Talvez ainda nesta sexta-feira (9) o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anuncie a decisão se irá ou não cassar a chapa Dilma-Temer. O que circula nos bastidores do TSE é que Temer se salva pelo placar apertado de quatro votos a três. Independentemente do resultado, a Executiva Nacional do PSDB se reúne na próxima segunda-feira (12) para decidir se deixa o governo Temer.
Lideranças tucanas já admitem o desembarque, entre elas, Ricardo Ferraço. Antes do acirramento da crise política envolvendo o presidente Michel Temer, o senador aceitou a missão de assumir a relatoria da Reforma Trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicas (CAE) do Senado, mesmo sabendo da instabilidade política do governo Temer e da polêmica em torno da reforma, que é vista por parte da sociedade como um pacote de medidas “inimigas do trabalhador”.
Naquele momento, Ricardo Ferraço aceitou encarar o desafio porque precisava criar um fato novo para atenuar os efeitos da delação da Odebrecht que o envolvera no esquema de “caixa 2” da empreiteira.
Com o desembarque iminente do governo, Ricardo Ferraço tornou a ficar apreensivo com o risco de a reforma se perder no processo de rompimento com o governo. Por isso o senador fez questão de ir à imprensa nesta sexta-feira para esclarecer seu posicionamento. Ele crava que o PSDB romperá com o governo, “mas seguirá votando a favor e liderando as reformas, que não são de Temer, e sim da sociedade. Entregar cargos não significa se opor aos interesses brasileiros”, registrou a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo.
O senador acrescentou ao jornal paulista que sair do governo não resolverá os problemas do partido. “Precisamos sentar num divã e fazer 'mea culpa' de nossos erros”.
O discurso de Ricardo, sobretudo no que diz respeito à saída do governo Temer, é compartilhado por lideranças do PSDB capixaba, que parece já ter deitado no divã para fazer a autoanálise.
Há uma semana o diretório do PSDB de Vitória se manifestou pelo desembarque imediato do governo. Um tucano influente do PSDB capixaba disse apoiar o posicionamento de Ricardo em separar a reforma do rompimento com Temer. “Nós [PSDB] pedimos a cassação da chapa Dilma-Temer. Não podemos manter esse vínculo com esse governo. É uma questão de coerência. Não podemos permitir que essa estigmatização que sempre rotulou o PSDB como um partido que fica em cima do muro, volte”.
O tucano também deixou claro que deixar o governo não significa trair o País. “Pelo contrário, o PSDB continuará apoiando as reformas, como defende Ricardo”.
Se o PSDB conseguir desvincular a Reforma Trabalhista do governo Temer, o senador terá ainda outro desafio pela frente: precisará convencer a sociedade, sobretudo a classe trabalhadora, que a reforma é positiva para o País. O sucesso da empreitada, porém, esbarra no perfil do senador, que sempre foi um parlamentar historicamente ligado à classe empresarial, o que já o coloca em suspeição para dizer o que é melhor para o trabalhador.