Reforma precariza o ensino, protestam estudantes na Praça Costa Pereira
A revogação da Reforma do Ensino Médio foi a reivindicação feita por estudantes que realizaram um ato na praça Costa Pereira, Centro de Vitória, na tarde desta quarta-feira (15). A manifestação fez parte do calendário nacional de luta e ocorreu em todo o país. A expectativa com o Governo Lula (PT) é de que a reforma, aprovada no Governo Temer (MDB) por meio da Lei 13.415/17, possa ser revogada.
Nacionalmente, a manifestação foi puxada pela União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes), mas no Espírito Santo, a iniciativa foi de estudantes independentes, sem vínculo com nenhuma organização, porém, aberta à participação delas. Uma das que se fizeram presentes foi a União da Juventude Rebelião (UJR).Uma das integrantes, Hellen Guimarães, acredita que a Reforma precariza o ensino. "De forma disfarçada, traz a perspectiva neoliberal, busca acabar com o pensamento crítico, com uma educação emancipadora, crítica, não atendendo aos interesses do povo, e sim, do mercado", critica.
O estudante do 1º ano, Natanael dos Santos, relata que um dos fatores que o motivou a estudar no turno noturno foi o fato de que em sua escola o Novo Ensino Médio ainda não é implementado nesse horário. O jovem chegou a ter contato com o Novo Ensino Médio em outro turno e o classifica como algo que "não tem fundamento, base, conteúdo".
De acordo com ele, conteúdos como os de Sociologia, Filosofia e História foram retirados para dar espaço a "um monte de encheção de saco". Natanael relata que chegou a ter aulas específicas de forró e sobre jogos de RPG.
Raphael Sarmento Batista, uma das lideranças do movimento realizado na praça, cursa o terceiro ano do ensino médio e acredita que o Novo Ensino Médio foi "vendido como algo que dá protagonismo ao aluno, mas não é de fato". Um dos apontamentos feitos por ele é no que diz respeito à falta de opção, pois as escolas, normalmente, oferecem poucas alternativas de curso em meio a uma gama imensa de profissões existentes, cabendo a muitos estudantes fazer o que não gostariam, de fato.
Além disso, destaca que a ausência de disciplinas como Sociologia e Filosofia na grade curricular pode impactar no desempenho dos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, consequentemente, no ingresso na universidade.O professor Vinícius Machado, do Fórum Permanente de Profissionais de Educação de Vila Velha (Foppevv), pesquisador do tema, também é favorável à revogação. "É preciso revogar o novo ensino, porque ele retirou e reduziu a carga horária de disciplinas fundamentais para a formação de cidadãos críticos, e criou disciplinas como projeto de vida e eletivas, que são orientadas por institutos e fundações ligadas ao grande empresariado", aponta.
Vinícius afirma que o novo ensino médio trouxe prejuízos também para os professores. "Com a diminuição e até a retirada das aulas de disciplinas tradicionais e a implantação dessas disciplinas, profissionais de educação são obrigados a trabalhar com matérias que eles não foram formados, na base do improviso. Não houve, por parte dos governos, qualquer preocupação com a formação", reforça.
Estudantes protestam pela revogação da Reforma do Ensino Médio
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