A barcaça para atravessar o governo Paulo Hartung (PMDB) está, de certa forma, vazia. Referência apenas àqueles que tendem a se comportar como independentes ao julgo dele. Nessas condições, com a devida cautela para não errar, se encontram a senadora Rose de Freitas (PMDB), o presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM), e o presidente das CPIs da Sonegação de Impostos e do Guincho, Enivaldo dos Anjos (PSD).
Nada, contudo, que represente muito perigo a PH. Além de serem poucos, os personagens sequer se ligam entre si.
Não estamos ignorando, nesse contexto, o ex-governador Renato Casagrande (PSB), pois ele já se comporta como opositor declarado do governador. Mas que tem um baixo poder de agregação. Só que ele é diferente dos três acima. Tem lastro eleitoral suficiente para enfrentar Hartung.
O problema do Renato está nos erros estratégicos, como deixar de disputar a Prefeitura de Vitória, com o capital da votação que recebeu na última eleição para o governo. Prefere apoiar a reeleição do prefeito Luciano Rezende (PPS), que passou grande parte da sua gestão seduzindo Paulo Hartung, além do risco da derrota.
Deixemos Casagrande de lado, para situar os que podem fazer os dois cavalheiros de cima (Ferração e Enivaldo) e a nossa esperta senadora Rose de Freitas (PMDB). Que estarão, com certeza, fora daqueles que se acham politicamente ameaçados pela borduna do governador.
Para senti-la, basta recorrer à Assembleia Legislativa, onde com raríssimas exceções, como o caso específico do deputado Sérgio Majeski (PSDB) e, naturalmente, Enivaldo dos Anjos, os demais sofrem do pânico PH. Pois sabem com que qualidade o governador dispara suspeitas. Enfrentá-lo é sempre uma partida meio vencida de antemão. Diante dessa realidade, Ferração, Enivaldo e Rose estão, a principio, imunes por conduta. Sabem jogar este jogo.
Ferração, com a auréola de ser o único sobrevivente da velha classe política dos anos 60, ainda do século passado. Ele é uma espécie de lobo solitário que nunca se aventurou a degustar manadas. A sua especialidade, como topo de cadeia alimentar da política capixaba, é o de perturbar os novos lobos, como fez com Casagrande e ensaia agora com PH.
Já o Enivaldo é rebelde por natureza, não tem a competência e a sagacidade do Ferração, entretanto, por essa rebeldia nele impregnada, dependendo das circunstâncias, é capaz de fazer um enfrentamento alheio ao cenário de risco que está aí, a exigir juízo de todo, pois, como diria Umberto Eco, o perigo se encontra nas conspirações falsas, abundantes na era PH. E nisso, o nosso governador constrói verdadeiras obras-primas.
Quanto a Rose de Freitas (PMDB), é quem demonstra maior capacidade na arte de sobreviver aos ataques de PH. O que acontece com ela desde quando PH ainda se encontrava querendo armar para chegar à Prefeitura de Vitória. E ela está aí, senadora da República. É, talvez, o grande modelo à invencibilidade de PH.
PENSAMENTO:
“O fascismo é mais um movimento reacionário do que um pensamento romântico”. Lowy e Sayre