Antes mesmo da aprovação do projeto Escola Viva, que institui escolas em tempo integral no Estado, os comentários eram de que a primeira escola seria instalada do antigo prédio da Faesa, na região de São Pedro, em Vitória, o que causou muito alvoroço nos meios políticos, já que o prédio pertence a um membro da ONG que financia o projeto, transparecendo que tinha o objetivo de dar destinação ao 'elefante branco' da Faesa . Mas as articulações que levantam suspeitas sobre a parceria vão além desse detalhe.
Nas discussões do projeto, o governo defendia a instalação em cinco unidades de ensino médio do Estado e a equipe da Secretaria de Educação do Estado (Sedu) chegou a visitar várias escolas, o que causou ansiedade em estudantes e professores. Mas o projeto, até por pedido da comunidade escolar, foi mudado para a instalação em uma unidade experimental, fora da rede de ensino.
Uma pesquisa no Diário Oficial do Estado mostra que o governo já pensava em contemplar apenas uma escola, a que seria implantada no prédio da antiga Faesa. No Diário do dia 1 de abril deste ano, foi publicado o processo Nº 69806624, um aviso de chamada pública em que a Secretaria de Educação abria a concorrência para a locação de espaço para instalação de uma escola em vitória com as características localização, setor administrativo, setor pedagógico, setor de vivência e de serviço em região específica. Características que se encaixavam no prédio da Faesa, e só nele.
Segundo a publicação, o imóvel deveria estar localizado na região que compreendia os bairros de Andorinhas, Bela Vista, Comdusa, Conquista, Estrelinha, Grande Vitória, Ilha das Caieiras, Inhanguetá, Joana D’arc, Nova Palestina, Redenção, Resistência, Santa Martha, Santa Tereza, Santo André, Santo Antônio, Santos Reis, São Cristóvão, São José, São Pedro, Tabuazeiro e Universitário.
A edificação deveria ter no setor administrativo uma sala da direção, uma secretaria, um arquivo da secretaria, duas salas de pedagogo, duas salas de coordenador, sala de professores, sala de planejamento para professores, sanitários masculino e feminino para funcionários, sala para instalação de equipamentos de distribuição dos pontos de lógica e telefônico, e depósitos de material didático e pedagógico.
O setor pedagógico deveria contar com mínimo de 20 salas de aula com capacidade para 40 alunos cada, uma sala de recursos, um laboratório de química/biologia climatizado com capacidade para 30 alunos, um laboratório de física/matemática climatizado com capacidade para 30 alunos, uma sala de preparo para os laboratórios, uma sala de artes climatizada com capacidade para 30 alunos, depósito para sala de artes, dois laboratórios de informática climatizados com capacidade para 21 máquinas cada, uma sala de leitura climatizada, quatro sanitários para alunos – dois masculinos e dois femininos, inclusive deficientes físicos (PNE).
Já o setor de vivência deveria atender à necessidade de um auditório para 200 pessoas climatizado, um refeitório para 150 pessoas com cozinha industrial, estoque de alimentos, área de serviço para cozinha e central de gás; uma quadra poliesportiva coberta com arquibancada, vestiário masculino e feminino adaptado para o Programa Nacional de Educação (PNE), e um depósito para material esportivo.
O setor de serviço deveria contar com uma área de serviço para escola, um vestiário masculino e outro feminino para funcionários, uma copa para funcionários, um depósito de material de limpeza, um depósito geral e uma casa de lixo. O prédio da Faesa seria o único da região a preencher todos os requisitos do edital, denunciando que o acordo seria para que o governo atendesse à acomodação daquela estrutura.
O projeto foi aprovado no último dia 10 de junho, mesmo com os protestos da comunidade escolar, que pretendia discutir outras questões relacionadas à educação no Estado. Com a aprovação do projeto Escola Viva, o governo confirmou o aluguel do imóvel para a implantação do programa.
No Diário Oficial do Estado do dia 17 de junho passado, foi publicado o Aviso de Dispensa de Licitação, referente ao Processo nº 69806624/2015, em que a Sedu, através da Comissão Permanente de Licitação de Obras e Serviços de Engenharia, tornou pública a Dispensa de Licitação para locação de imóvel de propriedade da Associação Educacional de Vitória – AEV, inscrita no CNPJ nº 32.478.380/0001-60, situada à Rodovia Serafim Derenzi, 3115, Inhangueta, Vitória/ES, com a finalidade de implementação do Programa de Escolas Estaduais de Ensino Médio em Turno Único, denominado “Escola Viva”, por um período de 60 meses, pelo valor de R$ 62,4 mil.