Na entrevista concedida ao jornal Valor Econômico dessa quarta-feira (28), o governador Paulo Hartung (PMDB) mais uma vez saca o que tem sido seu coringa na construção de um discurso que lhe garanta a projeção nacional, a organização das contas, com os salários dos servidores pagos em dia.
“ Estou aqui fazendo o meu dever de casa. Não é da boca para fora. Tive que enfrentar situações muito difíceis para fechar o ano com as contas em dias. Vou fazer um superavitizinho. Tô fazendo. Meu estado é pequeno, mas a complexidade é para todo mundo”, disse o governador.
Ao ser questionado se o tal superavitizinho estaria com os dias contados se a economia não reagir DM 2017, o governador preferiu desviar o assunto para o peso que a desaceleração pode causar para o trabalhador. O governo anunciou um superávit de R$ 40 milhões no balanço de 2016, que ele mesmo reconhece ser bem modesto.
A verdade é que todo o discurso de recuperação econômica baseada na excelência de suas medidas de austeridade pode ir por água abaixo se o governo não conseguir manter um dos pontos fundamentais da construção desta narrativa que são os salários dos servidores em dia.
O problema é que a probabilidade de que isso venha acontecer no próximo ano é grande. Por isso, o governador precisa encontrar caminhos para manter esse equilíbrio nas contas, para evitar que seu capital fora do Estado não seja arranhado.
Uma das medidas já apareceu nesta quinta-feira (29) com o anúncio pelo Comitê de Controle e Redução de Gastos Públicos de que haverá o corte de 5% de servidores contratados em designação temporária, os chamados DTs, o que equivale a cerca de mil pessoas. A realização de concursos públicos continuará suspensa durante 2017. São medidas que podem comprometer o serviço oferecido pelo governo à população, mas que vão segurar a folha de pagamento dentro do limite.
O comitê de contensão é formado pela secretária de Estado do Governo, Ângela Silvares, e o secretário de Estado de Economia e Planejamento, Regis Mattos, detalharam o novo decreto de contenção de gastos. O governo do Estado está no limite de alerta de gastos com servidores. O grupo tenta ajustar as planilhas, já que o governo está quase no limite da Responsabilidade Fiscal, com 45,46% do orçamento estadual comprometido com o pagamento de pessoal.