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Morte do professor da Ufes Valdenir Belinelo permanece sem respostas há mais de 600 dias

O assassinato do professor da Universidade Federal do Estado (Ufes), Valdenir Belinelo, completou um ano oito meses nessa quinta-feira (21), sem nenhuma informação sobre o andamento das investigações ou se há denúncia de indiciados pelo crime. 
 
Século Diário entrou em contato com o delegado presidente do inquérito, Fabrício Lucindo Lima, do Departamento de Polícia Judiciária de Linhares, no norte do Estado, que informou que a demanda teria de passar pela assessoria de imprensa. O contato foi feito e a resposta foi que o processo corre em sigilo e nenhuma informação poderia ser dada. Isso aconteceu em outubro deste ano. 
 
Já em novembro, a reportagem entrou em contato, via e-mail, diretamente com a equipe do delegado-chefe de Polícia Civil, Joel Lyrio, com questionamentos sobre o andamento do crime, mas também não houve retorno. 
 
A falta de informações sobre a fase em que o inquérito se encontra e os suspeitos de terem cometido o crime e a motivação do assassinato alimentam ainda mais as especulações, principalmente no município de São Mateus (norte do Estado), onde o professor atuava, cedido para o Estado, como diretor do hospital Roberto Arnizaut Silvares. 
 
O homicídio ocorreu em 21 de março de 2012, no distrito de Rio Quartel, em Linhares, no norte do Estado, onde o professor foi assassinado a facadas. Inicialmente, duas linhas de investigação foram vislumbradas: crime passional ou de mando, já que o professor estaria investigando irregularidades no hospital referentes a contratos de fornecimento de medicamentos e, inclusive, já teria suspendido alguns desses contratos.   
 
As informações sobre a morte do professor estão no roteiro percorrido por ele no dia do crime. Durante todo o dia Belinelo esteve em Vitória, onde passou por reuniões com o deputado estadual José Carlos Elias (PTB) e com o secretário de Estado de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação, Educação Profissional e Trabalho, Jadir José Péla. Com o secretário, a reunião teve o objetivo de debater a aquisição de equipamentos mais modernos para o hospital. Todas as reuniões daquele dia transcorreram sem quaisquer anormalidades. 
 
Após a reunião, o professor informou ao deputado que iria ao Shopping Vitória fazer um lanche e depois seguiria para São Mateus. Elias ainda tentou demover o professor da ideia de voltar ao norte do Estado, por conta do horário e porque ele havia tido um dia atribulado em Vitória. Ainda assim, Belinelo insistiu em voltar para São Mateus. 
 
Toda a passagem do professor pela Assembleia e pelo shopping foi captada pelos circuitos de videomonitoramento dos locais, cujas imagens foram recolhidas para análise pelo superintendente de Polícia do Interior, sobre chefia do delegado Danilo Bahiense. 
 
Já na estrada, o professor – que estaria com outro passageiro no carro – fez uma parada em uma lanchonete no município de Aracruz (norte do Estado), no que acredita-se tratar de uma emboscada, já que, quilômetros depois, em um local ermo, ele foi assassinato. A lanchonete, muito conhecida pelas pessoas que trafegam pela BR-101 norte, também tem circuito de videomonitoramento e as imagens foram recolhidas. 
 
Do inquérito, no entanto, nada se conhece. O delegado que presidiu as investigações, Fabrício Lucindo, não se pronunciou sobre o andamento das investigações. A motivação e autoria do assassinato do professor permanecem um mistério, já que, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), o processo corre em sigilo. A polícia não revela informações sobre o andamento das investigações, possíveis indiciados ou denunciados pelo crime.
 
Corre à boca miúda na cidade de são Mateus que esses contratos pertenciam ao deputado Eustáquio de Freitas (PSB), que é ligado ao setor farmacêutico, e que Belinelo, ao assumir a direção do hospital, teria posto fim à interferência de Freitas na instituição. As indicações dos diretores do Roberto Silvares, antes de Belinelo, sempre passaram pelo crivo do deputado. O deputado estaria solicitando à atual diretora do hospital Roberto Silvares declaração que ateste que ele nunca negociou com o estabelecimento.  
 
O que causa estranheza e alimenta os boatos é justamente a atitude da Polícia Civil de não revelar qualquer andamento do processo e delongar por mais de 600 dias as investigações.    

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