A possibilidade de o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, suspender os processos contra os políticos que receberam doações da Odebrecht sem terem dado alguma contrapartida abre uma grande polêmica nos meios políticos. Para o vice-procurador-geral eleitoral, Nicolao Dino, o “caixa 2 é a antessala da corrupção”, já que a legislação brasileira dificulta a investigação desse tipo de crime, sendo necessária uma mudança na letra da lei.
Para Dino, que está na lista dos candidatos à sucessão de Janot, em setembro próximo, o “caixa 2” provoca uma série de consequências para a sociedade, que vão do não pagamento de tributos à facilitação da lavagem de dinheiro, passando pelo desequilíbrio da disputa eleitoral.
No Espírito Santo, a chegada da Lava Jato foi como um tsunami, mas também há que se separar as coisas. De um lado há os que negociaram recursos para si e para os aliados em troca vantagens, isso segundo as informações contidas nas delações dos ex-executivos da Odebrecht. A situação do governador Paulo Hartung (PMDB) e do ex-governador Renato Casagrande (PSB) é mais complicada.
Há ainda um segundo pelotão, que teria recebido doações de campanha, segundo as planilhas de pagamento da empresa às lideranças políticas em 2010 e 2012, em um esquema que parece mais uma aposta. São lideranças que tiveram passagens dignas pela Câmara dos Deputados, Assembleia e prefeituras. Mas não é por isso que a questão deve ser deixada de lado.
Evidentemente que as contrapartidas devem trazer punições pesadas, caso se prove essa conexão. É o que a sociedade espera. Mas se a legislação proíbe o “caixa 2”, não é admissível que a prática seja ignorada pela Justiça. Não deve ficar impune se comprovada pela Justiça ou a regra não vale de verdade?
Se não houver uma apuração e pena aos responsáveis, caso comprovadas as denúncias, a prática do “caixa 2” vai acabar se tornando mais uma lei inócua no Brasil. Se a regra diz que não pode haver doação sem a declaração à Justiça eleitoral, não pode. E se acontecer, tem de ser punido até para efeito didático.
1 – Está afiada a tesoura da secretária do Tesouro Nacional, a ex-secretária da Fazenda do Estado, Ana Paula Vescovi. Segundo a coluna de Ancelmo Gois, foram R$ 142 milhões bloqueados das contas do Estado do Rio. Isso deve deixar os 208 mil servidores sem os salários. Já foi bloqueado cerca R$ 1 bilhão do Rio.
2 – A retirada das assinaturas da criação da CPI da Cesan está trazendo desgastes sérios à imagem dos deputados estaduais que não quiseram participar da Comissão, principalmente depois que a empresa apareceu envolta em denúncia do Ministério Público Estadual em irregularidades com a Delta.
3 – Em uma crise sem precedentes desde fevereiro passado, o governador Paulo Hartung completou 60 anos na última sexta-feira (21). Será que agora, finalmente, acaba o inferno astral do peemedebista?