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Quando o projeto é maior que a Educação

Talvez o grande erro do governador Paulo Hartung (PMDB) tenha sido tornar o projeto Escola Viva maior que a Educação. Idealizado como um dos principais projetos eleitorais do governo, Hartung quis lançá-lo como um produto de marketing para reluzir como o maior projeto de educação que este Estado já viu. 
 
Não estava nos planos do governo, porém, que um deputado recém-chegado à Assembleia metesse o pé da porta e exigisse uma discussão mais detida sobre o Escola Viva. 
 
O governo se surpreendeu com autoridade do deputado Sérgio Majeski para discutir educação e com a rápida mobilização da comunidade escolar, que também se levantou contra o projeto, entendendo que a proposta merecia uma discussão mais profunda. É importante que se registre que Majeski e a comunidade escolar não desaprovam a escola em tempo integral, mas são contra a truculência com que o projeto foi imposto. Essa sempre foi o principal crítica ao governo.
 
Mesmo pressionado, o governo, com a ajuda da base aliada na Assembleia,  lançou mão de manobras que asseguraram a aprovação compulsória do projeto. O Escola Viva passou, mas perdeu seu brilho na trilha autoritária que o governo escolheu para impor o projeto à comunidade escolar. 
 
As manobras para impor o Escola Viva deixaram o seu principal gestor, o secretário Haroldo Rocha, numa posição bastante desconfortável. Todas as vezes que tentou defender o projeto – vamos usar o termo que o governador Paulo Hatung adora -, tropeçou nas próximas pernas. 
 
Haroldo achava que a fase de turbulência seria superada com o lançamento do projeto. Esforço não faltou. Haroldo e equipe fizeram de tudo para pôr logo o projeto na vitrine e começar a colher os louros. Mas faltava o principal: alunos. 
 
Num processo de listas de inscritos “fantasmas” e descaracterização da proposta inicial para preencher as 480 vagas, além de muito marketing promocional em rádios, jornais, internet e TV, a Secretaria da Educação conseguiu parte dos alunos para dar início ao núcleo piloto, que iniciou as aulas na última segunda-feira (3) no prédio onde funcionava o campus da Faesa, em São Pedro, Vitória. Aliás, a locação do prédio esbarrou na questão ética, já que o imóvel “encalhado” pertence a Alexandre Theodoro, que faz parte do Grupo de Trabalho “Educação em Tempo Integral” da ONG Espírito Santo em Ação, parceira do Escola Viva. 
 
Todo esse processo desgastante para implantar o Escola Viva confirmou que Haroldo Rocha tem um único objetivo à frente da Secretaria da Educação: transforma o Escola Viva num projeto de sucesso. Isso fica claro nas próprias declarações do secretário, que não consegue esconder que existe o Escola Viva e o “resto”. Ou alguém já se esqueceu da infeliz frase do secretário na semana de início das atividades do projeto? “Até então, o filho do pobre só tinha uma possibilidade: fazer a escola chata do meio expediente. Agora pode vir para Escola Viva”. 
 
Esta semana, tentando justificar o baixo aproveitamento das escolas estaduais no Enem 2014, Haroldo tornou a mostrar que só o Escola Viva pode “salvar a educação”. “Espero ver a Escola Viva de São Pedro ano que vem entre as 100 melhores do Estado”.
 
Para o secretário, o “resto” das escolas das redes, as mais de 500 “escolas chatas”, vão se virando como podem. Não importa que o Enem tenha apontado que das 276 escolas estaduais avaliadas, 248 foram “reprovadas”, ou seja, obtiveram nota abaixo da média geral nacional (511 pontos). Esse resultado significa que 90% das escolas não atingiram a média.
 
Mas Haroldo não pode perder tempo com os problemas da Educação. Afinal, ele foi convocado para fazer parte da equipe de Hartung com um único propósito: fazer o Escola Viva dar certo. Da Educação, alguém cuida depois. 

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