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​Ruas de Conceição da Barra serão tomadas por atrações culturais

Entre os dias 19 e 22 de maio, o Pocar Festival de Cultura terá dezenas de espetáculos gratuitos no litoral norte do Estado

Quatro dias e mais de 30 atrações culturais entre música, teatro, circo, literatura e outras linguagens, tudo com acesso gratuito. É isso que reserva para o público a oitava edição do Pocar Festival de Cultura, que acontece de 19 a 22 de maio em Conceição da Barra, litoral norte do Espírito Santo. O espaço público do município será tomado a cada dia por atrações que incluem artistas locais, estaduais e nacionais.

A programação começa com grupos tradicionais de jongo e terá participações de músicos como André Prando, Luiza Dutra e Fabio Carvalho, de grupos de circo e teatro como Lacarta, Ribalta, Tambor de Raiz e Cia Circunstância. Além disso, inclui roda de samba, sarau com lançamento de livros e exibição de filmes, muitos deles retratando elementos da cultura de Conceição da Barra e região.

Divulgação

Entre outros destaques está a exposição fotográfica Rogério Medeiros: um olhar sobre o Sapê do Norte, que estará instalada durante o evento na galeria do espaço cultural Casa da Barra. “O trabalho do Rogério Medeiros é muito extenso. Usamos então como base um texto do Hermógenes da Fonseca falando sobre as fotos que ele havia feito e baseamos a curadoria nesse texto. É importante, pois a vida e o trabalho do Rogério retratam parte da história do Sapê do Norte [território quilombola entre Conceição da Barra e São Mateus] num momento em que pouca gente pesquisava e registrava”, diz o artista e produtor cultural Didito Camillo, coordenador do Pocar, que contribuiu com a curadoria da exposição junto com o fotógrafo Apoena Medeiros, filho de Rogério.

Ainda durante o festival, será apresentada a escola do Instituto Tambor de Raiz, que poderá ser visitada em primeira mão. A proposta do local é receber crianças e jovens, especialmente das comunidades quilombolas da região para atividades culturais diversas, como teatro, música e capoeira.

Outra atração, esta não um novidade, mas uma tradição do festival, é o projeto “Literatura a Quilo”, realizada pela Editora Cousa, que durante o Pocar vende livros pelo peso que possuem, em valor simbólico como política de estímulo à literatura, especialmente àquela produzida no Espírito Santo.

Didito entende que, entre os objetivos principais do Pocar, está proporcionar uma vivência cultural no território de Conceição da Barra, tanto para moradores locais como para visitantes, incluindo os próprios artistas que participam do evento. “Buscamos uma programação que possa dialogar com as manifestações populares e com os mestres da cultural local. Há uma troca de experiências muito grande”.

Neste ano, por exemplo, a cantora Luiza Dutra, jovem talento capixaba, cantará junto com a Orquestra Malê Big Band, comandada pelo maestro Eduardo Lucas, com a proposta artística de trazer uma experiência musical afrodiaspórica. Outro encontro será do violeiro Rafael Gonzá com o rabequeiro Jeferson Leite no espetáculo instrumental “e Viola e Rabeca, reunindo instrumentos muito antigos na música brasileira em uma leitura contemporânea. 

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Festival surgiu da luta pelo tombamento artístico e cultural

O Pocar surgiu em 2013, como celebração de uma importante vitória cultural no município de Conceição da Barra. Na ocasião, a mobilização popular conseguiu evitar que a praça principal da cidade fosse transformada em um estacionamento. Conseguiu-se o tombamento do estadual do local como patrimônio artístico e cultural, que inclui a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e um casario histórico, que cada vez mais tem sido revitalizado e utilizado para o setor de turismo e comércio.

“A gente juntou artista e fez uma festa para comemorar essa conquistas. Vieram artistas de vários locais do Brasil, conseguimos recursos para transporte, alimentação, hospedagem, e eles doaram seus espetáculos e show para fazer acontecer”, conta Didito. Foram sete dias de evento, em que só na área de teatro houve 27 apresentações.

Apesar de não contar com recursos financeiros, tudo aconteceu com apoio de diversas pessoas. O primeiro apoio importante foi de Carlinhos Duarte, que bancou a alimentação das dezenas de artistas. “Ele abraçou a causa junto com sua família”, conta o produtor e idealizador do festival. Carlinhos faleceu no início deste ano, motivo pelo qual será homenageado durante a edição.

O Pocar deve realizar ainda, no segundo semestre deste ano, uma nova edição. E em 2023, pretende realizar a décima em dez anos de história. Mas antes disso tudo, logo após o festival neste mês de maio, o projeto ainda segue para edições itinerantes do Circuito Pocar, que passará por Colatina (Maria Ortiz), Baixo Guandu (Praça Getúlio Vargas) e Aracruz (Barra do Riacho) nos dias 27,28 e 29 de maio, respectivamente.

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