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Enivaldo se irrita com relator e abandona CPI da Sonegação

O deputado Enivaldo dos Anjos (PSD) não é mais presidente da CPI da Sonegação, que ele presidia na Assembleia. O clima fiou quente na reunião do colegiado na manhã desta terça-feira (22), quando o relator da CPI, deputado Cacau Lorenzoni (PP), pediu adiamento do depoimento do presidente da Vale, Murilo Ferreira. 
 
Enivaldo e Cacau discutiram e o então presidente do colegiado disse que se o depoimento fosse adiado, ele abandonaria a Comissão e acabou deixando o plenário Dirceu Cardoso, onde ocorria a reunião. Com a saída de Enivaldo, o suplente da vaga, deputado Marcus Mansur (PSDB), assumiu a presidência da Comissão, que foi prorrogada recentemente por mais 180 dias. 
 
A confusão porque a Vale enviou à CPI um ofício com vários documentos sobre quitação de impostos com o governo. Alegando necessidade de tempo para analisar a papelada, Cacau Lorenzoni quis adiar o depoimento de Ferreira para a próxima terça-feira (29), o que irritou Enivaldo dos Anjos. Como os demais membros concordaram com a sugestão de Cacau Lorenzoni, Enivaldo deixou a sessão e a presidência do colegiado. 
 
Criada em março deste ano com a justificativa de investigar supostas irregularidades no pagamento e possível sonegação de impostos por empresas petrolíferas que atuam no Estado, a CPI foi vista, em um primeiro momento, como um canal de desagravo dos prefeitos presos na Operação Derrama, entre eles o deputado Guerino Zanon (PMDB) que faz parte da comissão e Edson Magalhães (DEM), que embora tenha sido escolhido como suplente, não integrou a CPI, desistindo da vaga, mas que sempre acompanhou os trabalhos. 
 
Outro que também viu na CPI um mecanismo para movimentação política foi o presidente da Assembleia, Theodorico Ferraço (DEM). A mulher dele, a ex-prefeita Norma Ayub (DEM) foi presa na Operação Derrama . Ferraço foi ao colegiado para fazer várias acusações contra o desembargador Pedro Valls Feu Rosa, a quem culpa pela operação; e contra o delegado Rodolfo Laterza, que coordenou a operação Derrama no Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas (Nuroc).
 
A partir daí, o colegiado se dedicou a investigar as dívidas das empresas petrolíferas no Estado, o que acabou trazendo um calhamaço de documentos ao conhecimento dos deputados. Eles alegaram, porém, falta de pessoal técnico para analisar os dados, o que culminou com a suspensão dos trabalhos. 
 
Com a prorrogação dos trabalhos, anunciada na semana passada, a expectativa era de que a CPI entrasse pela seara das grandes empresas sonegadoras do Estado, mas hoje a impressão é de que a Comissão perdeu seu foco principal. 

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