Segunda, 20 Mai 2024

???Nós vamos para estas eleições já pensando em 2016???

???Nós vamos para estas eleições já pensando em 2016???

Renata Oliveira, Rogério Medeiros e Nerter Samora

Fotos: Gustavo Louzada/Porã






Em setembro do ano passado, o deputado federal Carlos Mannato deixou o seu passado no PDT para se juntar ao recém-criado Solidariedade (SDD). No Espírito Santo, o novo partido nasceu com 70 vereadores, uma prefeita [Amanda Quinta, de Presidente Kennedy], dois vice-prefeitos, além de diretórios municipais em 60 das 78 cidades capixabas. Principal organizador da sigla em nível estadual, o médico Mannato planeja voos mais altos nas eleições deste ano.



O partido conta com 34 pré-candidatos a deputado estadual e cinco pré-candidatos a deputado federal. Pelas contas do Mannato, a meta é eleger pelo menos três postulantes à Assembleia Legislativa e até dois na Câmara dos Deputados.



Nesta entrevista concedida a Século Diário, o deputado federal revisita os motivos que o fizeram migrar de sigla, assim como as contas que o partido faz para o pleito deste ano. Mannato conta ainda sobre a relação com o governador Renato Casagrande, ao qual foi o primeiro a lançar apoio à reeleição, e com o prefeito da Serra, Audifax Barcelos (PSB), com quem vai caminhar junto nas próximas eleições.





- Século Diário: Você que é um homem de chegada, vai fazer mais uma nestas eleições?



Carlos Mannato: Nós estamos trabalhando para isso. Tem três anos que trabalho normalmente, sempre andei muito, participei na eleição de diversos prefeitos e vereadores, trabalhamos muito em Brasília e aqui. Por isso, estou otimista. Fazemos um mandado com respeito e dignidade e estamos na expectativa do reconhecimento desse trabalho.



- Você mudou de partido [para o recém-criado Solidariedade], o que isso muda diante do eleitorado que viu você no PDT esse período todo?



- Essas pessoas que me acompanham, votam em mim, algumas lideranças políticas, sempre quiseram que eu saísse do PDT. O eleitor sempre me cobrou isso porque elas sempre notaram que nunca tive espaço dentro do PDT. Elas viram que sempre fui preterido, desde a primeira vez, quando Audifax Barcellos [então pedetista, hoje socialista] foi o candidato à Prefeitura da Serra e estava bem posicionado, só que cumpri o acordo que tinha com o Sérgio Vidigal [presidente regional da sigla] de que apoiaria o candidato. Como sempre fui leal, fui o primeiro a lançar a candidatura de Audifax, sorrindo. Porque acordo é para ser cumprido. Tinha ainda um compromisso em 2006 comigo e não foi cumprido. Teve outro em 2010 e também não foi. Eu tinha oito anos em Brasília e estava com vontade de ficar perto da minha família e cumprir o meu lado Executivo [Mannato foi diretor do Hospital Metropolitano e Dório Silva], mas fui vetado. Não tive apoio na minha candidatura a vice-governador na gestão de Casagrande. A última foi a intervenção no diretório de Vitória, que era o único que eu tinha.



Então acabou um ciclo e, como acabou, eu tive que procurar um novo ciclo, no qual pudesse participar do comando. Foi quando surgiu a oportunidade do Solidariedade, com perfil trabalhista, novo. Tenho uma grande amizade com o deputado federal Paulinho da Força [presidente nacional do SDD], daí eu vi a oportunidade de exercer o meu lado partidário que, por sinal, é muito difícil. Formar partido é uma coisa muito difícil. É um jogo de interesses, as pessoas têm interesses. Você deve dizer a pessoas amigas que elas não são interessantes ao partido naquele momento. Ficam com raiva de você, então é preciso saber diferenciar. As pessoas que vieram para o SDD, vieram pela minha palavra, diziam ‘Mannato é cumpridor de palavra’. Então formamos um partido com 34 pré-candidatos a deputado estadual e cinco para deputado federal. Estamos nos posicionando bem para essa eleição, o que nos dá otimismo. Nós vamos fazer estas eleições, já pensando em 2016.



- Com os cálculos que você faz hoje, com quantos partidos vocês vão jogar, já que o SDD é cabeça?



- Nós começamos a formalizar um grupo junto com o Pros [também recém-criado], PTB, PPS e PSD. Na próxima reunião, do dia 24, convidamos o PV, PEN e PMN para ver o que decidimos. Se eles quiserem e tiverem um candidato a deputado federal, estamos aberto ao diálogo. Nós queremos atrair mais partido porque vocês sabem que chapa para federal é complicado. Mas vamos tentar fazer dois deputados com esse bloco, se o PV entrar, podemos fazer até três. Mas o objetivo é fortalecer essa coligação para fazer até seis deputados estaduais, em duas pernas.



- O PPS está fechado?



- Todos os cinco estão fechados.



- Então você tem um espaço maior em Vitória...

- Está claro que o candidato da administração [do prefeito Luciano Rezende, do PPS] é o vereador Fabrício Gandini [atual presidente da Câmara]. Nós somos aliados do prefeito e a conversa é de “quem é aliado é aliado”, e não se mexe com aliado. Como nos somos aliados, achamos que vamos ter o nosso espaço, que estamos conquistando. Na Capital, o SDD tem os vereadores Luizinho Coutinho e Neuzinha de Oliveira. Todos os dois são pré-candidatos a deputado estadual. Acreditamos que temos uma chance de penetrar no eleitorado da Capital, onde estou trabalhando e tem um eleitorado que é formador de opinião. Nós acreditamos que temos um espaço, pequeno, mas temos...



- O Luizinho é sempre uma surpresa, ninguém acredita nele, mas ele vai lá e fecha, podemos dizer até que é um “Mannato de Vitória”. Ele é um candidato para até 15 mil votos...



- Se ele tiver 15 mil votos, já pode comprar o terno. A chapa do SDD é muito boa, com chance real de fazer dois sozinhos. Estamos calculando que com 11 mil votos leva o terno. Tem pessoas com esse potencial. A pessoa que se falava no mercado político que iria ter mais votos era a Raquel Lessa [ex-prefeita de São de Gabriel da Palha, região noroeste do Estado], que está migrando para federal. Então a chance das pessoas ficou iguais. Esse grupo está muito animado porque as perspectivas melhoraram. O Luizinho, em específico, é muito trabalhador. Ele está andando o Estado todo, se fortalecendo.



 - Você está fazendo o cálculo de 11 mil votos, mas tem um partido que está vindo quente, que é o PSB, do governador Renato Casagrande...



- Nós temos que coligar com eles na estadual. Mas podemos fazer perna diferente em relação ao PSB, podemos ir com o Pros para deputado estadual. Até com o PTB, se o deputado José Carlos Elias tiver uma chapa com 70 mil votos – o que elegeria um – e quiser se coligar. Nós temos que avaliar, essa conta vai ser feita lá na frente. Elias está numa conta em aberto, mas como Linhares tem muito candidatos a deputado federal, acredito que ele possa sair para estadual, mas não abriu para nós.



- Está no mercado políticos que esse partidos do seu grupo fazem apenas um deputado federal, vocês fazem meio para o segundo, dependendo do que o Gandini vai produzir em Vitória...



- Nós estamos trabalhando para levar mais pessoas para a candidatura de federal, como a Raquel Lessa, que leva um quantitativo interessante. Tem todo o trabalho dos partidos para buscar candidatos a mais para federal em busca dessa quantitativo. Mas tem muita água para rolar...



- E na Serra, que sempre rendeu votos para você, umas vezes mais outras menos, quem o SDD tem?



- Nós temos cinco vereadores, eu fui aliado de primeira hora do prefeito Audifax. Fui o primeiro político com mandato a dizer que estava com ele, nós fechamos isso no dia 2 de fevereiro de 2011. O prefeito tem um compromisso com Mannato e Vandinho Leite [deputado estadual licenciado e atual secretário estadual de Esportes, do PSB]. Logicamente que tem outras pessoas, mas ele tem esse compromisso conosco. Mas acredito que com o SDD e as novas lideranças, vamos ter um crescimento. Eu já fui ao fundo do poço, tive quase 18% dos votos da Serra e na ultima tive 3,5%. Não tem chance de ter 3,5% novamente, acabou. Me tiraram todas as lideranças, até o cachorro que tinha simpatia por mim, levaram embora. Estou conquistado isso de novo, tenho lideranças, a administração, ordem de serviço, palanque duas vezes por semana para dizer o que estou levando para o município, estou mais presente porque vejo chances de crescer. A sede estadual do SDD fica na Serra, por sinal, é a maior sede de partido no Espírito Santo. Estou trabalhando fora e dentro da Serra.



- Vamos colocar a realidade da Serra, há um confronto entre Vidigal e Audifax. O ex-prefeito é candidato a deputado federal, se ele “explodir” nas urnas, o Audifax está frito. O que se imagina, não é o que se ouve, é o prefeito fechar em um nome...



- Essa estratégia foi feita pelo Vidigal e deu errado. Ela polarizou Vidigal com Sueli [Vidigal, deputada federal e mulher do ex-prefeito] contra Audifax, mas a rejeição dela era muito grande. Ele não deu uma alternativa ao eleitor e lideranças, como por exemplo, Sueli ou Mannato. Era Sueli e Sueli. O Audifax não pode cometer esse erro, porque quem não gostar do Vandinho ou da administração dele, vai acabar votando em Vidigal. Então é preferível levar dois nomes, já que é uma disputa entre dois grupos. O grupo de Vidigal só tem ele, enquanto o grupo de Audifax tem Mannato e Vandinho. Se nos dois tivermos mais votos que o ex-prefeito, é melhor.



- Mas para que isso aconteça , preciso que o Audifax faça uma boa gestão...

- Com certeza, mas estamos trabalhando para isso. Se você olhar a Grande Vitória, ele tem a gestão mais bem avaliada. Todo mundo passou muita dificuldade nesse primeiro ano e ele se saiu bem.



- Você tem que considerar que há um duelo marcado entre os dois...



- Ninguém tem dúvida que o Vidigal tem o seu espaço. Não tenho dúvida do voto dele, mas não podemos nos preocupar com o voto do grupo dele. Temos que nos preocupar com os votos do nosso grupo. Ajudando o Audifax a fazer uma grande administração, com recursos federais, estaduais e próprios. Já foram dada ordens de serviço em 13 creches federais e uma praça federal, desassoreamento do rio Jacaraípe. Já o governo estadual garantiu as obras do contorno de Jacaraípe, 15 campos "Bom de Bola", seis praças saudáveis, a revitalização da região de Laranjeiras, do Civit. São muitos recursos do governo do Estado. Então todos estão trabalhando para o sucesso da administração do Audifax. O sucesso da administração é o nosso sucesso na urna em 2014. Temos que polarizar um grupo contra o outro, senão será um suicídio de grupo. Temos que levar a solução para o eleitor. Até julho estamos canalizando todos os recursos para ele fazer uma grande administração, conversar com o governador a cada dia mais, conversar com o governo federal.



- Foi isso que fez você apoiar a reeleição do governador logo no início?



- O que me fez apoiar é uma questão de espaço. É uma questão de reciprocidade. Eu não posso usufruir da máquina, como tenho espaço quando quero para viajar na comitiva, para levar os meus prefeitos para ser atendidos, e na hora em que ele precisar do meu partido, eu olhar o Mannato e esquecer disso. Não sou ingrato, a gratidão é a memória do coração. Como o governador tem respeito comigo, consideração ao meu partido, tenho que retribuir isso. Penso com um pensamento diferente na política.



- Você também está numa coligação que tem o PPS, que está ligado a ele...



- Tem isso também. Soma-se ainda que um dos meus amigos, o prefeito da Serra, também é do PSB. Você está entendendo? Um prefeito que, além da relação política, tem uma relação pessoal. Como vou chegar e falar para ele que não vou ficar com o seu candidato a governador? Então essa conta não bate. Não tenho projeto pessoal, tenho projeto de grupo, mas ele também tem que me querer. Sempre quis fazer parte de um grupo, mas era tratado como o “rabo da tainha”.



- Quer dizer que a jornada do PDT foi difícil?



- A jornada do PDT teve seus méritos, mas foi uma questão de espaço. Sempre tivemos boa coligação, mas tudo bem. Outros tiveram boas coligações e não ganharam a eleição. Quer um exemplo, Márcia Lamas [ex-secretária de Educação na gestão de Vidigal], que teve a máquina e coligação, mas não ganhou. Em 2010, Nilton Baiano [deputado estadual filiado ao PP, que assumiu a suplência de Vandinho] teve uma coligação excelente, mas não ganhou a eleição. Então não depende apenas da coligação. Ela é importantíssima, mas se você não botar voto na rua, já era.



- Mas você pode cair em um jogo complicado. Se o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) for candidato, como fica o prefeito Audifax, que foi secretário no governo dele e transita com Renato?



- Essa pergunta ele deve responder, fica difícil responder pelos outros. Tenho o maior respeito pelo ex-governador, inclusive fiz homenagem a ele na Câmara dos Deputados em 2011, quando saiu do governo, com a comenda do Mérito Legislativo, pelo que ele fez pelo Espírito Santo. É legitimo se ele quiser ser candidato, como é legitimo o Magno Malta [senador, PR] ser candidato. Mas eu sou Renato Casagrande, porque tenho um compromisso. Não é que ele tenha me pedido ainda, mas o meu coração fala isso. Ele sabe que estou usufruindo. O ex-governador fez uma excelente gestão, mas na comitiva dele não tinha espaço para mim, nunca teve. Era outro grupo. Sempre foi muito difícil a minha relação, que sempre foi de respeito.

- E como você está vendo Estado afora a gestão de Casagrande?



- É uma aceitação muita grande, impressionante. Ele está muito bem, como projetos muito bem recebidos, como a instalação de telefonia celular e internet 3G no interior. Você vai numa ordem de serviço de R$ 6 milhões para construir uma estrada, tem 200 pessoas. Você vai numa ordem de serviço da telefonia, que gasta R$ 300 mil, tem 400 pessoas. Então você vê que as pessoas estão muito empolgadas. Eu fui o primeiro a fazer essa conta para ele, o governador está entregando 1,3 a 1,4 equipamentos rurais por dia, já foram entregues mais de 1.500 equipamentos desde o início do governo. Então os prefeitos estão muito satisfeitos com ele, todo município tem patrol, máquina escavadora, pá carregadora e está chegando mais. Com isso, os prefeitos e o homem do campo estão satisfeitos. Tem a energia trifásica ainda. Todas essas coisas estão posicionando ele muito bem no interior do Estado.

- Voltando para a eleição de deputado federal, estamos vendo que os grandes partidos que não tem corpo, só tem bons candidatos, estão se unindo. Então a tendência é você ter uma chapa com PMDB, PT e PDT. Se você brincar com eles, essa coligação faz pelo menos cinco...



- Só aí já morreram três [atuais deputados]. Se eles fizeram cinco, já que eles vão ter que fazer 900 mil votos, então um pelo outro vão ter que fazer 50 mil, levando em conta os vinte [candidatos dentro da cada coligação], mas eles não têm vinte. Então neste grupo, três já dançaram, porque tem oito, nove dos potenciáveis. Caso o nosso grupo se fortaleça com candidato que faz dois, eles perdem mais um. Com o PV, faz dois, e sobra um para rodar com o PSDB ou outro. Então, a matemática é uma ciência exata e político faz conta a toda hora.



Agora, e o DEM?



- O DEM é uma incógnita, não se sabe se o Theodorico Ferraço [atual presidente da Assembleia Legislativa] vem para estadual ou federal, se o partido vai puxar alguém para federal...se fechar com o PSDB consolida um...



- Você tem esse rapaz que virou prefeito de Vila Velha [Rodney Miranda] e viu que uma coisa é ser secretário de Segurança Pública e outra é administrar o município. Ele entrou achando que iria fazer isso e aquilo, mas do jeito que está... qual é a expectativa do Ferraço, que achou que iria ser candidato do Rodney...



- Para essa eleição, vai ter que trabalhar muito. O DEM está conversando muito com o governador.



- Mas isso é recado de Paulo Hartung, porque ele colocou o Bragato [Neivaldo, ex-secretário de governo na gestão do peemedebista, que saiu recentemente do comando da Cesan no atual governo]? Porque na eleição de 2014 já passou, agora é 2018. Ele está trabalhando para ser vice de Casagrande...



- Aí a conta fecha (risos). O PT com Senado, o DEM na vice, e Hartung para deputado federal!

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