Quarta, 01 Mai 2024

Com a presidência do partido Coser se coloca no jogo de 2014. Isso é bom ou ruim para o PT?

Com a presidência do partido Coser se coloca no jogo de 2014. Isso é bom ou ruim para o PT?
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
O PT passa este ano pela escolha de sua nova direção. Nova não, já que o grupo do ex-prefeito de Vitória João Coser já comanda o partido e ele agora é o favorito na disputa. Papo de Repórter analisa o reflexo dessa linha personalista para o partido no Estado.
 
 
 
Nerter – Século Diário tem ouvido algumas lideranças do PT e tem chamado a atenção o fato de elas defenderem sempre a reaproximação do partido com os movimentos sociais, que é o berço do PT no País. Mas fica a indagação de como as lideranças vão fazer essa reaproximação, quando observamos a bancada petista na Assembleia tomar atitudes que vão de encontro a essa ideia de mobilização social, como se recusar a assinar a “CPI do Pó Preto”, questionando a iniciativa da proposta. Não dá para entender, não é?
 
Renata – Entender até que dá. A ideia da CPI não agrada ao grupo do qual o PT, ou melhor, as lideranças do PT que hoje ocupam espaços políticos no Estado, estão inseridos. O partido deixou de ser partido para fazer parte de um grupo. Em vez de propor uma linha de governo atenda à sua ideologia e história, o partido no Espírito Santo saiu do protagonismo para ser coadjuvante de um projeto que não é seu e que em nada se alinha com os ideais que nortearam a criação do partido. 
 
Nerter – Essa mudança de perfil garantiu ao PT uma ocupação de espaços no cenário político. Na verdade, permitiu que algumas lideranças ligadas a esse projeto de unanimidade conseguissem ocupar esses espaços. Então, não é o partido que está ocupando esses espaços e sim as lideranças que transformaram o partido em uma ferramenta política para se inserir nesse projetos de hegemonia política. Estratégia da qual vem se beneficiando as lideranças do partido ligadas ao ex-prefeito João Coser. 
 
Renata – E em 2014 não deve ser diferente. Já que Coser tem uma eleição consolidada para o Processo de Eleição Direta (PED), que acontece em novembro próximo. Tanto que bem antes de os debates começarem, Coser já se apresenta como interlocutor do PT e faz os alinhavos para a disputa do próximo ano. Mesmo o partido ocupando uma vaga no Senado, a candidatura de Ana Rita Esgario à reeleição parece ser algo descartado no partido. Uma situação que é desrespeitosa, inclusive. Paralelamente, as especulações tentam tirar a deputada federal Iriny Lopes do caminho da Câmara, espaço que dois aliados do ex-prefeito estão de olho: o vice-governador Givaldo Vieira e o Secretário de Assistência Social e Direitos Humanos Helder Salomão.
 
Nerter – Ou seja, não é uma movimentação que fortalece o partido, mas fortalece algumas figuras do partido. Há uma tentativa de hegemonia interna do grupo de Coser, que transformou a eleição direta, que deveria garantir a democracia em uma forma de manter esse processo hegemônico. Como o voto é direto e o partido se afastou da base, Coser promoveu uma filiação em massa para garantir sua eleição sem maiores problemas. Logo, as demais candidaturas devem garantir apenas a proporcionalidade na direção do partido, mas a permanência no projeto de unanimidade está garantida com vitória de Coser na eleição interna de novembro próximo. 
 
Renata – Por dentro, parece que está tudo caminhando para esse desfecho mesmo. E por fora? Há muitas variáveis que precisam ser analisadas e muitas arestas a serem aparadas na questão presidencial e na disputa ao governo do Estado, que podem trazer problemas para esse projeto de Coser. Há quem diga que o combinado é que Coser apoie o ex-governador Paulo Hartung onde quer que ele esteja. Mas, e se ele estiver no PSDB, erguendo um palanque para Aécio Neves no Estado? O partido pode até passar por cima dessas contradições ideológicas e nacionais, mas será que seu eleitor vai entender isso?
 
Nerter – Parte da militância defende a permanência do partido no palanque de Renato Casagrande, mas se o presidente do partido dele, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos cristalizar sua candidatura ao governo, rachando com PT e PMDB, a situação pode ficar complicada para que o partido permaneça no palanque de reeleição do socialista. Embora Casagrande venha dizendo aos quatro cantos que terá uma postura independente e acolhedora em relação à disputa presidencial, essas questões serão discutidas com a cúpula do PT nacional. 
 
Renata – Até porque na disputa presidencial do próximo ano, o comportamento em relação ao Espírito Santo deve mudar muito. Há no mercado a hipótese da manutenção das três candidaturas alternativas a Dilma – Aécio Neves (PSDB), Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Rede) – para evitar uma vitória de Dilma no primeiro turno. A pressão dos presidenciáveis e as questões econômicas já causaram uma pequena redução da popularidade da petista, o que deve ter acendido um sinal de alerta na cúpula do PT e os aliados devem ser convocados a se posicionar. Neste sentido, se em 2010, o Espírito Santo e sua falta de palanque para Dilma não influenciaram tanto na eleição, em 2014, estados com eleitorado pequeno, como é o caso do Estado, podem decidir a disputa. 
 
Nerter – Pelas movimentações de Paulo Hartung está ficando cada  vez mais claro que há a criação de um cenário propício à união de PMDB e PT, com Ricardo Ferraço puxando o bloco, o PT na vice e Hartung na candidatura ao Senado. Mas será que a Nacional do PT vai engolir essa amizade de Hartung com Aécio. 
 
Renata – Casagrande não vai conseguir erguer seu palanque de unanimidade e Hartung já começou a colocar o bloco na rua. Foi na casa de Casagrande, em Castelo, quando Casagrande estava a alguns quilômetros dali para dar entrevista e bagunçar o coreto do governador. No dia seguinte, sai uma nota em A Gazeta dizendo que Aécio não quer fazer aliança com Casagrande. E o PT, vai ficar com quem?
 
Nerter – Que o apoio do partido desperta o interesse tanto de Hartung como de Casagrande nós sabemos, mas as movimentações do ex-prefeito de Vitória para conquistar o PT e fazer um jogo marcadinho com o ex-governador pode não dar certo. 

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