Após a eleição de 2014, os deputados estaduais fecharam acordo de apoio ao governador Paulo Hartung (PMDB). Até mesmo os deputados do PSB, partido do ex-governador Renato Casagrande evitou embates com o Palácio Anchieta. Dois anos após o início do mandato, a situação na Assembleia apresenta fissuras nos partidos e as posições divergentes nas bancadas são cada vez mais explícitas.
Pelo menos cinco partidos apresentam uma situação de divergência entre seus membros. O caso mais evidente é o do PDT, que tem três deputados estaduais na Assembleia. Dois deles, Josias da Vitória e Euclério Sampaio têm se colocado na oposição aberta ao governador Paulo Hartung, com uma série de críticas a secretários e à condução do governo pelo peemedebista.
Na contramão da oposição da dupla pedetista, Rodrigo Coelho é o líder do governo na Casa. O deputado migrou do PT para o PDT pelas mãos do governador. O presidente estadual do partido, deputado Sérgio Vidigal, vem tentando enquadrar os opositores, mas a situação está cada vez mais insustentável no partido.
O PT também está dividido, dentro e fora da Assembleia, em relação ao seu posicionamento de se manter no governo do Estado. No plenário, o deputado Nunes é integrante fiel da bancada governista, mas o deputado Padre Honório faz críticas esporádicas ao governo, sobretudo em relação às políticas que envolvem os interesses do interior do Estado, sobretudo no tema educação no campo, uma das bandeiras do deputado.
Padre Honório compartilha de alguns posicionamentos do principal adversário do governador na Assembleia, o tucano Sérgio Majeski, que faz oposição sistemática e franca ao governo, o que vem causando problemas, sobretudo porque o vice-governador, César Colnago, é também tucano.
Os dois travaram um embate duro durante a prestação de contas do então governador em exercício na Assembleia. Já o outro deputado do PSDB, Marcus Mansur, costuma ser afável ao Palácio Anchieta, mas, como líder, não poda seu colega de bancada, deixando Majeski fazer seus apontamentos sem qualquer repreensão.
Recém chegado à Casa, na suplência de Guerino Zanon (prefeito de Linhares), José Esmeraldo também tem rompantes de críticas ao secretariado de Hartung, o que cria uma saia justa no PMDB, partido do governador. Sem grande diplomacia, o deputado reafirma ser da base, mas que não leva desaforo para casa.
A mais recente divergência vem do DEM. O partido que tem o secretário de Desenvolvimento Urbano do Estado, Rodney Miranda, também tem o imprevisível Theodorico Ferraço, que não tem feitos ataques contundentes ao governo, mas tem passado seus recados “cifrados”, bem à sua maneira. A declaração de apoio a Renato Casagrande (PSB) – desafeto de Hartung – no encontro dos socialistas, em Cachoeiro de Itapemirim, nesse fim de semana, deixa demarcada uma oposição de Ferraço, em relação ao governador, que se dará em outro campo político, para além dos microfones da Assembleia.