O governador Paulo Hartung (PMDB) encerrou no mês passado as nomeações da nova cúpula da Agência de Serviços Públicos de Energia do Espírito Santo (Aspe), que é responsável pela fiscalização das concessões de gás natural e futuramente até dos serviços de energia elétrica. Chama atenção que todos os novos dirigentes da agência faziam parte do comando Escelsa (hoje EDP Escelsa), que fornece energia para os capixabas. O próprio governador também fez parte dos quadros da empresa como membro do Conselho de Administração.
Desde abril deste ano, a Aspe é comandado pelo engenheiro civil Henrique Mello de Moraes, que já presidiu vários órgãos governamentais, entre eles, a Espírito Santo Centrais Elétricas S/A (Escelsa), concessionária que foi vendida para o grupo EDP. Na área de energias, ele foi consultor das Centrais Elétricas do Amazonas (Celetramazon), gerente na Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A (Eletronorte) e diretor do consórcio Engevix-Themag nas obras da Usina Hidrelétrica de Tucuruí no estado do Pará.
No mês de maio, o economista Carlos Yoshio Motoki foi nomeado diretor administrativo e financeiro da Aspe. Por mais de uma década, ele atuou em várias funções na companhia, entre elas, a de diretor operacional e de diretor administrativo e sustentabilidade. No último dia 22 de julho, Hartung nomeou o engenheiro eletricista Amadeu Zonzini Wetler na função de diretor técnica da agência estatal. Ele também fez parte dos quadros da Escelsa, mais recentemente como gestor executivo de Medição e Serviços Comerciais da concessionária privada.
A nova cúpula da Aspe deve atuar nos procedimentos para a autorização da descentralização das atividades de fiscalização do setor elétrico, que hoje fica exclusivamente a cargo da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Desde abril de 2012, a Aspe firmou um acordo de interesses com a agência nacional com o objetivo de estabelecer as condições necessárias para o exercício da gestão partilhada dos serviços públicos de energia elétrica. O acordo visa a habilitação da Aspe para execução de atividades complementares de regulação, controle e fiscalização dos serviços e instalações de energia.
Chama atenção que o próprio governador Paulo Hartung chegou a integrar os quadros da empresa entre maio de 2012 a março de 2014, quando foi membro do Conselheiro de Administração do grupo EDP – que controla a concessionária. Além disso, a empresa de consultoria Éconos, antiga sociedade entre o peemedebista e o seu ex-secretário da Fazenda, José Teófilo de Oliveira, teve a EDP Escelsa na sua lista de clientes. Entre março de 2010 e dezembro de 2011, período em que Hartung não figurava no quadro societário da consultoria, a empresa realizou sete pagamentos no valor de R$ 20 mil cada à Éconos.
