Sexta, 26 Abril 2024

???Consigo exercer minha função parlamentar sem comprometer a eleição???

???Consigo exercer minha função parlamentar sem comprometer a eleição???

ROGÉRIO MEDEIROS E RENATA OLIVEIRA

 
 
"Cidade não é problema; cidade é solução"  (Jaime Lerner)


   Fotos: Apoena
O deputado estadual Marcelo Santos (PMDB) lidera a corrida eleitoral no município de Cariacica, mas o panorama eleitoral e a expectativa dos meios políticos indicam que ele irá enfrentar uma eleição dura. Mesmo assim, o candidato acredita que conseguirá administrar sua vantagem até o dia 7 de outubro e quer liquidar a fatura no primeiro turno. 
 
Um dos 13 deputados-candidatos, ele garante que a campanha no município vizinho de Vitória não atrapalha sua produção legislativa, mas admite que caso sinta prejuízo no desempenho da função parlamentar, vai pedir licença do mandato para se dedicar à eleição.
 
Em entrevista a Século Diário, o deputado fala do cenário eleitoral que enfrentará no município e dos elementos que apresenta como diferencial em sua campanha. Confia a entrevista com Marcelo Santos. 
 
 
Século Diário – O deputado lidera a corrida eleitoral em Cariacica. O senhor acredita que esta vantagem vai ser sustentada até quando?
 
Marcelo Santos – Até o dia 7 de outubro. Essa é uma frente construída a varias mãos e é uma frente sólida, que nós planejamos o primeiro turno com uma larga vantagem do segundo colocado. 
 
– Há uma questão envolvendo o ex-governador Paulo Hartung, que é do seu partido, o PMDB, e ora está com Juninho, ora está com Lúcia Dornellas. Para que lado vai Hartung em Cariacica?
 
– Eu prefiro não comentar sobre isso. Tenho um respeito muito grande à figura do ex-governador Paulo Hartung. Ele foi governador por oito anos e eu fiz parte de sua base aliada. Esse assunto eu não gostaria de comentar porque está sendo tratado de forma interna dentro do PMDB. Meu objetivo hoje é a disputa eleitoral, apresentar uma boa proposta de governo para a cidade, é para isso que eu estou me dedicando. Gostaria e quero receber o apoio de todas as pessoas de bem, das pessoas que entendem que esses quatro mandatos que exerci me fazem dizer que estou preparado para administrar o município de Cariacica, enfrentando os seus desafios e apresentando as soluções possíveis para enfrentá-los.
 
 
– O senhor enfrenta na eleição deste ano o vice-prefeito Geraldo Luzia, o Juninho (PPS), que se movimenta bastante e é popular no município. Enfrenta também a deputada Lúcia Dornellas (PT), que é a candidata da máquina, e o seu companheiro de plenário Sandro Locutor (PV). Como analisa esse quadro?
 
– Eu vejo com muita naturalidade. Como disse, construímos uma candidatura a várias mãos. Diferentemente de muitos, eu apresento a candidatura do meu vice-prefeito como um alicerce da nossa campanha. Dr. Nilton Basílio é um advogado militante, foi procurador-geral do município de Cariacica, tem uma vasta experiência e, além de tudo, não está em Cariacica a passeio. Tem experiência para assim que assumirmos a prefeitura no dia 1º de janeiro, entrarmos jogando. Com relação aos adversários, não há eleição sem adversários. Nós tratamos os adversários com o devido respeito que merecem e também queremos assim ser tratados. A política em Cariacica, no nosso caso, na nossa candidatura, vai ser de apresentar propostas e aceitar sugestões da sociedade e disputar a eleição no campo das idéias, com muito pé no chão. 
 
– Mas são candidatos competitivos. O senhor espera uma eleição de dois turnos em Cariacica? E qual deles lhe traz mais risco?
 
– Eu gostaria muito de ganhar a eleição no primeiro turno. Tenho pedido votos e apresentando a nossa experiência. Experiência de quatro mandatos no Legislativo: um mandato de vereador e três consecutivos de deputado estadual. Isso a sociedade reconhece, tanto que me reelegeu para a Assembleia. Consegui fazer chegar até a cidade de Cariacica um volume de recursos e obras que realmente conseguiu mudar a cara da cidade, mas não é só isso. Eu respeito todos os adversários, acredito que todos têm seu potencial, mas estamos falando de uma cidade que tem problemas sociais enormes, que tem 349 mil habitantes e precisa de alguém que tenha experiência necessária para governar e aproveitar esse momento importante e rico do Estado. Teremos o reflexo do prejuízo do Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias). Temos outros prejuízos da infraestrutura, mas precisamos enfrentar esses problemas de frente. E aí somente a experiência vai fazer com que a cidade possa se equilibrar e de fato ser considerada como uma cidade que faz parte da Região Metropolitana da Grande Vitória. Nós não podemos perder o bonde da história. Temos duas rodovias federais, duas ferrovias, uma hidrovia, um povo pujante que acredita que nossa cidade vai ser transformada em um lugar cada vez melhor de se viver. Eu entendo, não só por ser filho da cidade, nascido na cidade, que estou preparado para governá-la, respeitando todas as forças que estão sendo postas. Eu não nomeio adversário, esse não é o meu papel. Acho que dentro do processo democrático de direito, todos têm o direito de colocar seu nome. Todos os adversários eu respeito e acho que quem vai fazer a avaliação de quem tem mais ou menos em densidade é o resultado a partir do dia 7 de outubro.
 
– O senhor disputa a majoritária, mas sempre tem que ter o olhar para a proporcional, já que será a Câmara com a qual o senhor vai trabalhar, se eleito. Como vê essa disputa e com que cara ficará a Câmara de Cariacica a partir de 2013?
 
– Nós fizemos duas pernas muito boas na nossa coligação. Uma formada pelo PMDB e PSDB, e outra por DEM, PSC, PR, PSL, PTN e PSDC. Acredito que teremos condição de apresentar a partir do dia 7, vereadores capazes de legislar, de fato, em uma Câmara, que pela sociedade entendo vai ser renovada em um percentual muito grande. Alguns que já têm muita experiência deverão continuar. Mas também quero crer que a sociedade está antenada o bastante para escolher o que é melhor para ela. Não é a coloração partidária que fará um político melhor ou pior, o que vai fazer é apresentação das propostas e o conhecimento. As Câmaras Municipais têm um papel importante, aliado ao objetivo único do desenvolvimento econômico e social do município, respondendo pelo seu papel constitucional de fiscalizar, mas harmonicamente alinhados, eu entendo que teremos uma Câmara mais pautada no desenvolvimento, para que a cidade possa crescer de forma a acompanhar os demais municípios da Grande Vitória. Vamos fazer um grande número de vereadores. Tenho plena convicção disso, mas entendo que as outras coligações também oferecerão nomes que vão somar. A partir de 1º de janeiro estarão todos alinhados num projeto de desenvolvimento econômico e social da cidade, independentemente da coloração partidária. 
 
– O prefeito Helder Salomão em seu primeiro mandato teve dificuldade de interlocução com a Câmara, o que acabou prejudicando o trabalho. Pelo panorama de divisão de pernas nas coligações proporcionais dos candidatos colocados em Cariacica, percebemos que a Câmara poderá ficar muito equilibrada, sem uma grande maioria para um dos grupos que disputam. Como o senhor vê isso?
 
– Com muita naturalidade. Eu tenho uma interlocução muito boa com todos os pré-candidatos, nunca nomeei adversário e nunca olhei de forma diferente para qualquer possibilidade de candidatura, independentemente de estar no meu palanque ou não. Como eu disse, respeito todas as candidaturas, seja no campo majoritário, seja no campo proporcional. Elegendo-me prefeito, ao lado do Dr. Nilton Basílio, vou chamar todos os vereadores para o projeto. E esse projeto não é pessoal, não é individualista, é coletivo, que abrange toda a sociedade, e tenho certeza que a Câmara fará parte deste projeto. Quero contar com cada um dos vereadores. 
 
– Durante os dois mandatos do prefeito Helder Salomão, o deputado nunca assumiu uma postura de oposição e trabalhou para levar recursos para o município. O senhor espera que, se eleito, o grupo do prefeito faça o mesmo?
 
– Acho que estamos vivendo uma nova geração da política. Eu quero crer que em Cariacica, por mais que exista ainda um pouco disso, a política do quanto pior melhor deve ser eliminada. E a política da oposição por oposição, da mesma forma. Eu tenho colaborado com o governo Hélder, desde o primeiro momento que ele assumiu a prefeitura de Cariacica e assim o farei até o último dia de seu mandato. E quero contar com a colaboração dele, se for eleito. Assim como quero contar com a colaboração de todos os partidos que estão no nosso palanque e os que estiveram fora na condição de oposição. Quero ser um prefeito democrático, não apenas escutar elogios, quero também ter bom ouvido para as críticas, para que possa aprimorar e fazer um governo melhor. Não quero um governo em que eu não consiga enxergar os defeitos dele. Aí está o papel da oposição consistente, que me ajudará a corrigir as imperfeições que possa ter uma administração, que é normal em uma prefeitura grande, com muitos problemas, aí eu vou precisar do apoio de todos. Não posso questionar o prefeito Helder, que foi eleito democraticamente e reeleito. 
 
– Pelo panorama que a Grande Vitória vem apresentando, a tendência é de que Cariacica também tenha um grande número de indecisos neste primeiro momento da campanha. A cidade não tem emissoras de TV, a campanha será apenas no rádio. Como fazer para conquistar o voto deste eleitor indeciso?
 
– Eu sou um político que faz campanha na rua. Faço caminhada nos bairros todos os dias, pela manhã e à tarde. Visitando, conversando, apresentando nossos projetos e escutando a sociedade de todas as localidades do município, de todas as raças e qualquer credo. Quero absorver o máximo possível do que a população de Cariacica nos oferece, para a partir do dia 1º de janeiro, apresentar soluções. Problemas comuns que muitas vezes passam despercebidos, porque de tão comuns, acabam se transformado em uma coisa que você não consegue enxergar. E essa experiência que eu tenho dos mandatos que exerci na Assembleia e na Câmara me dá a condição de saber quais as demandas que um vereador tem. Por isso, na condição de Executivo, vou trabalhar junto com a Câmara. Ou seja, estou nas ruas pendido votos e ouvindo a população no que ela mais deseja. E Cariacica não é uma cidade com problemas lineares. Porto de Santana tem um problema e Santana tem outro.  Campo Grande tem um problema e uma solução diferente e assim acontece nos 100 bairros que compõem Cariacica. Cada lugar tem um problema e uma solução diferente. E é isso que eu tenho feito, percorrido as ruas e avenidas da cidade, os bairros, conversando com os moradores, escutando os problemas, as suas reclamações, e colocando isso dentro de um corpo técnico para que ao final tenhamos um programa de governo e possamos apresentar para a sociedade. A partir do dia 1º de janeiro quero ter uma equipe técnica competente e com flexibilidade na política para ter essa relação com a sociedade e com o Legislativo.
 
– O senhor é um dos 13 deputados que disputam as eleições municipais este ano. Como fica o trabalho parlamentar nesse período?
 
– Acho que é natural que nesse período a produção legislativa na Assembleia caia, justamente porque é um período em que não é apresentada muita matéria. O governo e os demais poderes apresentam matérias no início do ano legislativo e no final do ano. Neste meio do ano, o que nós tínhamos que votar teoricamente, votamos antes do recesso e o que ficou acabamos de eliminar na primeira ou segunda quinzena do retorno. As matérias em tramitação são oriundas dos próprios parlamentares. Eu já decidi com minha equipe de campanha que se estiver causando qualquer prejuízo ao trabalho legislativo, eu tirarei licença. Em princípio não está atrapalhando, consigo exercer minha função parlamentar sem comprometer a eleição. Mas a partir do momento que eu perceber que não estou produzindo, tirarei licença. 
 
– O líder do governo chamou a atenção esta semana para a chegada do Orçamento do Estado no dia 30 de setembro, uma semana antes da eleição. Não vai ficar apertado?
 
– Não, porque ele chega nesse período. Mas depois os parlamentares vão ler e apresentar emendas. Depois de apresentar emendas, vai para a Comissão de Finanças, mas antes entra na Comissão de Justiça, depois é que os deputados têm um prazo para apresentar emendas, depois Comissão de Finanças, para acatar ou não as emendas, em seguida, no mês de dezembro, ele vai para o Plenário. Não há qualquer complicação com relação à chegada do Orçamento. A chegada é justamente no término do processo eleitoral. Caso exista segundo turno, aí, naturalmente, terei que me ausentar, caso perceba que o mandato ficou comprometido. 
 

– Um dos grandes problemas na Grande Vitória é que quando se discute os problemas dos municípios, e vemos isso nas propostas dos candidatos nas eleições, acontece isoladamente. Como o senhor vê essa questão da Região Metropolitana de Vitória?
 
– Vou lutar muito para que possamos de fato instituir a Região Metropolitana da Grande Vitória. Nós temos problemas comuns como lixo, água, infraestrutura, o sistema metropolitano de transporte...Acho que temos a partir de 1º de janeiro, os novos prefeitos, que fazer uma reunião em que os prefeitos possam se unir, integrando de fato a Região Metropolitana e pedir apoio do governo. O governo tem que ser um colaborador e não um gestor da Região Metropolitana. O governo pode colaborar e os municípios se organizarem e discutirem problemas comuns. Vitória, se fizer uma obra na decida da Segunda Ponte, cria um problema de engarrafamento em Cariacica, da mesma forma que acontecerá em Vitória se Cariacica fizer o mesmo. Vila Velha e Serra idem. As cidades têm que se comunicar. Poderíamos criar, por exemplo, e o governo poderia ajudar nisso, a Guarda Civil Metropolitana. Nós temos um Batalhão Metropolitano, um CRE Metropolitano, a tal Região Metropolitana, por que não a Guarda Metropolitana, a Iluminação Metropolitana? Por que não uma Secretaria de Assuntos Metropolitanos? Foi uma ideia minha que o governo criou. Se temos a maioria da população na região e também a maior parte dos problemas aqui, por que não se ter uma atenção do governo e dos municípios na Região Metropolitana? O PIB está na região, então temos que ter uma atenção maior para que de forma ordenada possamos fazer com que ela cresça de forma igual. Não pode Vitória crescer e Cariacica não. Tem que ter uma paridade em relação a isso. 
 
– A impressão que se tem é que há um preconceito dos municípios ricos com os que ainda não alcançaram o mesmo desenvolvimento...
 
– Aí está a importância do governo do Estado participar, ele pode equilibrar o jogo. Se quisermos fazer um consórcio de ações, poderemos ter corrigida essa capacidade de investimento com o governo do Estado. Mas o governo precisa enxergar os municípios de forma metropolitana mesmo. Não dá para fazer um convênio com Cariacica e outro com Serra. As ações têm que ter impacto em todas as cidades. 
 
– Como o senhor vê a participação do governador Renato Casagrande no processo eleitoral, sobretudo, em Cariacica?
 
– O governador tem cumprido com tudo que ele disse. Ele disse que não iria interferir na eleição e esse é o meu sentimento em Cariacica. A decisão partidária é uma, e a decisão de governo é outra. Ele é governador do Espírito Santo, de todos os capixabas, não pode interferir no processo eleitoral, a não ser que haja uma visível possibilidade de retrocesso em que o crime organizado queira assumir uma prefeitura... aí naturalmente todos nós entraremos para impedir isso. Mas o governador tem sido um estadista e um democrata. Ele tem deixado as discussões partidárias acontecerem. Ele é partidário, e aí você dizer que ele não torce por uma candidatura ou outra vai ser desmentido, mas ele tem se pautado e se portado com aquilo que ele se comprometeu. 
 
Essa é uma eleição importante para o futuro da nossa cidade. Uma eleição em que a população não pode perder a oportunidade de eleger aquilo que é melhor para ela. E o melhor para administrar a cidade de Cariacica é quem tem experiência. Não dá para fazer de Cariacica um palco de estreia. Não, a cidade de Cariacica é uma cidade muito grande, com problemas sociais, com uma receita que não é tão pequena, mas que também não é a maior. O que precisamos agora é aplicar uma gestão moderna, eficiente e com alguém que tenha experiência, relacionamento e competência. E me desculpe a falta de modéstia, esses predicados todos, eu e Dr. Nilton Basílio temos. Estamos preparados para enfrentar os desafios que Cariacica oferece para a gente. 

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