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Após ofensas a padre Kelder, deputada aponta calúnia e cobra respeito

Em sessão da Assembleia, Kelder foi acusado de ceder espaço da igreja para realização de bailes “com armas e drogas”

A sessão da Assembleia Legislativa desta segunda-feira (11) foi marcada por uma série de acusações contra o padre Kelder Brandão, pároco da Paróquia Santa Teresa de Calcutá, no Território do Bem, em Vitória. As acusações, seguidas de diversas ofensas, começaram quando o deputado Coronel Weliton (PTB) exibiu um vídeo no qual mostra a suposta realização de “um baile”com armas e drogas” nas dependências da comunidade católica do bairro São Benedito. A deputada Camila Valadão (Psol) reagiu e pediu respeito ao sacerdote, além de apontar que as imagens não são no espaço informado pelo parlamentar.

Camila demonstrou sua solidariedade ao padre, que “foi caluniado, atacado com adjetivos, com afirmações que não condizem com sua longa trajetória de luta e de fé na cidade de Vitória”. Para ela, a afirmação feita por Coronel Weliton mostra “desconhecimento” sobre Vitória, o Território do Bem e a comunidade de São Benedito, uma vez que o local onde ocorria o baile trata-se de uma antiga quadra do Serviço de Engajamento Comunitário (Secri), que se encontra interditada.

“O Secri é uma instituição seriíssima, com um trabalho fantástico com crianças e adolescentes. É uma calúnia e um absurdo sem tamanho”, disse. A parlamentar cobrou dos deputados que “respeitem o padre Kelder, sua história, suas comunidades, seu legado de fé e esperança em defesa da vida”.
Embora não tenha dito ofensas diretas a padre Kelder, após a exibição do vídeo, o deputado Dary Pagung (PSB) “comprou o discurso” de Coronel Weliton, dizendo que “quadra da Igreja é para ajudar na fé, nos louvores”. Disse, ainda, acreditar que a Arquidiocese de Vitória não estava ciente. “Fico abismado ao ver as imagens, ainda mais num local que era para cultuar a Deus”, afirmou. Depois de Dary Pagung, quem falou sobre o assunto, em tom bastante agressivo, foi Lucas Polese (PL).
O parlamentar afirmou estar “estarrecido, e não surpreso”, e prosseguiu dizendo que é “o que se espera quando ouço o nome do padre Kelder relacionado”. Polese acusou o sacerdote de, em 2022, ter utilizado o altar da igreja “para pedir voto para o PT” e recordou as recentes críticas do pároco às ações da PM no Território do Bem. “Um padre mais preocupado em perseguir a polícia, em condenar a polícia, em atacar o trabalho policial, do que pregar a palavra de Deus, o Evangelho”, acusou.
Lucas Polese também mostrou a manchete de uma matéria do jornal A Gazeta sobre dois jovens mortos pela PM em Alvorada, Vila Velha, nessa sexta-feira (8). A manchete trazia a afirmação do pai de um dos jovens, que dizia que o rapaz não estava armado. O deputado acusou o jornal de defender o crime organizado e mostrou vídeos que, segundo ele, mostravam a ação de pessoas ligadas às vítimas, atacando ônibus na região após as mortes.
Em seguida, voltou a atacar padre Kelder, ao dizer que, diante das recentes ações da PM no Território do Bem, o sacerdote “estava militando na Gazeta, no Século Diário, dizendo que a PM perseguia a comunidade dele quando fazia operação lá”. Ainda acusou o pároco de não conhecer “o Evangelho que ele prega”. “Se conhecesse saberia que não roubarás é um mandamento, que aborto vai contra as diretrizes da Igreja Católica, que a ideologia de gênero também vai contra, que o assalto promovido pelo PT vai contra tudo que ele defende”, disse.
Em referência à entrada de policiais com cães farejadores nas dependências da comunidade Imaculada Conceição, em Itararé, ocorrida em julho último, e encarada como uma forma de intimidar Kelder, o deputado disse que “quando a PM vai pegar droga nos arredores da igreja, é contra [o padre] e quer tirar de lá”. Também disse que quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se pronunciava sobre algum assunto “em cinco minutos tinha cartinha da CNBB [Conferência Nacional dos Bispos do Brasil]” e desafiou a instituição a fazer o mesmo em relação a Kelder.
Outro deputado que discutiu sobre a questão de maneira agressiva foi Callegari (PL), que se declarou “católico apostólico romano” e disse que sua religião “é de fé, amor, paz, amor ao próximo, que não condiz com isso [as imagens do baile]. É vergonhoso ver um centro ligado à nossa Igreja sendo usado de maneira vergonhosa por bandidos. Mais estarrecedor é ver um padre, como o Kelder, que é um militante que age dentro da Igreja Católica, a serviço de ideias que não representam o Evangelho do Nosso Senhor, representam a cartilha de Karl Marx”, acusou.


‘Estão tentando intimidar o padre Kelder, mas não vamos aceitar’

Movimentos farão missa em desagravo à entrada de policiais com cães farejadores nas dependências de igreja em Itararé


https://www.seculodiario.com.br/seguranca/estao-tentando-intimidar-o-padre-kelder-mas-nao-vamos-aceitar

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