A eleição de João Coser à frente do PT capixaba, no último dia 6, está sob suspeição. A nacional do partido acolheu recurso apresentado pela chapa Pra Voltar a Sonhar, encabeçada pelo deputado federal Givaldo Vieira, e vai apurar o se houve irregularidade na votação que reconduziu Coser à presidência do partido.
Uma comissão de ética vai apurar as denúncias de cooptação de delegados por parte da chapa de Coser. Na próxima semana, um membro do partido virá ao Estado para apurar as denúncias. Posteriormente, a conclusão da apuração será levada à Comissão de Ética na nacional do partido. Se confirmadas as denúncias, a sigla pode decidir pela realização de uma nova eleição.
Nos recursos enviados à Executiva Nacional e ao Congresso Nacional do PT, o grupo de Givaldo apresentou declarações de delegados que disseram sofrer ameaças, coações e assédio. A chapa pede a anulação da eleição, bem como a convocação de novas eleições com a presença de observadores da direção nacional do Partido dos Trabalhadores.
Foram denunciados fatos como a atuação de prefeitos de partidos de oposição, contrários ao PT, como o DEM, PSDB, PPS, que agiram diretamente
abordando delegados da chapa, fazendo pressão sobre pessoas que tinham cargos a votar no oponente.
Por 128 a 122, o atual presidente do PT, João Coser, foi reeleito para comandar o partido no Estado. A votação foi secreta e o grupo do deputado federal Givaldo Vieira tinha maioria dos delegados. Coser, na primeira votação, saiu em terceiro lugar, depois da recontagem dos votos pela Nacional do Partido.
Ele ficou com 53 delegados para o Congresso e se aliou ao deputado estadual Nunes, que elegeu 71 delegados. Somados os votos de Coser e Nunes, a aliança teria ficado com 124 delegados, um a mais que a chapa de Givaldo, que elegeu 123 delegados. Givaldo, porém, ganhou o apoio do grupo minoritário do partido, ligado à corrente “O Trabalho”. Esse apoio renderia a Givaldo mais três delegados para o Congresso. A expectativa era de que Givaldo vencesse Coser por uma diferença de dois votos, mas surpreendentemente Coser abriu seis votos sobre o adversário da chapa Pra Voltar a Sonhar.
Além da polêmica eleição, o partido também decidiu, no Congresso Estadual, deixar o governo Paulo Hartung, assim como todas as administrações municipais de partidos que apoiaram o impeachment da então presidente Dilma. Uma decisão da nacional ratifica a decisão tomada no Congresso Estadual. Por unanimidade, a Executiva Nacional determinou que a resolução seja cumprida imediatamente.
Após a vitória, João Coser afirmou que o partido cumpriria a resolução, mas isso pareceu uma ação que ainda demoraria. Ele disse que seria criada uma comissão para discutir o assunto. Coser garantiu que um dos primeiros atos de sua nova gestão à frente do partido seria formar uma comissão para tratar da saída do partido do governo do Estado e dos municípios, o que deveria se concretizar entre junho e julho.
O partido tem como principal representante no governo Paulo Hartung o secretario de Trabalho e Assistência Social, o ex-prefeito de Cachoeiro de Itapemirim, Carlos Casteglione, além de outros 20 membros do partido que mantêm cargos no governo do Estado. A resolução determina também que o partido deixe a base do governo na Assembleia. Hoje o PT tem dois deputados na base do governo: Nunes e Padre Honório.