A movimentação nos meios políticos, envolvendo prefeito reeleito da Serra, Audifax Barcelos (Rede), na qual ele estaria se apresentando para a sucessão estadual, em 2018, deve ser avaliada com cautela. Mas nos meios políticos, essa articulação é vista mais como uma manobra em outra direção. A discussão atenderia o interesse do governador Paulo Hartung (PMDB), com quem Audifax já vem buscado aproximação. A notícia “plantada” teria mesmo a intenção de desidratar os movimentos do ex-governador Renato Casagrande (PSB), virtual candidato ao governo na próxima eleição. O socialista apoiou Audifax na disputa à reeleição contra Sérgio Vidigal (PDT) – um dos únicos candidatos que teve o apoio explícito do governador Paulo Hartung (PMDB).
Depois de vencer uma dramática e disputada eleição contra o arquirrival, Audifax precisa lidar com a situação financeira do município, equilibrar as contas e cumprir promessas de campanha. Com a irritação do eleitorado em relação à falta de compromisso da classe política, dificilmente o prefeito deixaria a prefeitura no meio do mandato para uma disputa ao governo do Estado em 2018, ainda mais à frente do segundo maior eleitorado do Estado. Sem contar a carga emocional que Audifax agregou à disputa, transformando sua vitória a uma intervenção divina. Isso cria um compromisso muito grande com o eleitorado que o elegeu.
Como o cenário está difuso para 2018, depois que o governador Paulo Hartung deu início a um movimento de reagrupamento da fila sucessória e de abertura de vagas para as outras posições no palanque, Audifax também se coloca no cenário como mais uma liderança a entrar na fila. Mas a posição do prefeito é estratégica.
Audifax venceu a disputa com o apoio do ex-governador Renato Casagrande, que princípio tentaria voltar ao governo em 2018. Com um aliado se insinuando na direção do Palácio Anchieta, a movimentação do socialista fica enfraquecida. Como o PSB tem poucos quadros para erguer um palanque sozinho, o afastamento da Rede, de Audifax, é um duro golpe na construção de um palanque do ex-governador.
O governador não dá sinais ainda de qual espaço vai disputar na eleição de 2018. Ele se movimenta em direção ao cenário nacional, mas não pode ser descartado como um virtual candidato à reeleição. Neste sentido, teria de limpar o campo para sua movimentação, o que significaria tirar Casagrande do caminho, a única peça desalinhada em seu caminho.