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Ricardo Ferraço é mais um que se agrupa à tropa de Hartung

Em fevereiro deste ano, Ricardo Ferraço precipitou uma crise com o ex-governador Paulo Hartung ao anunciar que estava fora da corrida ao Palácio Anchieta e que apoiaria a reeleição de Renato Casagrande (PSB) ao governo. O senador, incomodado com a movimentação do ex-governador Paulo Hartung, que ensaiava furar a fila e entrar na disputa, surpreendeu o mercado político com a decisão que marcava o rompimento entre as duas principais lideranças políticas do PMDB no Estado.
 
Naquela altura dos acontecimentos, os peemedebistas também se mostravam reticentes à entrada de Hartung no páreo. Alguns mais veladamente, outros de forma mais escancarada, como o deputado Marcelo Santos, defendiam a manutenção da unanimidade a qualquer custo. Queriam uma chapa harmônica, com Casagrande ao governo e Hartung concorrendo ao Senado. 
 
Casagrande, que não tinha nada a ver com isso, recebeu com entusiasmo o apoio do senador. O socialista continuava sonhando em ter Hartung ao seu lado e não como adversário. O ex-governador Gerson Camata também fortaleceu a reedição da unanimidade nas eleições 2014. Camata, histórico do PMDB, defendia o arranjo como a solução mais prudente para enfrentar os desafios econômicos do Espírito Santo nos próximos anos. 
 
Casagrande, que até a última hora fez de tudo para manter a unanimidade, ao perceber que a candidatura de Hartung era irreversível, passou a tratar o apoio do senador como um trunfo. Afinal de contas, a principal liderança do PMDB com mandato estava no seu palanque. Um reforço e tanto.
 
Na lógica do raciocínio do socialista, a entrada de Hartung no páreo embaralhava as senhas da sucessão ao Palácio Anchieta em 2018. De outro lado, a reeleição de Casagrande asseguraria a senha número um a Ricardo, que inverteria a posição com o governador em 2018. Por esse enquadramento, o apoio de Ricardo parecia até natural.
 
Apesar da ameaça da candidatura de Hartung, as coisas caminhavam bem. A ausência de Ricardo Ferraço na convenção do PMDB, que confirmou a candidatura de Hartung ao governo, foi interpretada por Casagrande como um sinal positivo. Ele acreditava que o senador permaneceria na sua trincheira. Mesmo depois das convenções, o governador entendeu o afastamento de Ricardo dos acontecimentos políticos do Estado como um mergulho estratégico para evitar constrangimento ao palanque do seu “ex-mentor” político. 
 
Mas as esperanças de Casagrande foram por terra após Ricardo anunciar nessa quarta-feira (16) que será o coordenador da campanha do presidenciável tucano Aécio Neves no Estado. A “repentina” mudança de posição de Ricardo comprova que os integrantes do núcleo duro de Hartung acabam se rendendo ao toque mais forte da corneta do líder convocando seus comandados para o reagrupamento da tropa. A exemplo de Ricardo, outros soldados que estavam espalhados por aí sem uniforme hartunguete ou mesmo como “infiltrados” dentro do governo já estão respondendo ao chamado do “general” para o reagrupamento. Prenúncio de que a guerra começou.
 
Casagrande ainda deve estar aturdido com a perda de Ricardo. O socialista começa a entender que está no ringue frente a frente com Hartung. Nas regras do adversário, os golpes abaixo da linha de cintura são comuns. É prudente ter atenção redobrada para não ser nocauteado antes do décimo quinto assalto, marcado para o dia 5 de outubro.

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