Os deputados estaduais Marcelo Santos (PMDB) e Freitas (PSB) encabeçam a lista de candidatos eleitos para Assembleia Legislativa com maiores doações no pleito deste ano. De acordo com as prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral, o peemedebista arrecadou R$ 740 mil, enquanto o socialista juntou R$ 650 mil na campanha. Ao todo, o grupo de 29 parlamentares eleitos – excluído a ex-prefeita de São Gabriel da Palha, Raquel Lessa (SD), cujos dados não foram entregues nessa terça-feira (4) – arrecadaram R$ 8,32 milhões para a disputa (veja a tabela completa abaixo).
A renovação da bancada estadual – apenas 14 dos 30 atuais parlamentares vão retornar na próxima legislatura – também aparece na relação de doadores de campanha. Dos dez eleitos que mais arrecadaram recursos, seis deles vão estrear ou retornam ao Legislativo. Exemplo do terceiro deputado na lista de arrecadação, o auditor da Prefeitura de Cariacica, Almir Viera (PRP), que somou R$ 506,7 mil em receitas de campanha. Ele é seguido por dois ex-prefeitos: Guerino Zanon (PMDB), de Linhares e ex-presidente da Assembleia, que arrecadou R$ 487 mil, e Edson Magalhães (DEM), de Guarapari, com R$ 395 mil.
A maior parte desses recursos foi oriunda de tradicionais financiadores de campanhas políticas no Estado, como grandes projetos, empreiteiras, grupos econômicos, além de doações dos próprios candidatos. Chama atenção nas prestações de contas dos “recordistas”, a presença de empreiteiras e grandes projetos na lista de doares. Marcelo Santos recebeu R$ 60 mil de subsidiárias da mineradora Vale mais R$ 50 mil da Cotia, R$ 60 mil da Tecnocryo Gases e R$ 29,5 mil da indústria de bebidas Ambev. Enquanto Zanon faturou R$ 98 mil do mesmo núcleo de empresas da Vale, que é impedida de fazer doações diretas aos candidatos, além de R$ 30 mil da Aracruz Celulose (hoje Fibria), outros R$ 150 mil da Construtora OAS e R$ 100 mil da Brametal.
Já Freitas e Edson Magalhães recorreram ainda a empresas locais, muito embora também se beneficiaram dos financiadores mais tradicionais. O socialista recebeu R$ 25 mil da Fibria, R$ 200 mil da empresa Saneduto Tecnologia e R$ 140 da Soma Urbanismo, esta última que concentra os seus negócios na região norte do Estado – base político do deputado que é de São Mateus. Já o ex-prefeito de Guarapari teve o apoio do Grupo Solví (R$ 100 mil), Agência Marítima Universal, da família Scopel (R$ 50 mil), Supermercados Santo Antônio (R$ 20 mil) e da empreiteira Norberto Odebrecht (R$ 12 mil, oriundos do Diretório Estadual).
Completando o grupo dos dez maiores arrecadadores estão o sindicalista José Carlos Nunes (PT), que recolheu R$ 389,1 mil; o vereador de Aracruz, Erick Musso (PP), R$ 369,8 mil; o vice-prefeito de Vila Velha, Rafael Favatto (PEN), R$ 369,4 mil; além dos reeleitos Hércules Silveira, R$ 347,1 mil; e Rodrigo Coelho (PT), com R$ 337,1 mil, único deste rol que não recebeu verbas dos financiadores triviais. Já o seu futuro colega petista recebeu R$ 95 mil da Queiroz Galvão, por meio do diretório nacional, além de outros R$ 50 mil da campanha da deputada federal Iriny Lopes (PT), que não foi reeleita.
No caso dos novos deputados Erick Musso e Rafael Favatto, eles chegam ao Legislativo bem entrosados com tradicionais doadoras. O progressista recebeu R$ 20 mil da Fibria e da Carta Goiás – fábrica de papel em Aracruz –, além de outros R$ 50 mil da Mantovani Material de Construção e R$ 44 mil da empresa Meridional Material de Construção. Já o vice-prefeito recebeu R$ 50 mil da Construtora OAS, R$ 48 mil da Agência Marítima e R$ 25 mil das empresas Unipel Engenharia e das Organizações Guerra (Orguel).
Entretanto, eles não se aproximam do reeleito Doutor Hércules, que recebeu R$ 210 mil de subsidiárias da Vale e mais R$ 25 mil da Norberto Odebrecht. Os próximos três eleitos da lista também receberam verbas de grandes projetos: a reeleita Luzia Toledo (PMDB) que arrecadou R$ 329,7 mil (sendo R$ 129,5 mil de empresas da Vale e R$ 20 mil da Fibria); o vereador da Serra, Bruno Lamas (PSB), com R$ 326,8 mil (R$ 45 mil da mineradora e mais R$ 40 mil da ArcelorMittal Tubarão, antiga CST); e do reeleito Josias Da Vitória (PDT), que juntou R$ 325,6 mil (R$ 60 mil da Vale, mais R$ 20 mil da Fibria e da MB5, empresa de importação e exportação).
Completam a relação dos vinte maiores arrecadadores entre os eleitos: Gilsinho Lopes (PR), R$ 300,2 mil; Theodorico Ferraço (DEM), R$ 284,9 mil; Sandro Locutor, R$ 250,1 mil; Euclério Sampaio (PDT), R$ 238,6 mil, Eliana Dadalto (PTC), R$ 232,8 mil; Gildevan Fernandes (PV), R$ 204,4 mil; e Janete de Sá, com R$ 203,1 mil. Deste grupo, apenas Eliana será uma figura nova na Casa – a futura parlamentar é atualmente vice-prefeita de Linhares. Em relação aos principais doadores figuram a Vale – que doou R$ 90 mil para Janete, líder sindical dos trabalhadores da empresa, e R$ 30 mil para Gildevan, que é atual presidente da Comissão de Meio Ambiente do Legislativo. O deputado “verde” recebeu outros R$ 15 mil da Fibria.
A lista dos 29 candidatos eleitos que prestaram contas à Justiça Eleitoral é completada pelo médico Hudson Leal (PRP), que arrecadou R$ 196,4 mil; o ex-deputado Cacau Lorenzoni (PP), R$ 194 mil; o presidente da Câmara de Vereadores de Cariacica, Professor Marcos Bruno (PRTB), R$ 176,4 mil; o reeleito Dary Pagung (PRP), R$ 114,8 mil; o ex-conselheiro do Tribunal de Contas, Enivaldo dos Anjos (PSD), R$ 109,9 mil; Padre Honório (PT), R$ 103,3 mil; Pastor Marcos Mansur (PSDB), R$ 79,5 mil; o apresentador de TV, Amaro Neto (PPS), candidato mais bem votado no pleito que recolheu R$ 45,89 mil; e do professor Sérgio Majeski (PSDB), que arrecadou somente R$ 18 mil para a campanha.
No caso de Amaro Neto, a maior parte das doações foi oriunda da campanha do governador Renato Casagrande – que respondeu por R$ 28,8 mil em recursos. O campeão de votos também foi ajudado por Soraya Mannato, mulher do deputado federal reeleito Carlos Mannato (SD), com R$ 13 mil. Já o tucano recebeu R$ 5 mil da ArcelorMittal Tubarão, outros R$ 4 mil do empresário Victor Pignaton, dono do colégio Leonardo da Vinci; e mais R$ 4,2 mil em doações do próprio candidato.
Em relação aos eleitos que mais “investiram” em suas candidaturas, figuram Euclério Sampaio, que tirou do próprio bolso R$ 200,4 mil; Marcelo Santos, R$ 165 mil; Freitas, R$ 135 mil; Hudson Leal, R$ 97,5 mil; Rafael Favatto, R$ 86,8 mil; Doutor Hércules, R$ 75 mil; Guerino Zanon, R$ 66,8 mil; Almir Vieira, R$ 45 mil; Luzia Toledo, R$ 34,6 mil; Dary Pagung, R$ 34 mil; e Marcos Mansur, com R$ 27 mil.
De acordo com o sistema de divulgação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ex-prefeita Raquel Lessa não apresentou a prestação de contas final. O prazo para entrega das informações se esgotou nessa terça-feira (4). A futura deputada só apresentou a segunda parcial da prestação de contas, que na época mostrou a arrecadação de apenas R$ 4,8 mil – valor muito distante dos reais gastos de campanha. Até mesmo nos casos dos demais eleitos, os valores declarados acabam destoando da estrutura de campanha vista nas ruas e por observadores políticos, porém, a Justiça Eleitoral admite como a comprovação dos gastos ao longo da disputa.
Confira a lista completa dos parlamentares eleitos: