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‘Prefeitura não vai construir estradas sobre as APPs da Lagoa Encantada’

Integrantes de fóruns populares de Vila Velha receberam afirmação durante audiência pública do PlanMob

Não serão construídas estradas sobre Áreas de Preservação Permanente (APPs) da Lagoa Encantada, uma das últimas áreas naturais preservadas dentro do perímetro urbano de Vila Velha. A afirmação foi feita durante audiência pública do Plano Municipal de Mobilidade e Acessibilidade (PlanMob), realizada na noite dessa quinta-feira (3), pela secretária de Desenvolvimento Urbano e Mobilidade, Milena Ferrari.

“A secretária afirmou que as vias não irão passar por cima do manguezal que liga o rio Aribiri à Lagoa Encantada, nem sobre qualquer outra APP”, relata Wilerman da Silva Lucio, membro do Fórum de Desenvolvimento Social, Econômico e Ambiental do Grande Vale Encantado (Fórum Desea), um dos ambientalistas canelas-verdes presentes na audiência. 

A fala da secretária, conta, foi uma resposta ao questionamento feito pelo grupo – que levou representantes também do Fórum Popular em Defesa de Vila Velha – a respeito da proposta apresentada pela prefeitura, que prevê a instalação de vias coletoras por cima do manguezal do rio Aribiri e no entorno direto da Lagoa Encantada.

A princípio, explica Wilerman, a secretaria garantiu que as vias que porventura estejam no momento planejadas para a região só serão implementadas mediante as decisões que forem tomadas em relação ao futuro Parque da Lagoa Encantada, cuja proposta de criação já tramita na prefeitura. “Mas as vias estão na proposta, inclusive algumas com possibilidade de ampliação futura. Fica nossa dúvida se são as vias que irão se adequar ao parque ou se o parque que vai ter que se adequar às vias”, pondera. 

Diante de seguidas indagações sobre o assunto, a posição de Milena Ferrari, ao final do debate, segundo os ambientalistas presentes, foi pela garantia de que todas as APPs, incluindo o manguezal do rio Aribiri, serão resguardadas das obras previstas no PlanMob e que todas as decisões serão tomadas com respaldo do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Commam). 

“Inclusive alertamos que o que hoje a prefeitura chama de rio Aribiri é, na verdade, um canal feito pelo DNOS [Departamento Nacional de Obras e Saneamento, autarquia federal que funcionou durante a Ditadura Militar abrindo canais e drenando alagados em todo o país e em vários pontos do Estado] e hoje drena águas vindas de bairros adjacentes, como Jardim Marilândia, Cobilândia e Rio Marinho. Mas o leito original do Aribiri entrava pelo manguezal até a Lagoa Encantada. Era onde eu catava caranguejo com os amigos quando era criança”, conta. 

Os ambientalistas vêm há tempos denunciando a grave degradação ambiental que algumas vias previstas no PlanMob podem provocar. “O impacto gerado por estas vias no manguezal e nos alagados será grande, afetando a vida de muitos animais, como o Jacaré-de-papo-amarelo, que se encontra ameaçado de extinção na lista vermelha do Espírito Santo e que tem como seu último refúgio, na região urbana de Vila Velha, a Lagoa Encantada. Elas também aumentarão os lixos jogados na área e a morte de animais atropelados facilitarão a entrada de caçadores”, explanou o coletivo APP Lagoa Encantada em suas redes sociais.

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