Cinco meses após uma confusão na Assembleia sobre o relatório final da CPI dos Empenhos, os trabalhos do colegiado finalmente chegaram ao fim. Os deputados que compõem o grupo aprovaram na tarde desta quarta-feira (16) o texto do deputado Euclério Sampaio (PDT) com apenas duas alterações propostas pelo próprio relator.
O pedetista pediu a exclusão no rol dos indiciados ex-secretários de Justiça, Aílton Xavier, e de Transporte e Obras Públicas, Fábio Damasceno. Com isso o documento não precisa mais passar pelo plenário e os encaminhamentos para as autoridades responsáveis pela investigação podem ser iniciados.
Com as modificações no texto inicial, a CPI concluiu que três secretários do governo Renato Casagrande (PSB) realizaram, no final de 2014, pagamentos sem os devidos empenhos. Foram mantidos no documento como denunciados os ex-secretários Iranilson Casado (Desenvolvimento Urbano), Tadeu Marino (Saúde) e Maurício Duque (Fazenda).
Nos meios políticos a briga política que se estabeleceu dentro da CPI chamou mais atenção do que o objeto da investigação. A partir da saída do então relator do colegiado, Rodrigo Coelho (PDT), que assumiu a pasta da Assistência Social, houve uma mudança na composição da comissão.
O então presidente Euclério Sampaio se tornou relator, e o líder do governo Gildevan Fernandes (PMDB), assumiu a presidência. A entrada de outros dois aliados palacianos ??? o vice-líder do governo Erick Musso (PMDB), e o presidente da Comissão de Justiça da Assembleia, Dary Pagung (PRP) ??? levantou suspeição sobre o viés político da CPI, que teria sido criada com o propósito de incluir o ex-governador Renato Casagrande entre os denunciados. A manobra estaria sendo orquestrada pelo Palácio Anchieta, numa estratégia do governador Paulo Hartung (PMDB) de tirar o rival socialista da disputa de 2018.
Euclério Sampaio, porém, argumentou em vários momentos na Assembleia, que não havia como indiciar o ex-governador porque ele não fora ouvido na CPI, já que não era o ordenador de despesa direto nos contratos que estavam sendo analisados pelo grupo. A impressão da classe política é de que depois do episódio da suspensão do relatório de Euclério e prorrogação da CPI pelo presidente Gildevan Fernandes, a corda ficou esticada demais e não havia mais clima para tentar uma manobra no colegiado e os aliados do governo preferiram deixar o relatório como está.