Terça, 14 Mai 2024

Ainda resiste

Uma das maiores ferramentas para a manutenção do projeto de unanimidade durante o governo Paulo Hartung foi o controle das instituições do Estado. Assembleia Legislativa, Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas não ofereceram qualquer tipo de resistência para a garantia da governabilidade de Hartung em seus dois mandatos. Em alguns momentos, parte desse arranjo até serviu à estratégia maniqueísta do governo passado.



Com a eleição de Renato Casagrande, esse arranjo se enfraqueceu e as instituições ganharam um pouco mais de autonomia. Sem a caneta na mão, Hartung não conseguiu manter o controle sobre os parceiros nos poderes, até porque houve mudança nos comandos das instituições também.



Mas além das instituições oficiais do Estado, um outro elemento desse arranjo foi fundamental para a construção de um governo imagético muito forte no Estado. Parte da imprensa capixaba aderiu ao chamado discurso “chapa branca”, evitando problematizar a administração hartunguete.



Hartung deixou o governo em dezembro de 2010 e perdeu o controle das instituições, mas esse elo com parte da imprensa ainda resiste. Tanto que em meio a uma possível candidatura do ex-governador, a simples possibilidade de ele retornar ao governo, uma espécie de discurso preparatório começa a tomar conta do cenário.



As avaliações do governo Renato Casagrande, apontando para um recuo no investimento, nesse momento em que a discussão eleitoral do próximo ano foi antecipada, para os meios políticos, prejudica eleitoralmente o governador, passando a imagem de que o sucessor de Hartung não conseguiu manter o ritmo de crescimento do governo passado.



Mas, quando se coloca uma lupa sobre as políticas que realmente impactaram a população nos dois mandatos do governo Hartung e o os dois anos e meio do governo Casagrande, a condição administrativa não fica muito diferente, não. Hartung implementou uma política desenvolvimentista voltada para a elite econômica do Estado, mas apesar de vender a imagem de um Estado rico, as desigualdades sociais e o atendimento às políticas públicas de saúde, educação e, principalmente segurança, não avançaram. No governo Casagrande, apensar do compromisso anunciado com as pastas, também não houve uma diferença sensível até o momento.



O fato é que se o palanque de Hartung realmente for erguido pode haver uma divisão no grupo palaciano, já dá para perceber de que lado parte da imprensa vai ficar.



Fragmentos:



1 – Vai ficar difícil para a deputada federal Rose de Freitas mudar de partido. O caminho natural seria o PSDB, mas como seu desafeto Paulo Hartung também mantém o partido em seu campo de visão, o melhor seria Rose permanecer no PMDB.



2 – Se bem que se depender da base tucana, o ex-governador Paulo Hartung não teria espaço no partido. Seu apoio ao candidato tucano à prefeitura de Vitória Luiz Paulo Vellozo Lucas, que perdeu a disputa, ainda ecoa dentro do PSDB.



3 – Os constantes problemas com os serviços prestados pela Cesan no município de Vila Velha estão irritando a população do município. É melhor dar um jeito senão vai sobrar. Essa conversa pode trazer reflexos no próximo ano.

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