Sábado, 18 Mai 2024

Justiça decide futuro de incentivos fiscais para setor atacadista na próxima semana

Justiça decide futuro de incentivos fiscais para setor atacadista na próxima semana

Após ser alvo de contestações na Justiça local e até no Supremo Tribunal Federal (STF), a manutenção dos incentivos fiscais concedidos pelo governo capixaba ao Sindicato do Comércio Atacadista e Distribuidor do Estado (Sincades) entra na fase decisiva a partir da próxima semana. Está marcada para esta segunda-feira (22) o início da análise do juiz Manoel Cruz Doval, da 3ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública Estadual, sobre o pedido de suspensão liminar do benefício que é repassado pelo governo do Estado ao setor atacadista.



Segundo informações do Tribunal de Justiça (TJES), o Estado do Espírito Santo, um dos réus no processo, já foi notificado do prazo de 72 horas dado pelo juiz para que se manifeste sobre os incentivos. O mandado de intimação foi cumprido nessa terça-feira (17) – e juntado aos autos da ação popular movida pelo estudante de Direito Sérgio Marinho Medeiros Neto, nessa quarta-feira (18).



Embora o prazo se esgote nessa sexta-feira (19), a expectativa é de que a manifestação comece a ser analisado pelo magistrado apenas na próxima semana. Essa é a primeira vez que a manutenção dos incentivos entra em zona de risco, desde o ajuizamento da primeira ação popular questionando os aspectos do incentivo fiscal ao setor.



No mês passado, o juiz Arion Mergár, da mesma Vara, determinou a suspensão liminar dos repasses para o Instituto Sincades, fundo cultural privado criado à custa dos incentivos. No entanto, a continuidade das atividades do setor não estava ameaçada, uma vez que a mecânica do benefício seguia a mesma – apenas os valores que iriam para o fundo deveriam ser depositados em uma conta judicial.



Caso seja decretada a suspensão liminar, as operações de todas as empresas do setor atacadista capixaba passarão a recolher os tributos adequados (sem o advento do incentivo). De acordo com o contrato de competitividade entre o Estado e o Sincades, assinado durante o governo Paulo Hartung, a alíquota do ICMS foi reduzida de 12% (índice normal) para, no máximo, 1% sobre as operações. Deste valor a ser recolhido, os empresários destinavam 10% ao Instituto Sincades, que foi tratado na imprensa nacional como um “mimo sindical” da Era Hartung.



Em entrevistas à mídia local, os representantes do governo do Estado e do Sincades defendem a manutenção dos incentivos. Entretanto, há uma clara distinção entre as alegações feitas pelo autor das denúncias, Sérgio Marinho, e dos defensores dos atacadistas. Enquanto as ações populares narram irregularidades nos benefícios – concedidos sem o respaldo da Constituição Federal –, o empresariado justifica a necessidade dos incentivos pelo faturamento do setor e os empregos gerados.



Contudo, a discussão sobre os reais números do setor atacadista e do eventual prejuízo aos cofres públicos, caso os incentivos sejam declarados nulos, não traz uma certeza. Tanto que o deputado estadual Gilsinho Lopes (PR) apresentou na última semana um pedido de informações ao Governo do Estado para que explique a metodologia utilizada no cálculo da renúncia fiscal ao setor produtivo.



De acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para este ano, de autoria do governador Renato Casagrande, o governo deve abrir mão de cerca de R$ 830 milhões em tributos. Deste total, pouco mais de R$ 600 milhões são relativos ao setor atacadista. Apesar de significativo, esse valor é pouco se comparado ao faturamento estimado pelo Sincades para o ano passado (R$ 17,6 bilhões). Uma conta que não fecha e pode pesar, inclusive, na decisão judicial sobre a continuidade ou não do benefício.



Além da Justiça estadual, a legalidade dos incentivos ao setor está sendo discutida na Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas do Estado (TCE) e no STF. No Supremo, o ministro Gilmar Mendes analisa uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4935), ajuizada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). No processo, o tucano reforça a tese de que os benefícios fiscais foram concedidos de forma ilegal pelo governo capixaba. 

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