Por todos os séculos dos séculos, temos admirado grandes obras que nos legaram as gerações passadas, construídas nas precárias condições de antanho. Como as pontes construídas pelos antigos romanos, muitas ainda hoje suportando o caudal de grandes rios e o intenso tráfico moderno. Feitas de pedra e tendo o arco como estrutura básica, elas só foram superadas pela engenharia moderna no século XIX. Algumas feitas às pressas para dar passagem aos exércitos conquistadores estão ainda de pé.
Engenhosas obras de engenharia que exigiram cálculos exatos e complexos, como as pirâmides do Egito, onde talvez o formato piramidal fosse usado para facilitar um pouco o trabalho de erguê-las. A Grande Muralha da China, cuja construção teve início no século VII AC, tinha a extensão original de 21 mil quilômetros, subindo montanhas íngremes e transpondo vales profundos. Dizem que é a única obra humana que pode ser vista da lua, mas da lua nada feito pelo homem é visível a olho nu.
São obras grandiosas, maravilhas da criativa e ousada humana raça, tal e qual a simplória e não menos criativa escada nossa de todo dia, imprescindível mesmo nesses tempos de elevadores e escadas rolantes. Hoje em dia a divisão de um vão em um específico número de degraus é feita por um simples programa de computador. Pois bem sabemos, tem programas pra tudo nessa maquininha que dominou nossas vidas e mudou nossos hábitos. Até para achar casamento…
Mas ainda vemos muitas escadas por ai laboradas por pedreiros ignorantes, que pouco ou nada entendem dos complexos cálculos matemáticos que lhes dão o medimento perfeito. Por pior ou mais pobre que seja o local, só mesmo as escadas muito rústicas, talhadas na pedra ou na madeira, são tortas, com um degrau maior aqui e outro menor logo adiante… Feitas a mão ou por máquinas sofisticadas, as escadas que já subi ou desci são sempre dividas por degraus gentilmente iguais.
As primeiras escadas apareceram 6000 anos aC, talhadas em troncos de árvores. Foram criadas para superar desníveis de terreno em lugares e tempos onde a locomoção rápida fazia a diferença entre a vida e a morte. A escada levando ao topo da montanha sagrada Tai Shan, na China, talvez tenha sido a primeira com um propósito religioso, ao invés da utilidade prática. Talhada no granito, Confúcio subiu seus 7.200 degraus no ano 55 aC.
Eram feitas para ligar simbolicamente a terra com o céu, como também a Torre de Babel, a escada de Jacó, as escadas em pirâmides, e tantas outras. O Guinness lista a escada de serviço do trem funicular de Niesenbahn, na Suíça, como a mais longa do mundo, com 11.674 degraus. Haja fôlego! Usada apenas pelos funcionários, ela é aberta ao público uma vez por ano.
E tem a famosa Escada Penrose, que é um “objeto impossível”, onde a perspectiva distorcida dá a impressão de não ter fim nem começo – uma impossibilidade física, ou ilusão de ótica. Mas, pensando bem, todas as escadas não têm fim nem começo, nós é que decidimos se elas começam ou terminam.
