Sábado, 20 Abril 2024

Himaba: pais reclamam de paralisação no tratamento especializado de ortopedia

Himaba: pais reclamam de paralisação no tratamento especializado de ortopedia

Mais um capítulo para a situação do Hospital de Vila Velha, o Himaba, no atendimento ortopédico. Pais reclamam que os ortopedistas que faziam o acompanhamento de seus filhos há anos não estão mais na equipe do hospital, causando a interrupção do tratamento. Com a mudança realizada pela Organização Social IGH, novos profissionais não são, por exemplo, especializados em cirurgia. 


Denize Pereira Ferreira é mãe de Bernardo Samuel Pereira Lucas, de apenas quatro anos, que nasceu com os dois pés tortos, problema diagnosticado aos cinco meses de gravidez. Desde os sete meses de nascido, a criança era atendida por um ortopedista do Himaba, especialista em pediatria e também em cirurgia pediátrica. Desde então, de 15 em 15 dias, Bernardo era consultado pelo mesmo médico, tendo passado por duas cirurgias.  


Segundo a mãe, a primeira cirurgia foi realizada em abril de 2016 para soltura dos tendões dos dois pés. Mais recentemente, nova intervenção cirúrgica em que foram colocados fios e pinos no pé esquerdo. A previsão era retirar os materiais do pé esquerdo e iniciar a intervenção no pé direito, o que foi paralisado.



"Fomos informados primeiro que os médicos tinham paralisado o atendimento e, depois, que um novo médico iria fazer o atendimento para conhecer cada criança e indicar o tratamento mais adequado. Marcaram um retorno para o dia 21 de setembro, mas não estamos colocando muita fé de que realmente vai ocorrer”, explicou Denize. 


O Sindicato dos Trabalhadores em Saúde no Espírito Santo (Sindsaúde-ES) já havia denunciado problemas no atendimento de ortopedia infantil do Himaba. Segundo a entidade, após o movimento de paralisação realizado pela Cooperativa dos Ortopedistas - causado pela falta de pagamento - houve mudança no quadro desses profissionais, deixando a unidade com número insuficiente de médicos da área e que sejam especialistas no atendimento de crianças.


“A falta de ortopedista especializado na área infantil causa prejuízo para os pacientes em tratamento e também para aquelas crianças que vierem a necessitar de atendimento no Himaba”, explicou o diretor de Comunicação do Sindsaúde-ES, Valdecir Nascimento.


Valdecir recordou ainda que o mesmo ocorreu com parte dos técnicos em imobilização que atuavam no hospital, que foram transferidos para outras unidades.


Transferências de servidores 



Em relação às transferências de servidores estatutários do Himaba para outras unidades hospitalares, o Sindsaúde-ES encaminhou denúncia que considera grave, pois há reclamações da categoria e fortes indícios de que muitos desses trabalhadores foram enganados durante o processo.




“É que no contrato de entrega do Himaba para o Instituto de Gestão e Humanização (IGH), há uma cláusula que estabelece critérios que devem ser seguidos antes de colocar um servidor estatutário à disposição, então, para que não fosse caracterizada quebra de regra no contrato, o IGH iniciou alguns processos de transferência de forma verbal, com a ajuda do Neap [Núcleo Especial de Administração de Pessoal] e da representação do RH [Recursos Humanos] da Secretaria de Estado da Saúde [Sesa]”, esclarece Cynara Azevedo, da Secretaria de Condições de Trabalho do Sindsaúde-ES.

 


Cynara continua: “E o pior, as transferências, por iniciarem de forma verbal, não tinham justificativa técnica e foram feitas sem de planejamento, com muitos trabalhadores indo para unidades onde não havia demanda. Os papeis assinados pelos trabalhadores davam a entender que eles estavam sendo transferidos por iniciativa própria”.

 


A liderança sindical aponta que o objetivo do IGH era simplesmente esvaziar o Himaba, para que o hospital tivesse um quadro cada vez mais reduzido de servidores estatutários. “Os novos contratados são em geral recém-formados ou sem experiência no atendimento de pacientes infantis. A questão que fica é, qual o interesse do Neap e do RH/Sesa em contribuir com o IGH neste processo? Eles não levaram em conta a vida dos pacientes ao precarizar o atendimento?”, conclui Cynara.

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