Tempo de férias, verão no norte quase sempre frio, começo minha maratona anual de procurar passagens no emaranhado de voos que cruzam os céus, cada vez mais caros, cada vez mais restritos, cada vez com menores espaços, tanto para a pessoa física quanto para a indefectível bagagem que arrasta pelo mundo. Se soubéssemos viver apenas com o básico, as passagens seriam mais baratas? Já tem até empresa cobrando a refeição separada. Traga sua marmitex!
O destino é Vix. E para chegar tenho muitas opções – de aeroporto, de empresa aérea, da classe e do tipo de avião… No entanto, todas se anulam, que um valor mais alto se alevanta, qual seja, o preço da passagem. Quer dizer, posso aterrissar em várias cidades brasileiras, posso escolher entre as várias empresas cruzando os céus brasilis, posso escolher o tipo de avião, que tem os mais modernos e os menos, posso escolher entre as várias classes que eles oferecem…
Mas no frigir dos ovos, como diziam no tempo da Panair, só tenho uma opção: na data em que posso viajar, qual me oferece a passagem mais barata. Como sempre, a econômica, que de econômica nada tem, visto que os preços estão totalmente alienados da economia popular. Viaja quem pode, mas quem não pode vai também. Mal calculando, uma passagem ida e volta Miami/Vix em torno de R$ 2.500,00, são 140,00 reais por hora.
Pesquisando passagens, o acaso me brinda com um blog listando os 10 piores aeroportos do mundo. E advinha qual ganhou o desonroso primeiríssimo lugar? Pois é, o orgulho nacional, Guarulhos, São Paulo da ex-garoa e do ex-Adoniran Barbosa. Motivos listados: longas filas nos balcões de check-in; mudanças de portões sem avisar aos passageiros; restaurantes extorsivamente caros; poucos e mal educados atendentes. Além do mais, apenas 59% dos voos obedecem aos horários marcados, mas isso é norma nos nossos aeroportos.
Guarulhos está em boa companhia, pois o segundo pior lugar é do Midway, em Chicago, e o terceiro é o Kennedy, em Nova York. Atrás deles temos o de Paris e o de Londres, esse eleito o mais feio do mundo. Os chamados “grandes eventos esportivos” que tivemos e teremos a honra de hospedar, em vez de melhorar a situação, só piorou, e tenho ouvido histórias macabras de atrasos e escassez de alimentos nos nossos aeroportos. Vou levar a marmitex.
A campanha do governo, “Vamos fazer bonito” não está contendo os excessos, e nossa imagem internacional dificilmente vai ganhar a Copa. Enfim, temos que manter nossa fama de maus. Mas Deus é brasileiro, um segredo bem guardado no Brasil, e se ganharmos nos gramados, tudo vai dar certo. Estarei de volta às bases muito antes da bola começar a rolar nas novas e caríssimas arenas, totalmente alienadas da realidade nacional, mas mesmo longe estarei torcendo pra tudo dar certo.
