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Lideranças capixabas criticam troca de chefe do Parque Caparaó

É com muita insatisfação que lideranças ambientalistas, políticas e turísticas do Espírito Santo receberam a notícia da troca do antigo chefe do Parque Nacional (Parna) do Caparaó, o analista ambiental Cristophe Balmant, pelo comerciante Dalmes Dutra Cardoso Junior.

A substituição foi feita pelo presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação (ICMBio), Homero Cerqueira, em portaria publicada nesta segunda-feira (15). Conhecido como Juninho do Artesanato, o novo chefe é filiado ao Partido Democratas (DEM) e foi a candidato a vice-prefeito de Alto Caparaó – município onde está localizada a sede mineira do Parque – em 2016, mas não foi eleito.

Dalva Ringuier, secretária municipal de Turismo de Dores do Rio Preto, no entorno direto do Parque, e uma das mais experientes lideranças ambientais do Caparaó Capixaba, ressalta que a direção de um Parque Nacional é um cargo técnico, que necessita de pessoas com experiência em administração de unidades de conservação. “Não é o mesmo que administrar um comércio ou uma empresa”, compara.

O Caparaó, especificamente, está localizado em dois estados e o gestor do Parque precisa ter experiência com essa realidade complexa e saber dialogar com todas as comunidades do entorno.

“Estados e municípios não foram ouvidos. Os comitês de bacias hidrográficas não foram ouvidos. Em nenhum momento. Fomos surpreendidos com a exoneração do Chistophe. Isso não é bom pra uma unidade de conservação. Independentemente da pessoa que entrar, não pode ser dessa forma”, criticou Dalva, ressaltando a importância hídrica da região, que é produtora de água para três bacias: Itapemirim, Itabapoana e Doce.

Presidente do Circuito Caparaó Capixaba, uma associação de empreendimentos turísticos de Guaçuí, Dores do Rio Preto, Divino de São Lourenço e Ibitirama, Marcelo Sanglard Valentim declarou a indignação do setor com a decisão política, principalmente pelo fato de que o chefe anterior mantinha um bom diálogo com as comunidades, inclusive no lado capixaba, historicamente preterido em relação à porção mineira do Caparaó.

“A bancada federal capixaba é muito omissa em relação ao Parque. O Cristophe vinha atendendo às demandas capixabas, agora a gente não sabe como vai ficar. A impressão é que a antiga gestão do parque não estava coadunando com a gestão do ICMBio”, comentou. “É uma grande injustiça a gente ficar à mercê desses joguetes políticos”, lamentou.

Em reportagem veiculada no Jornal Nacional nesta terça-feira (16), também criticaram a medida a Associação dos Servidores do ICMBio e a ONG WWF Brasil, ressaltando os prejuízos advindos da excessiva interferência política na gestão ambiental brasileira, características do atual governo federal.

 

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