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???A população quer uma pessoa que fale a mesma língua e esteja próxima dela’

Fotos: Leonardo Sá/Porã

Foi em 2009, nas Ilhas Canárias, que Neymara Carvalho conquistou o pentacampeonato mundial de bodyboarding. Ela se aposentou do esporte como uma grande vitoriosa, mas este ano vai experimentar um mar diferente, mas também bastante agitado. Filiada ao PSB há quatro anos, a atleta vai disputar uma das 30 vagas na Assembleia Legislativa. 

 
Neymara levará para a campanha as bandeiras do esporte e do social, que conhece bem. Também não pretende ficar restrita à sua área, a Barra do Jucu, em Vila Velha. Como o esporte fez com que ela ficasse conhecida em todas as classes sociais, apostará em sua imagem como vencedora para conquistar os eleitores.
 
No palanque do governador, a atleta também vai ajudar na campanha de reeleição do governador Renato Casagrande. Para Neymara o governador vai mostrar suas ações dos últimos quatro anos na campanha. Como acredita no projeto socialista, vai ajudar na campanha majoritária. 

 
Século Diário – Neymara Carvalho, por que entrar neste mar tão agitado da política?

 

Neymara Carvalho – Eu sou acostumada com mares agitados, mas é um mar diferente, mesmo. Eu venho amadurecendo essa entrada na política há muitos anos, fui sondada por muitos partidos, e há quatro anos estou filiada ao PSB. Acompanho muito o Estado, minha carreira foi fincada aqui. Tive a oportunidade de ir para fora do País, mas sempre priorizei estar no Espírito Santo. Então acompanhei a evolução e as necessidades, principalmente em Vila Velha, mas também no Estado todo. Estou aqui há muitos anos e acredito que a minha história não acaba no esporte. O esporte foi o primeiro passo da minha história, e por ter tido essa expressão toda, tenho quase que uma obrigação de levar adiante, descobrir novas oportunidades, e acho que a experiência que tive, de viajar para outros países, trazer as pessoas para cá, fazer esse intercâmbio, foi aflorando ao longo dos anos essa vontade de fazer algo mais. Comecei pequenininha na Barra do Jucu, montei uma instituição, trabalhei com outros projetos. Tenho parceria com outras escolinhas, em outros municípios, mas tudo dentro do esporte.
 
– Quando pensamos em Neymara Carvalho candidata, fica muito marcado esse viés do esporte. E você parece disposta a ampliar isso…
 
– O esporte não é apenas a minha bandeira. É aquilo que eu entendo mais, tenho mais identificação, mas desde 2006 tenho a minha instituição. Então, é um prazer muito grande, depois de ter encerrado minha carreira, ter me dedicado mais ao social também. Eu cresci ali, Barra do Jucu e Terra Vermelha são meu quintal. Conheço as necessidades dessa região, que se expandem para todo o Espírito Santo, mas fazem com que eu tenha um olhar mais carinhoso para essa área, de querer desenvolver, listar as entidades filantrópicas que fazem um trabalho legal, mas não são reconhecidas, e ajudá-las. Tentar alinhar o esporte, o social e a educação também, que é fundamental. 
 
– E como foi a escolha do partido. Por que o PSB?
 
– Na época fiz uma avaliação, sondando a história de cada partido. Recebi vários líderes partidários e debati. Tenho amigos que entendem muito mais da política e do cenário político do Estado antigo, atual e até futuro, e que me ajudaram a decidir pelo PSB. Um partido que não tem mancha política. É um partido forte, no sentido da integridade. Acho que a minha entrada deu um ar mais jovial e espero poder agregar mais jovens para o partido. 

 
– Você é candidata a deputada estadual e o PSB tem dois deputados considerados fortes na disputa: Glauber Coelho e Eustáquio de Freitas. Como vê essa disputa e a formatação da coligação?
 
– A coligação está sendo definida, ainda não está muito clara. Mas eu penso isoladamente, quero mostrar minha história de vida, minha bagagem, para uma campanha limpa, independente dos concorrente. Eu não nasci uma campeã de bodybording, eu me tornei uma campeã, então, espero fazer um caminho bonito na política. E quero fazer uma campanha bonita também, de ter o apoio das pessoas na rua e apoio financeiro, para fazer uma campanha leve e bonita, como foi a minha carreira. Não estou muito preocupada com os arranjos, isso eu deixo para quem está trabalhando na minha campanha. 
 
– Na semana passada houve um alívio para a classe política, com a manutenção das vagas atuais de deputados federal e estadual. Se houvesse a queda de três vagas na Assembleia, o quociente subiria para 74 mil votos. Com a manutenção esse índice cai, mas ainda assim, serão necessários muitos votos para garantir uma eleição. E você vai contar nessa disputa com a sua grife, com a sua imagem. É isso?
 
– A minha história é o que eu pretendo desenvolver, justamente por acreditar que ela não acaba só no esporte, que eu posso aprender e buscar novos caminhos, desenvolvendo coisas boas. O sentimento maior é fazer o bem. Chegar com uma cara nova na política. Eu não tenho histórico de parentes políticos. Quero aprender e levar a minha cara para dentro da política, com o sentimento de fazer o bem, que é o que todo mundo está buscando. 
 
– E como está a aceitação da sua candidatura nas ruas?
 
– Quando eu comento algo sobre isso na rua, a aceitação é muito boa. 'Nossa, é disso que estamos precisando, de gente guerreira!'. As pessoas que acompanharam a minha carreira viram como foi difícil. Até podem falar que é uma patricinha (risos), mas foi muito difícil a minha carreira. Ser atleta no Espírito Santo é muito difícil, no Brasil, em geral. Tem melhorado ao longo dos anos, mas eu vivi os altos e baixos e as pessoas se identificam muito, porque a vida é feita de altos e baixos. Isso é legal porque me faz estar próxima das pessoas e me faz sentir que elas querem uma liderança que fale de igual para igual com eles, e não uma pessoa que já é formada para ser político. A população quer uma pessoa que fale a mesma língua e esteja próxima dela. Eu me fortaleço nisso. 
 
– A sua região tem um campo povoado de disputa política…
 
– É, mas se você parar para pensar, é só um pedaço do Espírito Santo. Vou ter muitos adversários, se pensar em uma escala maior. Eu acredito que minha maior dificuldade vai ser comunicar que a atleta que levou a bandeira do Estado, representando cada município, para o mundo, é candidata. Os políticos que fizeram carreira e tem sua base ali vão ter de comprovar o que eles fazem e eu quero comunicar que sou candidata e quero ter a credibilidade dessas pessoas para o novo, baseado na carreira vitoriosa que eu tive, no esforço, no trabalho social que venho fazendo. Isso vai ser a minha esperança para cativar as pessoas a acreditarem na minha candidatura. 
 
– A região em que você está, a região 5, inicia um movimento para se emancipar de Vila Velha. Como vê essa proposta?
 
– Acho que temos que estudar bem essas possibilidades. Eu mesma, como cidadã, tenho de avaliar melhor isso. Sei que tem um vereador, Valter Rocon [PDT], que está à frente deste movimento, sei que na região muitas pessoas são a favor, mas acho que temos que fazer um estudo da área e ver a real necessidade da região. Ainda falta muito para que possamos criar um município mais sustentável. Se conseguirmos levar estruturação para a quinta região, por que não? Mas prefiro avaliar com mais cuidado. Antes de levantar essa bandeira, tenho que estudar de forma mais profunda a questão. Não quero entrar em nenhuma questão que pareça eleitoreira, uma onda rápida, depois tomar um caixote e já era (risos).
 
– E o que você espera da Assembleia, caso eleita?
 
– Só espero coisa boa. Espero ser muito bem recebida, caso venha a ganhar. Penso na vitória, um pedaço de cada vez, e ao chegar lá quero tentar desenvolver o que eu sonho. Por exemplo, a Barra do Jucu, eu aprendi a nadar no rio Jucu, então quero valorizar os programas que existem já de preservação e tratamento da água do rio Jucu. Eu aprendi a nadar no rio e a minha filha hoje não pode nadar. Eu moro de frente para o rio, então é um sentimento de perda muito grande. Quero trabalhar com causas que eu acredito. Quero ver as coias acontecerem. Como tem o rio Jucu, têm outras situações no Espírito Santo que temos de avaliar, que muitas vezes já têm soluções encaminhadas e ficam emperradas por anos. 

 
– A sua candidatura pretende dialogar com a juventude e há uma aposta grande nesse segmento social, que tem demandas diversas. O que você mais ouve em relação às demandas desse público?
 
– Por eu ser do esporte, os esportistas estão chegando muito, os ciclistas também, querem que eu brigue pelas ciclovias e eu concordo, porque também ando muito de bicicleta e vejo que há muitos buracos, as rodovias não têm ciclovia. É uma perda de oportunidade que temos. Essa coisa da mobilidade é uma demanda muito forte, o aquaviário. Então, preciso de ter conhecimento desses projetos para poder realmente ser uma representante desses segmentos. Os músicos também me procuram, porque essas áreas de esporte, turismo e cultura precisam crescer muito. 
 
– No Espírito Santo, essas áreas parecem sempre ter uma importância secundaria e a juventude fica sem opção.
 
– Em qualquer área dessa, é muito difícil trabalhar. Você tem de ir para fora, alcançar o sucesso, para ser valorizado aqui. Comigo foi assim  e com vários artistas é assim. Quero mostrar que eu trouxe o mundo para o Espírito Santo, sou pentacampeã mundial. Eu fui, mas voltei para seguir pleiteando que a gente pode estar aqui e desenvolver projetos importantes. Quantas vezes eu tive dificuldade em divulgar o Estado? As pessoas não sabiam onde ficava o Espírito Santo, e isso me agredia. Um Estado tão lindo, com tantas riquezas naturais, mas o turismo não é explorado.  Não sei por que, quero buscar isso. Esta semana aconteceu o enterro de Dona Darcy, que é a nossa dama do congo da Barra do Jucu. Como o Brasil não conhece a cultura do congo? São essas questões que quero desenvolver. Fico até emocionada, porque isso é sentimento…
 
– Essa questão de identidade é um ponto muito importante para esse momento que o Brasil vive, porque há uma rejeição à classe política muito grande que se deve, em parte, a esse distanciamento da população…
 
– Que não é ouvida e chegou a um ponto que explodiu. Temos novos líderes nessa juventude toda, que estava sufocada e agora grita. 
 
– Você acredita que haverá mudanças na classe política, desse ponto de vista, do surgimento de novas lideranças?
 
– Eu acredito que temos que incentivar pessoas que fazem um bom trabalho em suas áreas, que já trabalham com a população, para que venham para a política. Eu recebo poucas críticas, mas recebo. São criticas no sentido de rejeição ao fato de eu entrar na política, mas são fases da vida. Dizem que vai acabar com minha liberdade. Eu tive a liberdade durante todos esses anos e quero continuar trabalhando, sinto necessidade disso. E os movimentos fizeram muitas pessoas olharem, se interessarem, e estão colocando seus nomes aí, a cara a tapa. 
 
– Há uma tendência em tentar afastar  da política as pessoas de reconhecidos trabalhos desenvolvidos em favor da população, dizendo que isso as macula. Na verdade, deveria ser o contrário, a única forma de depurar a classe política é fazer com que essas pessoas idôneas entrem na política e tomem o lugar de quem fazem essa política antiga, concorda? 
 
– Acho que hoje estamos mudando isso. Pessoas do bem estão incentivando pessoas do bem. Talvez algumas pessoas não tenham coragem, mas incentivam quem quer. De 300 comentários em minha página no Facebook, uns quatro são negativos. Mas são negativos no sentido de que eu tome cuidado, no sentido de alertar, com carinho. 
 
– Há um cuidado para que a sua imagem não seja arranhada…
 
– Isso. 
 
– Você está no palanque do governador Renato Casagrande que, ao que parece, terá uma disputa dura pela reeleição. Como será sua campanha em favor do governador?
 
– Eu sou do PSB, então ‘tô junto’. Acho que  o governador vai mostrar o trabalho dele e as ações que ele já fez. Dentro do esporte, vivemos a melhor fase dos últimos anos. Na área social também, posso falar porque a minha instituição está inserida dentro do programa 'Esporte pela Paz', que faz parte do 'Estado Presente', que fez uma diferença para pelo menos 70 crianças na região 5. Antes não tinha. Os atletas profissionais do Espírito Santo nunca tiveram um incentivo, através do Bolsa Atleta. Temos outro programa que contempla passagens aéreas, quantas vezes na minha vida eu pelejei para conseguir passagem? Hoje temos uma nova realidade. Então, acho que é colocar as ações que têm dado certo e os que foram dados continuidade, porque alguns projetos ele manteve, não interrompeu, só porque era do antecessor, e mostrar para a população. E eu estou aí para ajudar a mostrar. Escolhi o PSB porque acredito no partido e vamos juntos. 

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