Na sessão dessa quarta-feira (22), no Senado, Magno Malta (PR) fez duras críticas ao ex-governador Paulo Hartung (PMDB) e ao governador Renato Casagrande (PSB), dando um aperitivo do que pode ser a disputa eleitoral ao governo do Estado em 2014, caso o republicano consolide seu projeto de concorrer ao Palácio Anchieta.
O senador do PR também já deixou claro que seu estoque de munição é farto e o calibre das armas assustador. Como não podia ser diferente, Magno começou atacando a vulnerável área de segurança pública, calcanhar de Aquiles do governo Casagrande.
Abandonada durante os dois mandatos do governo Hartung (2003 a 2010), Casagrande recebeu, sem reclamar, uma segurança em frangalhos. O espólio incluía: taxas de homicídios de guerra civil; segundo posição nacional no ranking geral de assassinatos; primeira no de mulheres e terceira no de jovens negros. Sem contar o efetivo da PM, que praticamente não teve reposição no governo passado. Para se ter uma ideia do caos, o número de policiais militares legado por Hartung a Casagrande era inferior ao que o Estado tinha 20 anos atrás.
Malta, que sabe onde o calo do governo aperta, lembrou que o Estado continua sendo um dos mais violentos do País. Fazendo ironia à política de incentivos fiscais criada por Hartung e mantida pelo atual governo, o senador quis dizer que o dinheiro renunciado pelo Estado para beneficiar o empresariado está justamente fazendo falta em áreas prioritárias, como a segurança.
E deu a deixa: “O Estado é segundo mais violento do País, mas também é o Estado dos incentivos. Precisa ser um Estado incentivador da segurança pública, incentivador dos mais simples, dos mais pobres”, cobrou.
Depois de mandar um recado para Casagrande, ao criticar a segurança, o republicano passou a assombrar o ex-governador Paulo Hartung ao retomar a polêmica do “posto fantasma” de Mimoso do Sul, que custou R$ 25 milhões aos cofres públicos, mas que não chegou a sair da fase de terraplanagem.
“São incentivos e incentivos de chegar ao ponto de o ex-governador construir um posto fiscal de R$ 25 milhões e lá não haver um grão de areia. E, quando a mídia mostrou aquilo lá, ele foi a público dizer: ‘Não, mas eu não sou ordenador de despesa’”.
A resposta dada, à época por Hartung, não escapou de mais uma ironia do senador: “Se o governador não é ordenador de despesa, quem é? É o vigia do Palácio? Quem é? O motorista que é o ordenador de despesas? Vejam aonde chegamos”.
O senador faz uma cobrança coerente. Ele alerta que a renúncia fiscal bilionária somada ao desperdício de dinheiro público – caso dos R$ 25 milhões enterrados no posto – minam recursos da segurança pública.
Poderíamos acrescentar à lista da segurança, saúde, educação, assistência social, mobilidade urbana e por aí vai.
O curioso dos disparos de Magno Malta é que esse discurso “feijão com arroz” é um tanto perturbador para Hartung e Casagrande, porque toca num ponto crucial, de uma maneira que o povão entende. Seria mais ou menos assim: “o Estado é hoje um dos mais violentos do País, mas abre mão de uma bilionária arrecadação fiscal e desperdiça dinheiro público com “posto fantasma” e deixa de investir na segurança e outras áreas prioritárias.
Isso faz o povão pensar na seguinte hipótese. E se Hartung tivesse investido com responsabilidade na segurança, educação, saúde, enfim, na rede que integra todos esses serviços e é capaz de diminuir o abismo social entre pobres e ricos? Será que nossos índices de homicídios seriam de guerra civil? Será que estaríamos liderando o ranking de homicídios de mulheres e sendo um dos primeiros no de jovens negros? Será que a população estaria vivendo atormentada, nesse constante estado de pânico, na expectativa do próximo crime?
Para registro: durante os oito anos do governo Hartung, mais de 14 mil pessoas foram assassinadas no Espírito Santo. Já pararam para calcular quantas vidas poderiam ter sido poupadas?