Sábado, 04 Mai 2024

Casais homoafetivos mostram que conceito de família está no amor dado aos filhos

Casais homoafetivos mostram que conceito de família está no amor dado aos filhos

 
Ana Gabriela (foto) corre, brinca, mas está sempre acompanhando a mãe com os olhos. A menina está perto de completar nove anos. É uma criança como outro qualquer, como uma diferença: tem duas mães. Apesar da família “diferente” causar estranhamento em alguns coleguinhas, Ana Gabriela tira de letra. Ela demonstra compreender o conceito de família de maneira bem mais madura que muitos adultos. “Se ter uma mãe é bom, imagina duas?”.
 
As mães Ana Regina Bourguignon (foto) e Cristiane Viera se conheceram quando a filha tinha um ano. “Desde de criança eu tinha vontade de adotar um filho, e adotei a Ana Grabriela quando ainda era solteira. Um ano depois eu conheci a Cris e nós passamos a viver juntas e elas passaram a conviver. Há quatro anos fizemos um contrato de união estável, e em 2012 procuramos um cartório para regularizar o casamento civil”, conta Ana Regina.
 
O casal foi o primeiro do Estado a regularizar a união em cartório após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que permite a união entre casais homoafetivos.
 
A rotina da menina é como a de qualquer outra criança, e tanto as mães quanto a filha não se sentem nenhum pouco diferentes de uma família tradicional. “Hoje no Brasil a definição de família é muito mais extensa, então não cabe mais o conceito de família com pai, mãe e filhos. Existem famílias só com a mãe ou com o pai, com avós, tios, e com casais homoafetivos”, completa Ana Regina. A filha estuda em uma escola católica, que aceita muito bem o arranjo familiar. Infelizmente, Ana Regina conta que a ainda existe muito preconceito, até mesmo na própria família, que não aceita sua orientação sexual dela.
 
Outro casal homoafetivo capixaba venceu o preconceito e hoje tem uma família mais completa. Gabriel e Eduardo (os nomes são fictícios para pois o processo de adoção ainda não foi concluído) são casados há três anos e a seis meses e decidiram integrar um novo membro para a família: um lindo menino de quatro anos. O filho vivia na rua com o pai biológico – que é primo de Gabriel e usuário de drogas –, mas quando o pai foi preso e mãe não quis ficar com a criança, Gabriel o acolheu em sua casa. Hoje, a criança, segundo o casal, demonstra estar feliz. Está na escola , tem um lar e é cercada de amor. Enquanto fala sobre o filho, fica claro o amor e o orgulho que Gabriel sente. “Não tínhamos planos de ter um filho, mas acredito que tenha sido coisa do destino. O que eu sinto por ele eu nunca senti por ninguém, é incondicional, amor de pai”. Hoje o casal não consegue imaginar a vida sem o filho. “Uma família especial, atraiu uma criança especial”, completa Gabriel, emocionado.
 
A criança, que teve um início de infância sofrido em função da vida conturbada do pai biológico, é acompanhada por um psicólogo que ajuda a família a se adaptar a essa nova rotina. Gabriel e seu companheiro ainda não explicaram seu relacionamento para o filho, mas a criança já compreende que tem dois pais e lida muito bem com a situação: “Ele sempre repete uma frase muito marcante para nós: "Família é coisa boa."

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