união da classe política sob o seu comando: a unanimidade. Com a justificativa de que era necessário combater um mal invisível que estava criando desmandos no Estado, Hartung foi o principal agente na composição de dois arranjos, o político e o institucional.
Com isso conseguiu deixar todos os Poderes do Estado sob o comando do Executivo, ao mesmo tempo em que colocou os partidos e as principais lideranças políticas, sob sua bota. A partir daí, nem uma folha caia da árvore sem o consentimento do governador. Todo o jogo político do Estado passou a girar em torno de Hartung.
Para a Odebrecht ou outras empresas interessadas em entrar no jogo político do Estado, driblando algumas regras. Hartung comandava o jogo e como afirmou o delator Benedicto Júnior, “cabia a Paulo Hartung a coordenação das arrecadações das campanhas eleitorais”. Esse era o melhor cenário, apenas uma liderança para conversar, para articular, e para investir.
Centralizando as articulações políticas do Estado, o governador tinha em suas mãos o destino dos aliados. Quem disputaria o cargo que disputaria e com que apoios, tudo passava pelo governador. Da mesma forma que a negociação ficaria mais fácil durante da eleição e depois dela.
Em 2010, a Odebrecht foi pega de surpresa com a mudança no palanque ao governo do Estado e ao Senado. Até então, o que havia sido combinado era que Hartung disputaria o Senado e que Ricardo Ferraço seria o candidato ao governo. Naquele momento, Renato Casagrande construía um palanque bem longe de tudo isso.
Acontece que, embora se coloque essa mudança na conta de Hartung, a movimentação foi nacional. Um acordo para tirar a candidatura de Ciro Gomes à presidência da República, então no PSB, em troca do apoio do PMDB e PT a seis candidatos ao governo do PSB, entre eles Casagrande, no Espírito Santo. Hartung cumpriu o acordo e deixou a Odebrecht “vendida” na história.
Mas até aí a mudança era só de peças, estavam lidando com um só tabuleiro, um só jogador. O problema é quando essa unanimidade se quebra e a empresa tem de se dividir.
Fragmentos
1 – A crise das lideranças políticas do Estado, disparada pelas delações da Lava Jato está se concentrando na Grande Vitória, o que pode abrir o caminho para os atores políticos do interior do Estado em 2018. Eu disse, pode…
2 – Corre nas redes sociais algumas fotos da filha do ex-prefeito de Vitória, em uma fazenda em Jaguaré, que vem sendo colocada na conta de João Coser (PT). Será?
3 – O jornalista Fernando Carreiro assumiu a chefia de gabinete da presidência da Assembleia. Ele comandou a campanha de Sérgio Vidigal (PDT) à prefeitura da Serra, em 2016, e vai cuidar da imagem do presidente Erick Musso e do Legislativo.