Sábado, 04 Mai 2024

'É difícil pensar em um lugar seguro para as mulheres lésbicas'

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A Liga Brasileira de Lésbicas (LBL) e a Associação Lésbica Feminista de Brasília - Coturno de Vênus divulgaram o LesboCenso: Mapeamento de Vivências Lésbicas no Brasil, que traçou o perfil das mulheres lésbicas em cada uma das unidades federativas. Um dos dados levantados é a variedade de locais onde as entrevistadas sofreram violência lesbofóbica, sejam públicos ou privados. Para a psicóloga e coordenadora da Comissão de Gênero e Diversidade Sexual do Conselho Regional de Psicologia (CRP), Marina Bernabé, o quadro reforça que "é difícil pensar em um lugar seguro para as mulheres lésbicas".

No Espírito Santo, o índice maior de violência, de 20,10%, foi de agressões sofridas na rua. Em segundo lugar, com 17,87%, na própria casa. Em seguida, locais de lazer (10,65%), escola/faculdade (9,79%), trabalho (8,76%), estabelecimentos comerciais (6,87%), rede social (6,36%), transporte coletivo/complementar (4,64%), instituição religiosa (4,47%), serviço de saúde ou assistencial (3,26%), transporte individual (3,09%), delegacia (1,03%), banheiro público (1,03%), site (0,86%), outro (0,69%), serviço de utilidade pública (0,34%), não quis responder (0,17%).

O índice de 1,03% que afirmou ter sido vítima de violência lesbofóbica na delegacia, aponta Marina, pode ser uma das motivações para que muitas vítimas não denunciem.

Quanto ao grau de escolaridade, as informações referentes ao Espírito Santo traçam o seguinte panorama em meio às mulheres que se declararam lésbicas no Estado: ensino fundamental incompleto (2,79%), ensino fundamental completo (11,85%), ensino médio incompleto (0,35%), ensino superior incompleto (29,97%), ensino superior completo (28,22%), pós-graduação latu sensu (17,42%), mestrado cursando (3,14%), mestrado completo (4,88%), doutorado cursando (0,70%) e doutorado completo (0,70%).

Somando os dados de mulheres lésbicas que têm ensino superior completo, pós-graduação latu sensu, mestrando em curso, mestrado completo, doutorado em curso e doutorado concluído, o total é de 55,06%. Somando a esses números a quantidade de lésbicas com ensino superior incompleto, o total é de 85,03%.

"O acesso à informação, ao conhecimento, pode estar ligado ao maior conhecimento de si mesma. A heterossexualidade é colocada como algo obrigatório, compulsório, o acesso à informação pode contribuir para a desconstrução dessa obrigatoriedade", acredita Marina.

Outro recorte feito pela pesquisa foi o de religiosidade. As que se declararam sem religião somam 35%. As, ateias, 7,51%, enquanto as agnósticas totalizam 8,87%, chegando a 51,38%. Outras 3,75% afirmaram não saber, enquanto 2,05% disseram não querer responder e 2,39% apontaram "outro". As demais estão divididas em religião afrobrasileira (10,58%), 
católica (15,70%), espírita (8,87%), igreja evangélica pentecostal (1,02%), igreja evangélica tradicional (2,39%) e paganismo (1,02%).

Os mais de 50% de mulheres lésbicas que não professam nenhuma fé específica, para Marina, não é algo estranho, uma vez que a própria pesquisa indica, que entre as entrevistadas, 4,47% declararam ter sofrido violência lesbofóbica em instituições religiosas. "Se a pessoa não é aceita, como permanecer? Se não se pode ser quem é dentro do grupo religioso, como ficar? Muitas vezes, esses espaços são ambientes de exclusão", analisa.

Em relação à identidade de gênero, a pesquisa aponta os seguintes dados: agênero (0,34%), cisgênero (85,86%), não quis responder (2,36%), não soube responder (2,36%), não binária (4,71%), outro (3,03%) e transexual (1,35%).

No que diz respeito à raça/etnia, divide em negras (47,10%), pretas (17,75%), pardas (29,35%), amarelas (1,71%), brancas (50,51%) e não sei (0,68%). Para a psicóloga e coordenadora da Comissão de Gênero e Diversidade Sexual do Conselho Regional de Psicologia, a maioria de negras, pretas e pardas é o reflexo do fato de que a maioria da população faz parte desses grupos.

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