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2014 chamando

O ano 2014 começa a mostrar a cara. Cara amarrada. Outro dia o colunista econômico Luis Nassif disse que nos próximos dois anos a economia vai ficar andando de lado. É uma metáfora especialmente compreensível para os capixabas, que conhecem de sobra as manhas dos caranguejos.
 
Não precisamos nem consultar os astros para saber que, na economia, teremos a continuidade do chove-não-molha do governo Dilma (que não tem culpa dos reveses, reconheçamos: o buraco administrativo do Brasil é muito antigo).
 
O fato é que começa a faltar dinheiro para sustentar todos os programas oficiais de investimentos. Para tapar essa lacuna, o Tesouro Nacional vai dar R$ 24 bilhões para o BNDES garantir o Programa de Sustentação dos Investimentos.
 
Em compensação, o governo “cancelou” a notícia mais promissora do ano – a renegociação das dívidas dos estados e dos municípios com a União, credora de R$ 468 bilhões negociados há 15 anos, na gestão do ministro Pedro Malan, que só não “comprou” os bancos públicos de quatro estados, entre eles o Banestes.
 
O endividamento dos estados (400 bi) e municípios (68 bi) é desalentador  porque os devedores vêm pagando de 8% a 13% das suas receitas e cada vez devem mais. Além de ser dívidas insustentáveis, os estados e municípios ficam sem recursos para investir. Vai tudo para a União, que precisa apertar o cinto. Por isso 2014 não vai ser mole.  
 
O que fazer? Mudar de país? Mudar de partido? Nada disso, precisamos tomar consciência do quanto somos frágeis e vulneráveis. Se na economia começa um pega-pra-capar, na política abre-se o valetudo eleitoral com foco na eleição presidencial.
 
Por fim, no meio ambiente, onde deságua todo o miserê da economia e da política, continuaremos a ver lixo sendo jogado pra todo lado, especialmente pra baixo dos tapetes, pois não é que os poluidores estão se sentindo mais ou menos anistiados pela crise econômica de 2008?
 
A sustentabilidade ambiental foi incorporada aos discursos marqueteiros, mas o meio ambiente fica em segundo plano ou vai para o último lugar quando o equilíbrio econômico é ameaçado.  
 
Ponhamos tudo no liquidificador e não tenhamos dúvida, 2014 será um ano de muita bronca, amenizada em junho/julho por um clima de festa & guerra graças à Copa do Mundo.
 
Todas essas coisas andam naturalmente entrelaçadas e só as separamos para facilitar a apresentação: é impossível dissociar economia, meio ambiente e política. Tudo se mistura numa grande simbiose criada pela dialética do poder, mas que fique claro: quem sustenta o carro é a economia, quem o dirige é a política e quem paga a conta é o meio ambiente. Assim tem sido.
 
Nesse contexto, o esporte configura uma representação amenizada dos conflitos existentes. Por isso ganhar a Copa ou nela fazer uma boa figura é importante para quem tem muitos passivos ambientais e econômicos a administrar.
 
No futebol, já sabemos, o Brasil não se contenta com menos do que a Copa, mas bom seria se nossas prioridades fossem outras: ser campeão da sustentabilidade ambiental, avançar na igualdade, fazer gol de placa na ética, na justiça, na segurança, na educação e na saúde.
 
Numa situação assim, o esporte seria puro congraçamento, lazer e diversão. Mas não, o futebol é a grande válvula de escape das pressões econômicas, sociais e políticas. Até quando?     
 
LEMBRETE DE OCASIÃO
 
“Estamos passando por um momento de vacas magras. Não podemos criar novas despesas nem reduzir a arrecadação”
 
Dilma Rousseff, presidenta do Brasil

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