Mostra Cinema e Direitos Humanos homenageia Vladimir Carvalho
O documentário O País de Saruê (1971) percorreu uma longa trajetória até chegar ao público. Desde o seu lançamento, foram sete anos retido pela censura do regime militar e depois um pouco mais duas décadas até a obra ser restaurado em 2004. O filme que mostra o olhar sertanejo e as mazelas geradas pelo latifúndio e a exploração da terra é um dos escolhidos para compor a 8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul.
O País de Saruê é o primeiro longa do paraibano radicado em Brasília, Vladimir Carvalho, que será o homenageado da mostra de cinema, que começa esta terça-feira (26), às 19h, e vai até o domingo (1). Nesta homenagem, serão apresentados cinco de seus mais de 20 filmes. Entre a seleção estão Conterrâneos Velhos de Guerra (1991), que retrata o começo de Brasília e as péssimas condições de trabalho daqueles que vieram de longe para construir a capital; e Barra 68 – Sem Perder a Ternura (1961), que também mostra a capital, mas dentro do contexto do regime militar. Vladimir ficou conhecido por tratar de temas duras, mas sempre com uma visão poética e sensível.
Ao todo serão exibidos 38 filmes por todo o território nacional, que abordam os mais diversos temas ligados aos direitos humanos. Durante a semana do festival, haverá sessões às 14h, 16h, 18h e 20h, no Cine Metrópolis, com entrada gratuita. Em Vitória, a 8ª Mostra Cinema e Direitos Humanos é, pelo segundo ano consecutivo, uma realização da Horizonte Líquido Produções Culturais.
“Inclusão de pessoas com deficiência, direito a verdade e a memória, diversidade sexual, pessoas em situação de rua, preconceito racial e de gênero, os filmes tratam de muitos temas. O foco da mostra é o respeito à diversidade e promover por meio do conhecimento menos preconceito”, diz Saskia Sá, cineasta e uma das idealizadoras da produtora.
Para abertura de hoje à noite, foram escolhidos dois filmes ainda inéditos no circuito comercial. A Onda traz, o vento leva (2012), de Gabriel Mascaro, que conta a história de Rodrigo, que é surdo. Junto com o personagem somos levados por uma jornada sensorial sobre um cotidiano marcado por ruídos, vibrações, incomunicabilidade, ambiguidade e dúvidas.
O segundo longa da noite é Uma História de Amor e Fúria (2013), de Luiz Bolognesi. Com um enredo surreal, a animação acompanha um homem de 600 anos acompanha a história do Brasil desde as batalhas entre tupinambás e tupiniquins até a guerra pela água em 2096.
Saskia também ressalta que toda a filmografia é exibida com closed caption, ou seja, haverá legendas que além de informarem o que é dito também descrevem os sons da cena, para pessoas com deficiência auditiva. Também haverá sessões com audiodescrição para pessoas com deficiência visual, onde o narrador descreve com o máximo de detalhes o que pode ser visto na cena e o que é indicado fora dela. Dois mecanismos que garantem a acessibilidade à todos e que deveriam estar presente em todas as salas de cinema.
Outro destaque do festival de cinema sobre direito humanos é a Mostra Cinema Indígena, que mostra as produções mais recentes de cineastas indígenas. “Os quatro filmes escolhidos pela curadoria para a 8ª Mostra de Direitos Humanos mostra principalmente o olhar indígena em relação a terra e ao direito a vida”, completa Saskia.
A Mostra de Cinema tem o objetivo de celebrar o aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. O evento é um espaço para que produtores e demais profissionais do cinema possam divulgar seus trabalhos relacionados aos Direitos Humanos.
Serviço
A 8ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos da América do Sul começa nesta terça-feira (26), às 19h, e segue até o domingo (1), no Cine Metrópolis. Entrada Franca.
PROGRAMAÇÃO
Terça-feira (26)
19h ABERTURA
A onda traz, o vento leva
Uma história de amor e fúria
Quarta-feira (27)
14h - Codinome Beija-Flor
Repare bem
16h - O prisioneiro
Ilegal.co
18h - Kene Yuxi, as voltas do Kene
20h - Conterrâneos velhos de guerra
Quinta-feira (28)
14h - Caixa d´água: Qui-lombo é esse?
Doméstica
16h - Brasília segundo Feldman
O país de São Saruê
18h - As hipermulheres
20h - Transformer AK-47s into gruitars
Wayuu “Gold”
Dreaming of a clean river
Los descendientes del jaguar
Paredes invisíveis: Hanseníase região Norte
Sexta-feira (29)
14h - Malunguinho
Paralelo 10
16h - Silêncio
Sibila
18h - Leve-me pra sair
Kátia
20h - Quando a casa é a rua
Em busca de um lugar comum
Sábado (30)
14h - Caíto
16h - Os dias com ele
18h - O evangelho segundo Teotônio
20h - Acalanto
As Iracemas
Domingo (01)
14h - Barra 68 – Sem perder a ternura
16h - Maio, nosso maio
Insurgentes
18h - Carga viva
A cidade é uma só
20h - Bicicletas de Nhanderu
PI’ÕNHITSI – Mulheres xavantes sem nome
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